Sim, os ensaios voltaram ao normal e iniciamos então uma nova Era para o Sidharta,
 ao ensaiarmos doravante no estúdio / residência do "P.A." (Paulo Antonio Pagni, 
ex-baterista do RPM e ex-vocalista do Neanderthal). Os ensaios na
 casa do P.A. foram muito mais descontraídos, pois o seu estúdio mais parecia 
uma caverna Hippie. Queimávamos incensos à vontade e não havia restrição
 quanto ao número de visitantes, ali permitidos. Havia até um mezanino onde estava alojado um sofá, e 
várias almofadas para acomodar visitantes. Lembro-me de ensaios tumultuados,
 com a presença de até vinte e cinco amigos, presentes! Nessa altura, já tínhamos mais de quinze músicas compostas, e estávamos a polir as mais velhas que estavam por ficar cada vez melhores. 
Pensávamos
 naquela época em gravar o material, mas com a verba muito curta, as nossas 
posses seriam suficientes apenas para lançarmos um compacto, quando muito. E ainda a vivermos sob uma Era do CD, isso 
era algo inviável, pois o custo para prensar duas músicas era o mesmo 
que quinze, portanto, não valia a pena, por esse aspecto. 
Nesses termos, a ideia foi gravar um disco, mas os nossos parcos recursos não 
permitiam tomar essa dianteira em já planejar com contundência tais 
providências. Naquele momento, era ainda somente uma especulação e acima de tudo, a constatação de uma necessidade premente. Quanto
a uma possível sanha por shows, tal sentimento não existia nesse nível e não preocupava-me, particularmente. Os garotos estavam fechados com a ala velha da banda (eu e Zé
 Luiz), e nesse sentido, o foco daquele momento foi compor; arranjar e afiar o 
repertório. A mentalidade geral foi forjada em só colocarmo-nos no mercado para tocar. quando assegurássemos um padrão de qualidade elevado. 
A partir do segundo semestre de 1998, quando começamos a ensaiar no estúdio do P.A., já tínhamos um repertório inicial significativo. E
 ainda tivemos fôlego para continuar a compor. Nesta altura, já 
contávamos com as seguintes canções fechadas : "Abstrato Concreto"; "Sistema Solar"; O Futuro é já"; 
"Estar Feliz Consigo"; "Sr. Barinsky"; "Sonhos Siderais"; "Céu 
Elétrico"; "Nave Ave", "Terra de Mutantes"; "O Mesmo Fim" (essa canção, algum tempo depois, mudou 
de nome para : "O Mesmo Sim" e foi gravada pela Patrulha do Espaço); "Ser"; 
"Retomada"; "O Pote de Pokst"; "Tudo Vai Mudar", e "Do Começo ao final". Logo em seguida, nos ensaios no estúdio / residência do P.A., sairiam as novas composições para encorpar esse repertório.
Uma
 delas que estava a amadurecer, tratava-se de uma viagem psicodélica, chamada : "Eu nunca 
Existi". Eu tive a ideia inicial dessa música, ao assistir (pela enésima 
vez), o filme : "The Party" protagonizado pelo ator, Peter Sellers e lançado em 1968. Aquela cena final, 
absolutamente anárquica, com todo mundo em cena a dançar uma canção psicodélica, na companhia de um elefante,
 todo pintado com motivações psicodélicas, em meio a uma piscina, sempre impressionou-me muito por conter uma 
vibração única, como se tivesse tido a proeza em congelar o astral de 1968 no próprio celuloide do filme.
A ideia que eu criei no baixo, não é cópia, nem parece-se, efetivamente, mas é inspirada naquela trilha sonora da cena acima descrita. Eu mostrei a ideia ao Rodrigo que adorou a proposta e trabalhou junto, ao trazer outros elementos para fechar a canção. 
O poeta, Julio Revoredo, parceiro nosso em composições d'A Chave do Sol; Sidharta e Patrulha do Espaço, em foto do início dos anos 2000; Acervo e cortesia : Julio Revoredo   
A
 letra, que é plena de questionamentos de ordem psicanalíticos, casou-se perfeitamente 
com a  psicodelia que aspiramos. E neste caso, foi mais uma colaboração brilhante do poeta, Julio 
Revoredo. E assim, surgiu, "Eu nunca existi", a nossa incursão na 
psicodelia sessentista. Essa música foi gravada posteriormente, pela Patrulha do Espaço, no 
disco "Chronophagia", lançado em 2000. 
Continua... 
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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