Para você, caro leitor, ter uma ideia de como a cena paulistana estava ligada ao movimento Grunge de Seattle, ao final de 1992, entrou em cartaz no circuito de 
cinema comercial, um filme do diretor norteamericano, Cameron Crowe, chamado : 
"Singles" (em português, deram-lhe o seguinte título : "Vida de Solteiro" ).  
Tratou-se de um comédia romântica, bem "água-com-açúcar", sem maiores 
atrativos, se não fosse ambientada em Seattle (com o personagem principal, 
interpretado pelo ator, Matt Dillon), e que este personagem em questão, não fosse guitarrista de uma banda 
ao estilo "Grunge" (no filme, a banda do personagem, foi o Pearl Jam verdadeiro, mesclado com componentes de outras bandas dessa cena).
Com tomadas a exibir várias bandas daquela cena a tocar em casas de médio porte, 
chamou a atenção dos músicos que seguiam aquele espectro artístico, e faziam a cena 
paulistana, concomitantemente.
Fui ver, 
achei o filme fraco, pois tratou-se na verdade de uma comédia romântica
 com espectro para ser exibida na "sessão da tarde", bem típica daquelas que você assiste só um trechinho na sala de espera do seu dentista (embora eu adore o diretor, Cameron Crowe, que 
depois fez : "Almost Famous", este sim, um grande filme ambientado no mundo 
do Rock setentista). Na sala de
 cinema onde fui assistir, membros de bandas como : "Yo-Ho-Delic"; "Mighty Sound Jungle", e "Anjos
 dos Becos" estavam presentes na sessão em que estive presente igualmente. Chegaram a dar 
gritinhos entusiasmados em alguns trechos onde apareciam as bandas de Seattle em ação. 
Em uma determinada cena, o personagem do ator, Matt Dillon apareceu no cemitério onde Jimi Hendrix foi enterrado.
Quando o 
close na placa de sua tumba encheu a tela, gritinhos foram ouvidos no 
cinema. Nessa hora, fiquei até surpreendido, pois naquela altura dos acontecimentos, demonstrar-se reverência a um ícone sessentista, foi um 
alento e tanto, além de inusitado, após tantos anos de vilipêndio ao Rock 1960 / 1970, através da mídia mal intencionada. Quanto ao movimento "grunge", isso
 evidentemente não dizia-me nada. Tirante um som "aqui e ali" do 
"Soundgarden"; "Alice in Chains", ou "Pearl Jam", o grunge não comovia-me. Curiosamente,
 o maior expoente do movimento, o tal de "Nirvana", na minha avaliação não passava
 de um continuísmo do Punk Rock oitentista, e para corroborar a minha 
impressão, claro que a "intelligentzia" estendeu o seu tapetinho vermelho 
indevido para esses elementos... e eu só lamento. 
O
 único mérito que eu enxergava nesses artistas de Seattle fora um certo 
resgate dos Riffs setentistas; "som de homem", para quebrar a "Era" daqueles 
efeminados blasè, oriundos da sequela do Pós-Punk britânico que dominara a década de oitenta, e o 
resgate dos instrumentos vintage, embora isso não fosse algo proposital,
pois mesmo de forma involuntária, o fato é que esses garotos de Seattle provocaram no mercado, a 
vontade em tocar-se com instrumentos genuínos, novamente. Após amargar aqueles
 dândis oitentistas a perturbar-nos com a sua insipidez musical atroz, e seus 
instrumentos de brinquedo, na década anterior, esses rapazes de Seattle apareceram a empunhar
Fender; Gibson e Rickenbacker, um alento aos nossos ouvidos. Dessas bandas 
paulistanas que eu citei, o Yo-Ho-Delic fora a mais cotada para entrar na 
coletânea da gravadora Eldorado. Tocavam em todas as espeluncas do circuito Indie 
da cidade, pelo menos desde 1991. Mas foram atropelados na reta final. 
Depois eu conto o motivo de sua exclusão dessa oportunidade...
Continua...




Nenhum comentário:
Postar um comentário