Já contei em um de meus Best-Sellers, O Tigre de Deus Em Seu Jardim, que fui amigo próximo de uma mãe de Santo numa
 época da minha vida,  e ela destruiu um gráfico que estava atrapalhando
 meu trabalho. Quem leu, sabe. Naquele tempo,  eu era um escritor 
relativamente pobre. Sequer podia ter uma garrafa de Ballantines em 
casa. 
            Também conto que eu e ela emprestávamos pequenas quantias de
 dinheiro um para o outro. Era um rito nosso. Um dia Mãe Nancy me pediu 
uma quantia, eu não tinha,  e ela então disse o seguinte :
             -- Olha, já que você está sem dinheiro e eu estou com 
pouco, vamos celebrar nossa vida que miséria pouca é bobagem. 
-- Filho, 
vem cá - Gritou para o menino que estava na vila. - Toma esse dinheiro 
aqui e me traz uma cerveja. 
Minutos depois estávamos com a espuma subindo no copo 
como se fossem as cataratas de Iguaçu e a gente sorria mais que artista 
de Hollywood em dia de Oscar. Acredito que Mãe Nancy, apesar de ser 
macumbeira das boas, ou exatamente por isso, vai ser uma daquelas 
cinquenta e cinco  que vão pro céu entre os sete bilhões de pessoas 
desse globo estranho. 
                As pessoas especiais são sempre generosas.  A miséria e a
 escassez são invenções humanas. Os fortes celebram seus encontrosMarcelino Rodriguez é colaborador sazonal do Blog Luiz Domingues 2. Escritor com vasta e consagrada obra, oferece aos leitores deste Blog uma crônica curta sobre a solidariedade humana, em linha geral.





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