Chegamos em São Paulo ao início da madrugada de segunda-feira, e 
cancelamos o dia ocioso que havíamos programado para descansar da viagem, 
pois surgira um compromisso de última hora. 
Graças ao pessoal da banda ,
"Tonelada e seus Kilinhos", fomos contatados e aceitamos fazer um show 
relâmpago no Teatro Objetivo, na Avenida Paulista. Nessa ocasião,
 tocariam além de nós, o próprio "Tonelada", é claro, e algumas bandas 
novas. O show tinha caráter beneficente, e ninguém ganharia cachet, mas segundo os
 amigos peso-pesado da banda, "Tonelada e seus Kilinhos", seria vital a 
nossa participação, pois "olheiros de gravadoras" estariam presentes, e 
entre eles, o Peninha Schimdt. 
Bem, claro que aceitamos, e na 
segunda-feira fizemos um novo ensaio, para chegarmos bem preparados. 
Para falar especificamente sobre esse detalhe, a despeito de achar a 
postura bem profissional e madura, aparentemente, acredito que havia uma dose de 
exagero enorme nesse tipo de procedimento de nossa parte. Éramos 
ultra ensaiados naquela época, e havíamos tocado ao vivo em um show sob
grande responsabilidade e importância para nós, no sábado !  
Portanto,
 fazer um novo ensaio, a visar a apresentação na terça-feira posterior, 
não parecia ser uma necessidade premente, e de fato não fora, mesmo. Todavia,
 éramos muito obstinados naquela época, e fizemos esse ensaio extra, 
assim mesmo, ao considerar o procedimento mais normal do mundo naquela ocasião, mas 
claro que não fora necessário esse esforço adicional. O show no 
Teatro Objetivo, foi de choque, e muito energético. Havia cerca de trezentas
pessoas na plateia. Lembro-me bem do líder do "Tonelada", a mostrar-se eufórico na 
coxia, pois a energia estava a mil por hora, e ele enxergava essa vibração, como ideal para impressionar os ditos "observadores" ou "caça 
talentos", presumidamente ali presentes. Além de nós e dessa banda
 citada, não recordo-me de nenhuma outra banda que fosse significativa o
 suficiente ou que tenha adquirido tal status a posteriori. Não anotei o
 nome das demais no meu guia de shows d'A Chave do Sol, como um dado análogo. A minha
 única lembrança nesse dia, em relação à essas bandas, foi que em sua 
maioria esmagadora, tratou-se de algumas bandas muito ruins, formadas por jovens muito 
fracos tecnicamente a falar, e pior, quase todas a rezar a cartilha do 
Pós-Punk, mas pelo viés da insignificância New Wave. 
Foram algumas bandas 
com nomes baseados em siglas, uma outra tendência típica daquela época, e
 com todo mundo a usar aqueles cortes de cabelo estranhos e a usar figurino
com cores cítricas. Entretanto, mais pareciam bandas infantis egressas da "Turma do 
Balão Mágico". Nesses termos, se os supostos "olheiros de gravadoras" estivessem 
realmente presentes, é claro que interessar-se-iam muito mais por essas 
bandas oriundas do jardim da infância do que nós... realisticamente a falar, é 
claro que seria isso. Isso ocorreu no dia 23 de outubro de 
1984, uma terça-feira. Cerca de trezentas pessoas, em sua maioria, adolescentes, 
assistiram o evento. Tocamos quatro ou cinco músicas apenas, por tratar-se de um show de choque. No dia seguinte, teríamos outro dia puxado !  
Estava
 agendada duas aparições em programas de TV, uma logo cedo, outra 
na parte da tarde. Também estávamos agendados em um programa de rádio, ao 
vivo, na hora do almoço, e na parte da tarde, tínhamos o soundcheck no 
Teatro Lira Paulistana, onde faríamos show, naquela noite. Se o 
Chico Dias não animasse-se com uma agenda dessas, foi por que realmente 
não estava a dimensionar a oportunidade que dificilmente teria, com sua ex-banda, no interior do Rio Grande do Sul. Sinto muito por 
observar isso, pois não quero menosprezar ninguém, mas estou a ser realista ao extremo...
Continua... 






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