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sábado, 5 de março de 2016

Autobiografia na Música - Magnólia Blues Band - Capítulo 24 - Por Luiz Domingues

Quando o final de 2014 chegou, já tínhamos em mente uma nova estratégia para o projeto, e um primeiro teste foi realizado com sucesso na última edição desse ano que se findava, quando a noite fora dividida com a banda "Electric Pepper", e uma jam-session s misturar as bandas foi feita sob uma terceira entrada especial. Portanto, na prática, também não foi tão simples convidar e confirmar a presença de outras bandas, semanalmente, tanto quanto os convidados isolados, marca registrada do começo do projeto em 2014.
Portanto, para iniciar o ano de 2015, convidamos uma dupla super acostumada e tocar conosco, sendo que um deles, era um Kurandeiro em essência. Falo sobre Edu Dias e Nelson Ferraresso.  
Edu Dias era nosso velho conhecido. Já participante de edições anteriores, tanto como convidado formal, quanto de ocasião, Edu Dias era sempre bem-vindo e acrescentava bastante.  
No caso de Nelson Ferraresso, creio ser dispensável qualquer comentário. Tecladista de mão cheia e participante dos discos d'Os Kurandeiros, Ferraresso naturalmente abrilhantava o som, e a sua companhia era sempre agradabilíssima.  
"Going Down" com a Magnólia Blues Band + Nelson Ferraresso + Edu Dias.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ntlkKf5oskw
"Sleepwalker" com a Magnólia Blues Band + Nelson Ferraresso + Edu Dias

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=dKXc7sLLuz0
"Problemas" com a Magnólia Blues Band + Nelson Ferraresso + Edu Dias.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=TUHrrztQa2o

E assim começamos muito bem o ano de 2015, com essas duas feras como convidados especiais, mas na verdade, a se revelar uma apresentação para lá de familiar para nós, devido ao que já expus acima.
Aconteceu na noite de 7 de janeiro de 2015. No dia 14 de janeiro de 2015, semana subsequente, não tivemos convidados, e a noite seguiu normalmente com o quarteto clássico da Magnólia Blues Band: Kim Kehl, Carlinhos Machado, Alexandre Rioli e Luiz Domingues.
Mas na semana seguinte, o plano de convidar bandas logrou êxito, com a presença sensacional da banda: "Four Ol' Bones", liderada pelo vocalista, Adriano Segal, que já tinha sido convidado individualmente em 2014, e participado, como vocalista, na Quarta Blues.
"Sweet Home Chicago" com o Four Ol' Bones

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=cptU3gJxCwU
"Acapulco Gold"/"Mexico Lindo" com Four Ol' Bones + Fernanda Blandy

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8X2LMNF9cAI
"Trouble" com o Four Ol' Bones

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=9pkL8823r6A

Segal era (é) dono de um vozeirão, e costumava fazer performances como Elvis Presley cover pela noite paulistana. Com essa banda, não trabalhava essa faceta particularmente, pois a proposta era mais eclética e não focada apenas na apresentação temática do universo do "Rei do Rock".
Aliás, a banda, "Four Ol' Bones" mostrou-se sensacional, ao tocar Rocks e R'n'B, mas também por passear pelo Blues, Country-Rock, e baladas clássicas, principalmente da década de cinquenta, ao fazer assim uma apresentação muito boa. Apreciei muito.

A se destacar principalmente o guitarrista, Claudio "Moco", que revelou-se bastante técnico e com um swing incrível, e raro de se ver nos dias atuais entre guitarristas em geral. Uma cantora amiga de Segal estava na plateia e foi convidada a se apresentar com a banda dele. Ela cantou a versão do Joelho de Porco para: "Acapulco Golden": "Mexico Lindo".
A nossa apresentação também foi boa e animada pela ótima atmosfera gerada e assim como houvera acontecido quando Segal veio apresentar-se sozinho em 2014, um bom público oriundo de seu fã clube pessoal compareceu.
"Má Noite" com a Magnólia Blues Band

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=kUbQftrOloM 
"Rock me Baby" com a Magnólia Blues Band + Claudio "Moco"

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=iKiSb-NocAM

Ao final da noitada, mais uma vez misturamos as bandas e além do Claudio "Moco" ter tocado conosco, Cris Stuani apareceu, e atuou também.
Noite muito boa de verão, com um bom público presente no Magnólia Villa Bar, aconteceu em 21 de janeiro de 2015.

Quem não estava bem, no entanto, fui eu. Ao sentir fraqueza generalizada, mal-estar e tontura desde o final de 2014, em janeiro, mais especificamente ao final desse mês, eu comecei a sentir dores abdominais acentuadas. Conhecedor desse mesmo tipo de crise, graças aos problemas que tive com a gastrite em 1997 e 2001, respectivamente, não passou pela minha percepção que a dor, absolutamente semelhante, pudesse conter uma outra origem e ao tratar por conta própria, sem cogitar ir à um médico, imediatamente.

Mas continuei a tocar com a Magnólia Blues Band, até piorar a situação ao ponto de tomar ciência da gravidade e logo mais entro nesse assunto, embora por força das histórias serem entrecruzadas para quatro bandas nesse período e portanto, nos capítulos do Pedra, Kim Kehl & Os Kurandeiros e Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada, eu já toquei nesse assunto, mas por uma questão de cronologia, serei obrigado a repetir.

No dia 28 de janeiro, fizemos mais uma edição sem convidados, e desta feita sem a presença do Alexandre Rioli.  
Em 4 de fevereiro de 2015, também não tivemos convidados, mas Cris Stuani apareceu de surpresa e nos trouxe sua voz para reforçar a Quarta Blues.
Já em 11 de fevereiro de 2015, mais uma vez não tivemos convidados, mas uma enxurrada de amigos precipitou-se e a noitada foi das mais divertidas.
"Mustang Sally" coma Magnólia Blues Band + Fulvio Siciliano + Marco "Pepito" Soledad + Marcião Pignatari

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=HlgvvDnHEsA
Improviso de Blues em Dó com a Magnólia Blues Band + Marcião Pignatari + Marco "Pepito" Soledad

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Liz_T1Q8OH0
"I Got my Mojo Working" com a Magnólia Blues Band + Fulvio Siciliano + Marcião Pignatari + Marco "Pepito" Soledad

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=hWFxwMTT0gw 

Com Fulvio Siciliano e Marcião Pignatari a trazer as suas guitarras e ambos já com passagens oficiais anteriores computadas, tivemos também a presença do percussionista superb, Marco Soledad "Pepito"e Rey Bass, que pilotou o meu baixo em algumas músicas. Pepito e Rey eram da banda do Marcião Pignatari e o trio havia resolvido nos visitar, após concluírem o seu próprio ensaio.
Nenhum dos três, tampouco Fulvio Siciliano estavam convidados formalmente, mas a chegada dos quatro simultaneamente, deu um brilho à noitada, inegavelmente e fora a diversão que foi total, basta ver os nossos semblantes nas fotos dessa apresentação.
 
Por motivos técnicos, não tivemos edição na semana posterior, mas em 25 de fevereiro de 2015, voltamos a ter uma noite sem convidados formais, mas uma surpresa incrível me aguardava.
Com José Luiz Dinola, a reviver a nossa parceria de tantos anos...

Estávamos a tocar tranquilamente, quando eu vi pelas janelas, um velho amigo a sair de seu carro e vir a caminhar em direção à casa. Foi José Luiz Dinola, meu ex-companheiro d'A Chave do Sol e do Sidharta. Sem avisar-me previamente por telefone ou pelas redes sociais, Dinola apareceu inteiramente de surpresa e foi muito prazeroso ter a sua presença nessa noite.
Claro, ele foi convidado a tocar e com muita simpatia, atuou conosco em três ou quatro músicas.  
Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Luiz Domingues, Alexandre Rioli, José Luiz Dinola e Carlinhos Machado 

"Sunshine of Your Love" com a Magnólia Blues Band + José Luiz Dinola

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=yEcA3frCThk 
"Cocaine" com a Magnólia Blues Band + José Luiz Dinola

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=olSY62tuzTA  
 
Portanto, que tremendo prazer rever e tocar com o amigo, e no caso de tocar, efetivamente, não o fazíamos juntos desde o início de 1999, quando ele resolveu sair do projeto Sidharta, e essa história está contada em detalhes no seu capítulo específico. E o meu estado de saúde piorava... já ao final de fevereiro, não deu para ignorar que a minha saúde estava comprometida e não foi apenas uma crise de gastrite como eu pensara.
Continua...

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 39 - Por Luiz Domingues

O ano de 2015 abriu com um compromisso que pareceu ser alvissareiro para os Kurandeiros: um show no interior de São Paulo, ao participarmos de um Festival de verão de Blues & Jazz, ao ar livre.Tratou-se do famoso festival anual promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Cunha, uma bela e bucólica cidade do interior paulista, localizada no vale do Paraíba, no meio do caminho entre Guaratinguetá e Paraty, esta última, já pertencente ao estado do Rio de Janeiro.  
Tal convite para participarmos veio da parte do cantor/gaitista e guitarrista, Big Chico, que conhecêramos por ocasião de sua participação no Projeto Quarta Blues da Magnólia Blues Band e também pelo fato d'Os Kurandeiros terem sido a sua banda de apoio em seu show no Festival: "Hoje tem Blues", do qual participamos em outubro de 2014, através de uma unidade do CEU (Centro Escolar Unificado), no caso, o Ceu Jaguaré.  

Big Chico já havia participado de edições anteriores do Festival de Cunha-SP, e desta feita assumira a curadoria, ao indicar artistas para participar e daí, o seu gentil oferecimento.

A logística não foi muito confortável, pois a verba oferecida para custear o nosso transporte, mal cobrira o gasto com gasolina e pedágios para dois carros, visto que não seria possível alugarmos uma van e mesmo ao não precisarmos levar a bateria própria e o backline básico, a carga mínima de volumes para nos apresentarmos, não comportava o uso de um automóvel, apenas. Dessa maneira, mesmo com a verba bem apertada, decidimos irmos com dois carros, e no caso, o meu que era mais espaçoso do que o do Carlinhos; e o do Kim.

Combinamos de sair cedo, bem no início da tarde, mesmo ao saber que o show seria às 21 horas. Não queríamos correr riscos desnecessários e mesmo que tenha sido um período difícil para viajar, pois entrar na estrada no período do verão é normalmente um sacrifício escaldante em via de regra, mas mesmo assim, pensamos que compensaria chegarmos bem cedo à Cunha-SP, por volta das 17 horas em nossos cálculos, para apreciarmos a cidade que fica localizada em uma região serrana e há ali disponível, muita natureza, ao atrair turistas.

Preparei o meu carro, certamente, um dia antes, ao providenciar a troca de óleo, calibragem de pneus e abastecimento de combustível e água e estava tudo certo para adentrarmos a estrada.

Nos encontramos na residência do Kim e de lá partimos em comboio rumo à via Dutra, estrada que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, com o objetivo de seguir em frente até a cidade de Guaratinguetá-SP, onde há o acesso à rodovia Cunha-Paraty, sinuosa e serrana, muito bonita com seu visual da natureza, mas ao mesmo tempo, perigosa, certamente.  

Para quem não conhece São Paulo, capital e estado, digo que qualquer estrada que sai da cidade de São Paulo em qualquer direção, seja rumo ao interior ou ao litoral do estado, enfrenta tráfego pesado, quando não trânsito engarrafado em um raio de pelo menos 100 Km. E a Via Dutra, por ligar as duas maiores capitais do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, mantém um trânsito que a faz parecer uma avenida, e não uma estrada, propriamente dita. 

Portanto, seguimos mais ou menos juntos, o meu carro e do Kim, mas perto do pedágio de Jacareí-SP, nos perdemos de vista, contudo, não havia nada de errado em perdermos o contato visual em um dado instante, pois se algo ocorresse, bastava o Carlinhos ligar para a Lara Pap, nossa produtora e esposa do Kim, que seguia viagem no outro carro.  

Pouco antes de nos aproximarmos de São José dos Campos-SP, vi que o ponteiro da marcação de temperatura do radiador do meu carro, estava a subir além da conta, e neste caso, eu atribui ao calor que fazia na tórrida tarde de verão que enfrentávamos, mas até aí, a considerar que a ventoinha seria acionada a qualquer instante, para resfriá-lo.

Não me dei conta que isso não estava a ocorrer, pois também com o carro em movimento e a conversa agradável a tratar sobre reminiscências do Carlinhos e minhas sobre o anos setenta (é incrível a quantidade de shows de Rock e outros eventos freaks em que estivemos juntos naquela década, mas sem nos conhecermos ainda, portanto, é o tipo de conversa que sempre voa longe para nós dois). Contudo, quando o trânsito perto de São José dos Campos nos obrigou a parar, foi que me dei conta que a situação ficara preocupante, visto que sinais de fumaça vinham do capô do meu carro, e o ponteiro subira vertiginosamente.
Em suma, o radiador estava a ferver, e eu precisava parar para verificar o que ocorria e tomar uma providência. Por azar absoluto, não havia nenhum posto de gasolina à vista e na iminência do radiador ferver e travar tudo, parei no acostamento e fomos olhar, eu e Carlinhos. De fato, o reservatório de água estava a ferver e aquilo foi incompreensível, visto que no dia anterior, eu havia renovado o aditivo, portanto estava tudo bem com o radiador e o tanque de reservatório d'água.
Na mangueira de água, não havia nenhum indício de vazamento. Portanto, a solução foi esperar esfriar e naquele calor da tarde interiorana, foi uma missão vagarosa, e dessa forma, a meta foi achar um posto de gasolina para reabastecer o reservatório e fazer uma verificação mais apurada.

Por muito azar, não havia posto avistável e assim, na primeira entrada disponível, fomos para dentro de um bairro de periferia de São José dos Campos-SP, onde finalmente achamos um posto. Mais um tempo passamos a esperar esfriar e um novo abastecimento foi efetuado. E lá foi a água ferver de novo, mesmo com o carro parado sob uma boa sombra...  
Os frentistas tentaram de tudo para nos ajudar, mas ninguém conseguia entender o que acontecia. Já batia na casa das 17 horas, e nesse instante, os nossos amigos já deviam estar em Cunha-SP e muito preocupados conosco. Por celular, simplesmente não conseguíamos falar com eles e até contato via telefone fixo do posto tentamos, mas nem sinal de área conseguíamos. Nessa altura, fomos informados que os mecânicos das redondezas já estavam todos fechados e em plena sexta feira, infelizmente, a perspectiva seria a de abrirem apenas na próxima segunda-feira pela manhã...  
Uma outra solução seria usar um táxi e ir ao centro de São José dos Campos e procurar por uma oficina, mas sem conhecer a cidade e ela é enorme, já quase a contar com a casa de um milhão de habitantes, seria uma busca inglória. Foi quando começou uma séria de tentativas marcadas pelo improviso e positivo, aquela solidariedade que pensamos que não existir mais neste planeta, mas nessa hora, verificamos que sim, ela existia...  

Um dos frentistas ofereceu a sua caixa de reservatório de seu carro que ele não usaria naquele final de semana. Relutamos, mas na hora do sufoco e com os ponteiros do relógio a voar, literalmente, já estávamos a contar em chegar em cima da hora no festival, a eliminar completamente a possibilidade de um soundcheck decente no palco do evento. Portanto, aceitamos a gentil oferta. O carro do rapaz era similar ao meu e a peça haveria de ser padrão, mas não era! 

E nessa altura, já havíamos descoberto que o problema, efetivamente se tratara  de uma falha tão estúpida que chegou a dar raiva. A borracha interna da tampa do reservatório de água do radiador, havia perdido a sua elasticidade e devido a isso, a tampa não fechava com a devida pressão e assim, não dava para acionar a ventoinha, que proveria a refrigeração natural do radiador.

Uma simples borracha circular que não devia custar mais do que R$ 1,00, mas por ser específica para aquela medida, não teria substituição com outro material. E tentamos fita de vedação de encanamentos, silicone e outras borrachas, mas nada adiantara.

Eu e Carlinhos estávamos muito angustiados, pela eminente perda do show e também por imaginarmos que os nossos amigos estavam muito preocupados. Pensei em ligar para a minha casa, para deixar os meus familiares a par da situação, talvez como uma estratégia para o caso da Lara e o Kim, se eles pensassem no mesmo expediente, mas não, eles também evitaram tal medida, justamente para não alarmar ninguém em minha casa.

Quando já batia na casa das 19 horas, e já estávamos desolados, um motoqueiro que parara para abastecer, nos ouviu a conversar com os frentistas. O rapaz se aproximou, ouviu a conversa e interveio.  
Ao se parecer aqueles acontecimentos fortuitos que Rockers gostam de atribuir a sinais mágicos e aliás, típicos de quem professa o Rock de verdade, o rapaz disse que se prontificava a buscar uma tampa nova para nós, em um posto onde sabia existir uma loja de autopeças 24 horas, mas que ficava na estrada, a caminho de Caçapava-SP, a cidade vizinha. Foi uma oferta irrecusável e o rapaz não quis aceitar nem a ajuda para a gasolina que gastou. Em menos de uma hora, já estávamos de novo na estrada, com o radiador a funcionar absolutamente normal e tudo fora causado por conta de uma borracha com valor ínfimo. 
Muito atrasados, mas felizes, viajamos a contar os minutos e a comemorar a cada placa que víamos, a aproximação da cidade de Cunha-SP. A nossa sorte, foi que a estrada Cunha-Paraty, apesar de muito perigosa, estava absolutamente vazia naquele momento e assim, mesmo ao evitar os excessos, imprimimos uma velocidade máxima ali permitida e em constância, sem mais nenhum empecilho a nos atrasar.
Quando avistamos a cidade, respiramos aliviados, e apesar de sermos dois senhores cinquentões, a nossa alegria foi juvenil, como se estivéssemos na adolescência, a vencermos uma gincana escolar. Foi um ponto de honra chegar à Cunha, a tempo de pelo menos tocarmos metade do show previsto, portanto, tratamos como uma vitória, a nossa entrada na cidade.

Estacionamos na praça central da cidade e de longe ouvíamos o Kim tocar e cantar, acompanhado de Edu Dias que o auxiliou a tocar gaita e a cantar, também. Fiquei arrepiado ao vê-los ali a enfrentar a praça lotada, sem o nosso suporte, desfalcados portanto do peso de uma banda. 

Não seria possível tocar a imensa maioria das músicas programadas no set list, mas apenas baladas amenas e um ou outro Blues de raiz. Não caracterizava o som que esperavam de nós, mas fiquei muito orgulhoso de ver a coragem e a hombridade artística que o Kim teve de subir e enfrentar sozinho, e sei que o faria, mesmo que se não tivesse o apoio do Edu Dias, que fora o nosso convidado naquela noite.  

Quando nos viu a correr com o meu baixo e peças de bateria, praça adentro, a produtora, Lara Pap, veio nos auxiliar, e eu só pude balbuciar algo na base do: -"depois te contamos tudo", mas ela entendeu perfeitamente a nossa pressa. 

Com o Kim a tocar e cantar, fomos a montar as coisas ali na frente do público, uma prática que eu abomino fortemente, mas diante das circunstâncias dramáticas com as quais essa chegada à Cunha se revestira, não houve outro meio mais discreto de nos prepararmos.  

                              Foto: Jani Santana Morales

Assim que eu fiquei pronto, e claro que no meu caso, a minha preparação era mais simples para se ajeitar, já pus-me a encorpar o som, a tocar, imediatamente. Carlinhos ainda ficou a ajustar as suas peças à carcaça de bateria que havia ali disponibilizada, e somente duas músicas depois, entrou conosco.  
                                 Foto: Ryu Uehara Dias

Quando o som encorpou de vez e a banda soou como se devia, o Kim foi a promover as suas escolhas de repertório a dar mais vazão para que a euforia se pronunciasse, e o público que parecia apático, levantou-se. Não quero dizer com isso que éramos imprescindíveis ao ponto de suplantar o brilho pessoal do Kim e do próprio, Edu Dias, mas com a banda a tocar junto com muita energia e o repertório a favorecer, o público inflamou-se.
                                        Foto: Lara Pap

Um outro fator importante, o Kim nos confessou que subira ao palco para cumprir a sua parte e não deixar o vácuo, sob um ato que extrapolou o profissionalismo, mas que se revelou heroico, até. Não é qualquer artista que se dispõe a fazer isso e sob uma circunstância excepcional dessa monta, a tendência seria mandar cancelar o evento.

Além do mais, ele confessou-nos que estava muito nervoso e que a situação o fizera pensar no pior e que fora um martírio angustiante para ele subir para entreter o público, ao imaginar que talvez eu e Carlinhos estivéssemos mortos, vítimas de um acidente na estrada. A sua fala cortou-me o coração, pois pude imaginar a sua angústia, ao pensar nas elucubrações pessimistas que sempre cogitamos quando ficamos sem notícias de familiares e/ou amigos.

O show deveria ter acabado por volta das dez e meia da noite, mas com nossa chegada quase quarenta minutos depois, e pelo fato do público estar a apreciar muito, o representante do secretário de cultura falou para tocarmos o quanto quiséssemos.

Era quase meia-noite, quando encerramos e uma reversão completa do astral houvera sido feita. Da perspectiva melancólica de um quase não comparecimento da nossa banda, nós conseguimos fazer o show e esticá-lo de uma forma absurda, com o público completamente ao nosso favor, a apreciar muito. E por se tratar de um público híbrido, víamos todo o tipo de gente ali presente: de Rockers locais a idosos, a passar por muitas famílias, crianças e adolescentes etc.  
Fim do show, com o Kim a exibir a escultura feita em homenagem aos Kurandeiros, ofertada pelo artista plástico da cidade de Cunha-SP, Denis Akino. Foto: Lara Pap  
A levantar a escultura que ganhamos do artista plástico, Denis Akino, em Cunha-SP!

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=_HcI4y2bUSQ


Um escultor local, chamado: Denis Akino, nos ofertou uma peça de madeira por ele feita em nossa homenagem, e que o Kim guardou com carinho na sua coleção de memorabilia. Um gesto muito bonito e de certa forma, tipicamente interiorano, no sentido da hospitalidade sempre ofertada em grande profusão.  
"Can't Be Satisfied" no Festival de Jazz & Blues de Cunha-SP, em 9 de janeiro de 2015

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=RA7UeC4LsTM 
"Meu Mundo Caiu" no Festival de Jazz & Blues de Cunha / SP, em 9 de janeiro de 2015

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8sHEJVvQ8_8 

Quando o show acabou, fomos muito assediados pelas pessoas e ficamos muito felizes, duplamente: pelo sucesso do espetáculo, mas também pela nossa tenacidade em termos feito tanto esforço para não deixar de cumprir o compromisso.  
"Honky Tonk Woman" no Festival de Blues de Cunha / SP, em 9 de janeiro de 2015

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=KWs-NKa2am4


"Black Cat Moan" no Festival de Jazz & Blues em Cunha /SP, em 9 de janeiro de 2015

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=yQO23KL6wJA 

Me senti muito feliz por ter conseguido chegar e tocar, a complementar a nossa banda ante o compromisso firmado. E mais que isso, pelo fato da apresentação ter sido um enorme sucesso de público. Estava tão eufórico com esse desfecho feliz, que nem me lembrei que precisava abastecer o carro, pois no longo trecho de estrada entre Guaratinguetá e Cunha, eu não havia visto nenhum posto de gasolina.  
Falamos com um rapaz da produção do show, e ele franziu a testa quando lhe indagamos sobre um posto de gasolina aberto na cidade naquela hora. Não havia pensado que em uma cidade muito pequena, esse tipo de problema ocorre, de tão acostumado a viver em São Paulo, onde tal preocupação não existe. Solícito, o rapaz nos conduziu até a um posto, que já estava fechado, mas ao seu pedido, o frentista que jogava cartas com amigos, abriu a bomba e nos abasteceu. Mais um toque mágico que só Rockers sabem como funciona...  
Voltamos para São Paulo extenuados, mas absolutamente tranquilos e felizes pelo sentimento de missão cumprida. Fora um sufoco, a gerar muita angústia da parte de todos, mas o resultado final fora tão reconfortante e compensador, que toda a agonia vivida esvaíra-se.  
Aconteceu no dia 9 de janeiro de 2015, em Cunha-SP, uma belíssima cidade interiorana, que pelo pouco que vimos, contém os seus muitos atrativos naturais, fora a hospitalidade interiorana, típica e sempre prazerosa. 

Nos meus cálculos livres, acho que havia cerca de trezentas pessoas na praça a nos ver, mas a tratar-se de um pequeno, porém charmoso  boulevard, estava bem cheio. Ainda em janeiro, voltaríamos à nossa rotina de apresentações em casas noturnas, mas não necessariamente em São Paulo.
Continua...

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Magnólia Blues Band - Capítulo 12 - Por Luiz Domingues

Em 11 de junho de 2014, Edu Dias, que sempre aparecia e participava, foi desta vez o convidado oficial, e acrescento, mais do que merecidamente. Extremamente simpático, brincalhão e versátil na comunicação com o público, era (é) na verdade um entertainer à moda antiga, dentro das tradições do Show Business norte-americano de outrora, e que ainda existe por lá, nas casas noturnas e acopladas nos Casinos de Las Vegas, principalmente.  


E claro, havia o lado empreendedor dele, como um micro produtor de shows que ele era. Não foi à toa que o Kim costumava brincar com ele, ao apresentá-lo ao microfone, como: Edu Dias o "Blues Entrepreneur", a estabelecer uma alusão clara a esse fato de sua personalidade multifacetada, que ele abraçava com esse lado empresarial na música, também.  

Foi super divertida a noite como sempre em que ele aparecia, e desta feita como atração principal, ainda mais. 

Uma semana depois, dia 18 de junho de 2014, recebemos a figura carismática de Marcio Pignatari, um guitarrista versado no Blues-Rock.  

Muito engraçado no trato pessoal, enturmou-se conosco de forma instantânea, e me fez lembrar dos meus tempos no Pitbulls on Crack, tamanha a semelhança que o seu jeito leve de ser continha, ao assemelhar-se com os meus companheiros daquela banda, pelo fator do humor constante.


"Right I Got the Blues" com Magnólia Blues Band + Marcio Pignatari.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Wu1GD8l9bTU

Mas evidentemente que não foi somente bom pelas piadas que nos contou, para provocar gargalhadas nas rodinhas formadas por amigos, por que na hora que fomos tocar, ele mostrou um tremendo poder de fogo, a pilotar a sua guitarra Fender Stratocaster.

Tocamos com bastante desenvoltura, a passear entre os Blues clássicos e temas mais pesados, dentro do Blues-Rock, também. 
Southbound"com Magnólia Blues Band + Marcio Pignatari.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Wu1GD8l9bTU  
Oriundo da cidade de Osasco-SP, era (é), muito amigo de Edu Dias, também, e assim, claro que o nosso amigo em comum apareceu e também tocou a sua gaita, e cantou nessa apresentação da Magnólia Blue Band.  

Com um público melhor do que o da semana anterior, foi também mais um fator de ânimo para todos.

Ao fechar o mês de junho, o nosso convidado foi: Paulo Toth.  

Muito educado, mas nem de longe piadista como Edu Dias e Marcio Pignatari, chegou com seriedade, a trazer um outro tom mais sóbrio para a noite do Quarta Blues.


"I ain't an Superstitious" com Magnólia Blues Band + Paulo Toth & Edu Dias.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=75kQQEdHNY4

Ao atuar com uma guitarra Fender Telecaster, poderia sugerir com isso que traria a vertente mais caipira do Blues à tona, mas não, a sua apresentação foi versada no Blues de Chicago, e assim, ele passeou pelo Rock'n' Roll, sem problemas. 

Um professor de guitarra experiente, nos falou sobre os seus projetos didáticos etc. e tal.  

Entre a Gibson Les Paul do Kim, e a Fender Stratocaster do Paulo Toth, a Fender Telecaster também do Paulo, com a estilização que comentei, no seu braço.

Uma curiosidade, a sua guitarra estava estilizada com o seu nome pintado no braço do instrumento, uma prática não muito usual entre a maioria dos guitarristas que eu conheço.

"Can't Be Satisfied" com Magnólia Blues Band + Paulo Toth + Edu Dias.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=VgAQw6inRqU

A nossa apresentação com Paulo Toth, como convidado, ocorreu em 25 de junho de 2014.
Um fato engraçado ocorreu nos dias posteriores à sua participação conosco no Quarta Blues: demorou para ele perceber que eu tocara com A Chave do Sol nos anos oitenta, uma banda que ele conhecia da época. Através do Facebook, conversamos sobre isso a posteriori e foi engraçado ele só haver percebido a coincidência, que eu era o mesmo baixista daquela banda, depois.  
Mas dá-se o desconto que eu envelhecera mais de trinta anos em relação àquela época em que atuei nessa banda e principalmente, por que aboli o apelido pelo qual fui conhecido nesse tempo, portanto, a gerar alguma confusão para pessoas que me acompanhavam naquela fase e a perder o contato, não sabem o rumo que a minha carreira tomou doravante, a ignorar muitos trabalhos que fiz depois dessa banda encerrar atividades em 1987. Coisas da vida, tudo dentro da normalidade...

O próximo convidado da Magnólia Blues Band seria um grande ás da cena Blues brasileira, e de fato, toda a expectativa se cumpriu e sem exagero, superou-se na minha ótica.
Continua...