E no lado B do compacto, traríamos a música : "18 Horas", pior ainda... um tema 
instrumental com influência Jazz-Rock, cheio de convenções e solos 
enormes, portanto um verdadeiro alienígena naquele mundo dominado pelas ideias da estética Pós-Punk, 
esta fechada em instrumentais medíocres; vocalizações monocórdicas, e posturas 
robóticas, ao som de timbres de plástico propositais em sua produção de áudio. Então, já a partir de março de 
1984, estávamos a trabalhar em sonoridades diferentes para novas 
músicas a visar deliberadamente uma reformulação da proposta sonora da nossa banda. Os arranjos elaborados e plenos em detalhes a privilegiar a divisão rítmica mais sofisticada, 
prosseguiram, mas o peso começou a ser observado, e passamos também a 
evitar ficar só em temas instrumentais.  
Concomitantemente, iniciamos 
esforços para tentar achar um vocalista que adequasse-se a tal plano de
 expansão. A ideia foi achar um postulante com voz potente, mas com carisma 
também, e consequente domínio de palco. E claro, tinha que ter boa aparência, 
fundamental para um frontman... 
Em um primeiro impulso, colocamos um anúncio 
no jornal "Primeiramão", mas sem assinar o nome da banda, pois nessa 
época já estávamos com um nome na praça, graças as quatro aparições na TV,
 e prestes a lançar um disco. Dessa forma, alguns candidatos fizeram 
contato, e certo dia, mais ou menos entre março e abril de 1984, marcamos um
 teste com vários desses candidatos. Foi em uma segunda-feira, lembro-me, e
 é uma pena que não tenhamos filmado tal experiência bizarra. 
Foi uma autêntica "Buzina do 
Chacrinha", com alguns tipos inacreditavelmente ruins e bizarros, 
que ali estiveram presentes. Destaco um sujeito que chegou vestido com terno e gravata; aparência de 
nerd e cheio de arrogância. Tinha postura de quem chegara para assinar 
contrato e assumir o posto, a ignorar rivais. No entanto, foi horrível em seu teste musical e
 por algum tempo ficamos a considerar que ele talvez tivesse ido ao nosso ensaio para provocar-nos, por escárnio ou outro motivo escuso, pois mostrou-se inacreditável como foi ruim a sua performance. Só pode ter sido uma pilhéria
aquele sujeito dizer-nos ser um vocalista de Rock, com aquela completa falta 
de noção musical. Este rapaz foi bizarro pela postura altiva e petulante, mas 
a maioria revelou-se horrível também, e não precisava nem de um compasso no pentagrama, para 
vermos que não tinham condições nem de cantar no chuveiro. Alguns não 
sabiam nem onde entrar no ritmo, sem noção alguma de pulsação, e em relação a afinação, melhor nem 
falar muito, pois nem sabiam o que significava tonalidade. Entre tantos 
bizarros (sumariamente convidados a retirar-se), selecionamos apenas três,
 para posterior avaliação. Foi dois rapazes e uma garota, os mais razoáveis nessa sessão torturante. 
Sobre a garota, foi 
até engraçado, por que veio acompanhada com uma mini torcida uniformizada. Tratou-se de um 
grupo de lésbicas, apreciadoras da MPB. Até aí, sem problema e sem 
preconceito. Mas foi engraçado ver que enquanto ela fazia o teste 
(cantou uma canção da Rita Lee & Tutti-Frutti : "Mamãe Natureza"), a 
namorada dela, e as amigas, vibravam e incentivavam, como se estivessem em um
 festival de calouros. Ela não era ruim, mas não foi o que queríamos, 
pois se fosse para ter uma vocalista mulher, teria que ser alguém ao nível da 
Verônica Luhr, nossa segunda vocalista (ao considerar-se que Percy Weiss 
fora o primeiro, leia os primeiros capítulos se perdeu tal informação). E não foi o caso, pois essa moça mostrou-se até afinada, mas a sua voz
 não era para o Rock, seu atributo valia melhor para a MPB, com teor mais intimista. Quanto aos
 dois rapazes, gostamos mais. Não foram espetaculares; não tinham visual 
Rocker, mas possuíam um certo potencial e portanto, convidamos os dois a fazer 
um novo teste posteriormente, e daí decidiríamos. 
Continua... 
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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