Logo nas primeiras conversas com os produtores, Sonia e Toninho, estes nos falaram sobre outras bandas versadas por outros estilos musicais que faziam parte do elenco do escritório, todavia, isso
 não se confirmou quando começamos a frequentar as dependências do 
casarão. 
Talvez  fossem apenas negociações em andamento que não se 
concretizaram, mas eles jogavam da maneira a nos dizer que já os tinham 
sob contrato, provavelmente como uma forma velada de nos pressionar a 
aceitar, ou por que talvez fosse vergonhoso para eles não contar efetivamente com ninguém no elenco, ou mesmo
 um misto das duas coisas.
Portanto, logo nos primeiros dias que 
começamos a ensaiar ali no estúdio, tomamos posse do ambiente todo. 
Usávamos o estúdio a vontade, com o técnico, Clóvis, à nossa disposição, e ao aproveitarmos isso, começamos a fazer a pré-produção para gravarmos uma 
nova demo-tape, que precisava ser ainda melhor que a que graváramos em 
abril, por conta própria, e também dar vazão à onda de criatividade que 
estávamos a observar, com muitas músicas novas que estavam a surgir. Decidimos 
trabalhar forte nessas duas frentes e por ter sido assim, uma safra nova de 
canções reforçou o material que já tínhamos desde a entrada do Beto 
Cruz.
E o mais prolífico entre nós, nessa fase, foi o Beto mesmo. Ele estava a passar por uma fase criativa, e assim, apresentava-nos riffs quase todos os dias para trabalharmos,
 além de melodias e ideias para letras. 
o técnico de som do Studio V, Clovis Roberto da Silva, em foto bem mais atual.   
Nos entrosamos muito bem 
com o técnico do estúdio V, o competente e muito solícito, Clovis Roberto da Silva. Ele era extremamente simpático e 
gentil e em poucos dias já se tornou "um de nós", ao participar das 
brincadeiras, a rir e a se afeiçoar ao nosso som, quase como um torcedor do nosso time, e isso foi muito positivo, pois o seu empenho nas gravações para dar o seu 
melhor como técnico, foi importante para nós, e ao ir além do trabalho 
profissional, simplesmente, que ali exercia como contratado fixo do 
escritório. 
Uma questão surgiu logo nas primeiras reuniões, assim
 que fechamos com eles: tínhamos uma estrutura pequena, mas funcional 
de equipe de shows e uso do nosso fã-clube. Tal organização tornara-se vital para nós, 
por que a mala postal era o nosso principal meio de divulgação direta com os 
fãs, principalmente para anunciar datas de shows e lançamentos de discos
 e produtos de merchandising.
Durante muito tempo, eu e Zé Luiz o
 tocamos sozinhos, mas ele havia crescido muito e para acompanhar tal 
crescimento, queríamos contratar um funcionário que se dedicasse a ele, 
em tempo integral, em dias úteis, como um escriturário mesmo. Já estávamos a fazer isso de uma maneira informal, mas sem poder oferecer um salário 
fixo e a devida estrutura burocrática, a prover carteira assinada e direitos 
trabalhistas assegurados, por que não tínhamos uma firma aberta, mas 
ambicionávamos que isso acontecesse, por sonharmos em ter o controle total do
 merchandising e assim, o Fã-Clube, caso chegássemos ao mainstream, e claro que 
achávamos que chegaríamos.
     Eliane Daic, em foto de 1985, clicada por Rodolfo Tedeschi
Portanto, propusemos à Sonia, que ela contratasse em nome do Studio V, a equipe que já existia a trabalhar em nosso favor, remunerada com os nossos parcos recursos. Queríamos que Eliane
 Daic, então namorada do Zé Luiz, e que já vinha a trabalhar como 
produtora da banda desde meados de 1985, continuasse na função. Eduardo 
Russomano que era nosso roadie e estava a nos auxiliar no Fã-Clube e 
Edgard Puccinelli Filho, também roadie, e a acumular a função de vendedor
 de merchandising nos shows, aliás com bastante sucesso, pois a sua figura
 exótica e extrovertida, fazia uma função como relações públicas da banda, entre as pessoas, também fossem 
contratados.
Queríamos, e isso seria imprescindível, que tivéssemos
 um técnico de som fixo, é claro. Nosso técnico de confiança era o 
Canrobert Marques, mas este trabalhava muito com várias bandas mainstream, e só 
nos ajudava nas raras oportunidades livres de sua agenda sempre muito concorrida.
Entretanto, o Clovis que já era contratado do estúdio, poderia suprir isso, mesmo 
porque estávamos a nos dar bem, e fatalmente ele seria vital para nos 
operar ao vivo, visto que conhecia bem nosso som e as nossas 
necessidades de mixagem ao vivo.
Mais para a frente, com a banda a crescer, haveria espaço para uma equipe maior, com mais roadies, um 
iluminador próprio e outros profissionais que se fizessem necessários, 
de acordo com o nosso crescimento e demanda por produções cada vez 
maiores. 
Eliane Daic a repor a carga de pólvora durante um show d'A Chave do Sol em 1986, no decorrer do espetáculo 
Ela, Sonia, adorou a Eliane Daic, "Lili" entre nós, e acenou com
 a aceitação de nossa proposta de que ela continuasse a ser a nossa 
produtora. E rapidamente acertou salário e a designou como sua 
subordinada direta, quando passou a dar expediente diariamente no escritório, já a sair à rua para cumprir tarefas passadas pela Sonia. 
Adorou também o 
Edgard pelo exotismo de seu "personagem", e forma de se comportar, e 
aceitou a ideia de que ele fizesse parte da equipe, mas vetou lhe pagar 
salário fixo, até segunda ordem, pois nos disse que só poderia garantir 
isso quando a banda entrasse em uma rotina de shows com agenda cheia.
Porém, relutou bastante com a ideia do Eduardo ser contratado para trabalhar 
no Fã-Clube. Ela queria enquadrá-lo apenas como roadie, e nas mesmas 
condições do Edgard, ou seja, para ganhar por produtividade em shows, no entanto, a
 necessidade que tínhamos foi outra pelo trabalho que o Fã-Clube tinha etc.
Tivemos que usar vários argumentos para convencê-la que o
 Fã-Clube era vital, e não poderia parar as suas atividades, e que pelo contrário, fora a hora ideal para expandi-lo. Ela convenceu-se enfim, e resolveu contratar, Russomano, ao oferecer-lhe um salário modesto, no padrão de um escriturário, mas com a "vantagem" 
de não precisar cortar o seu cabelo, vestir-se a vontade, e trabalhar para uma 
banda de Rock que gostava, e de cujos membros, tornara-se amigo, 
portanto, foi uma perspectiva boa para ele que estava desempregado 
naquele instante.
Continua... 
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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