E quando o proprietário do local deu o sinal verde para começarmos, um bom público juntou-se
 à nossa frente. Sinceramente, achei que ninguém interessar-se-ia em ver-nos a tocar. Todavia, para superar a minha expectativa, havia cerca de trezentas pessoas ali à nossa frente. Isso ocorreu no dia 24 de junho de 1983. Foi
 mais ou menos esperado por nós, mas muitos motociclistas simplesmente 
não pararam durante o nosso show, e alguns para exibir-se, resolveram dar
 pequenos rasantes sobre a banda e sobre o público, ao fornecer uma carga 
extra de adrenalina à apresentação... 
Evitamos tocar muitas 
músicas cantadas, pois naquelas condições de equipamento, o jeito foi
privilegiar músicas instrumentais. Mesmo assim, estava muito precário 
tocar e foi um show sofrido para nós, com a pouca potência do 
equipamento. A turma até que gostou e aplaudiu bastante, mas realmente não foi uma apresentação com condições mínimas e profissionais. Acabado
 o show, apressamo-nos a desmontar, pois os alucinados motociclistas estavam 
a pressionar para liberarmos o espaço para que continuassem a executar as suas acrobacias, e a maneira para exercer essa 
pressão, foi jogar as motos sobre nós. A "iluminação" do show ficou a cargo de vários carros particulares perfilados, e com faróis altos acesos em nossa direção... 
Naquele
 breu da madrugada, não havia condições em levarmos tudo embora naquela 
hora. Tivemos que voltar no dia seguinte para realizar essa tarefa 
braçal. Recebemos o reforço de alguns amigos, e entre eles, um apareceu na
 residência do Rubens Gióia, a trajar calça de veludo branca. Chegamos ao Morro da 
Lua, ele foi ajudar a transportar uma caixa do P.A. e através de um escorregão súbito,  esborrachou-se no 
solo barreado e úmido, e assim teve que voltar para a sua casa, com a calça branca, 
transformada em marrom. Foi uma aventura insana, mas apesar das
 dificuldades, foi um show em que conseguimos cumprir na base da força de vontade, e se não foi 
marcante para a nossa carreira, ao menos rendeu muitas histórias pitorescas. 
Continua... 


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