Enquanto a negociação com a gravadora Velas caminhava, de uma forma muito 
positiva, e já a poucos passos de uma resolução, fizemos mais um show no
 Black Jack Bar, dividindo a noite com outras duas bandas.
Nessa 
noite 
de 29 de julho de 1995, tocamos juntamente com o "Cheap Tequilla", e o 
"Motorcycle Mama" (que foi encaixado no evento em cima da hora, portanto 
a ficar fora da divulgação, como vê-se no cartaz acima), com um ótimo 
público de trezentas pessoas 
presentes, aproximadamente.
Praticamente fechado o contrato com a Velas / Primal, só faltou mesmo 
assinar e protocolar no cartório, burocracia que ocorreria de fato, alguns dias depois. 
Já preparávamo-nos para entrar no ritmo
 de estúdio, escolher o repertório e preparar a pré-produção.
Mas 
um novo compromisso apareceu antes de mergulharmos nessa produção.
O 
baterista, Juan Pastor, fechou para nós, um show de choque dentro da "Feira de 
Música". Apresentar-nos-íamos no stand de uma empresa chamada, "Advance", 
fabricante de potências para P.A. 
O evento 
ocorreu no último fim de 
semana de agosto, do ano de 1995, no Expo Center Norte, um gigantesco 
espaço localizado no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo, onde geralmente ocorrem 
Mega-Feiras 
com expositores.
Estávamos escalados para apresentarmo-nos ao final da 
tarde do dia 27 de agosto de 1995. Soubemos ali na hora, que 
uma das bandas que também apresentar-se-ia, seria o "Raimundos". Outras 
que apresentar-se-iam também, seriam "Mundo Livre", e 
"Little Quail", entre as quais lembro-me.
É difícil recordar-se daquelas 
bandas, pelo seu suposto "legado" que não seja pelo aspecto negativo, 
primeiro pela uniformidade sonora; segundo por um conjunto de signos 
inerentes dos quais nem preciso arrolar, acredito, absolutamente antagônicos aos valores verdadeiros do Rock. 
Quando fomos 
informados por alguém da produção que tocaríamos depois dos Raimundos, 
recebemos também a orientação para permanecermos do lado de fora do stand,
 pois não havia nenhuma estrutura com camarim para aguardarmos a nossa vez para atuar.
Tratava-se de
uma estrutura fechada, a parecer um container de navio de carga, sem ventilação alguma, e onde cabia aproximadamente duzentas
pessoas.
Naturalmente, estourados na mídia como estavam, os Raimundos superlotaram
 o improvisado micro-teatro, ao deixar muita gente de fora, o que causou 
um pequeno tumulto, com pessoas a forçar a entrada.
Com isso, seguranças
 tiveram que agir com aquela "simpatia e poder de persuasão" que lhes é 
peculiar...
Acalmados os ânimos, e mesmo ao esperarmos do lado de fora, 
ouvíamos o som muito alto, com a pressão que era enorme vinda de lá de dentro.
Apesar da pequenez
 do ambiente, os técnicos da Advance fizeram uso de um patamar de volume 
absurdo, pois afinal de contas o que contava ali era vender o seu 
produto, as potências que alimentam P.A.'s. Os Raimundos terminaram o seu set, e fomos 
aconselhados a esperar o público evacuar o local.
Uma equipe de limpeza 
fez uma faxina relâmpago no local, enquanto outros funcionários 
improvisavam uma exaustão do ar, com ventiladores manuais.
Mesmo assim, 
quando entramos, o cheiro mostra-se insuportável !
Produziu-se um odor azedo, proveniente do suor 
humano, concentrado sob um nível absurdo, que chegou a embrulhar o 
estômago.
Tocamos para o público  a contabilizar cerca de duzentas pessoas, a lotar o stand, mas 
sem a comoção gerada pela banda anterior, ante seus seguidores.
Continua...






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