Apesar do clima galhofeiro e crônico nesse sentido, sempre muito forte nos bastidores do Pitbulls on Crack, e da 
identidade sessentista ser praticamente uma farsa como ideologia da 
banda, propriamente dita, claro que todo mundo apreciava muitos ícones 
contraculturais e em certos aspectos, houve uma harmonia nesse sentido.
Claro,
 com graus de comprometimento e entusiasmo, diferenciados.
Eu estava 
enlouquecido pela questão do resgate, e vivia como se estivesse em 1967,
 O Chris e o Deca gostavam muito dessa vibração, apesar das piadas e o Juan 
Pastor, bem menos, mas também apreciava alguns aspectos. 
Por 
exemplo, a questão de tentarmos imprimir uma atmosfera sessentista no nosso 
camarim, para a ambientação, e assim, absorvermos uma vibração muito auspiciosa para 
subir ao palco, e termos um recanto de pós-show, claro.
Já 
estávamos a criar esse ambiente em shows recentes, mas nesse em específico, onde 
sabíamos que ficaríamos horas no camarim, demos uma caprichada maior e 
ficou bem agradável. 
O Deca caprichou nessa produção, a trazer tecidos 
indianos de sua casa para decorar o ambiente dessa forma, e assim montamos uma verdadeira "tenda 
hippie". Com muitas flores, incensos e retratos de Deuses hindus e 
ícones do Rock etc. E também, providenciou um som para servir como lounge, somente
com a cítara de Ravi Shankar a estabelecer uma atmosfera incrivelmente 
relaxante e inspiradora.
O nosso camarim tornou-se atração do festival entre os assessores de produção do evento. Veio gente até para fotografar...
 
Fato muito
 interessante, foi que recebemos diversos representantes de fanzines 
a pleitear entrevistas. Em sua maioria, eram jovenzinhos representantes 
de fanzines focados no universo do Punk-Rock e enxergavam o Pitbulls on Crack, como uma banda Punk, sem perceber nada ao nosso redor.
Mesmo
 com toda a maquiagem sonora e no aparato todo, a questão semiótica é 
sempre complexa. Uma coisa foi acharmos que estávamos a passar uma mensagem 
clara e outra, bem diferente, foi a maneira pela qual as pessoas 
interpretaram tal mensagem.
Bem, confesso que também aprendi muitas lições
 nesses anos com o Pitbulls on Crack e com esse convívio com pessoas que transitavam 
entre o Punk, Pós-Punk, e os seus derivados todos, incluso o estilo "indie", 
eis que eu aprendi a ser muito mais tolerante e compreensivo nesse aspecto. 
Nessa
 altura, eu já tinha a plena consciência de que nem todo mundo que gostava do 
Punk-Rock em si, comungava com aqueles conceitos agressivos lançados em meio ao manifesto de 1977. 
Garotos a produzir esses fanzines, por exemplo, nem suspeitavam que tal movimento em seu 
nascedouro, fora carregado de preconceitos, revanchismos infundados,
perseguições e preconceitos sem cabimento. Então, como eu poderia nutrir
algo contra esses meninos?
Um outro aspecto interessante sobre a montagem de 
nosso camarim hippie, foi que muitos (muitos mesmo, não estou 
a exagerar), vieram comentar conosco que a notícia de nosso camarim estar
todo arrumado daquele jeito, e nós sermos receptivos, destoara do camarim
 de uma certa outra banda participante do festival, onde estes mesmos interlocutores haviam sido tratados com rispidez. 
Bah... como dizia a Gal Costa, naquela velha (e ótima) canção: "Cultura e civilização, elas que se danem"...
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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