Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 12 - Por Luiz Domingues

Chegou enfim o momento do quarto ensaio, e nesse dia, eu tive enfim, o prazer de conhecer a cantora, Luciana Andrade, que pela primeira vez participou de um ensaio conosco. A banda estava bastante segura, já a tocar sem maiores preocupações com a harmonia das músicas. A Luciana foi o requinte final, naquele momento, pois a sua voz era muito afinada, com extensão, e um lindo timbre, límpido e feminino. 

Uma graça de pessoa, ela mostrou-se bastante simpática, solícita, e demonstrara gostar de interpretar as letras plenas de psicodelia, escritas pelo Ciro. Com a sua presença, o som ficou ainda mais bonito, e acredito que estávamos prontos para a estreia, a animarmo-nos. 

Desse ensaio, lembro-me de ter conversado com o Ciro, ambos sentados na porta do estúdio, na Rua Teodoro Sampaio, e ali, ele me disse estar muito confiante no resultado positivo dessa nova formação. De fato, a sonoridade da banda estava muito boa, e mesmo nos ensaios, foi possível para sentir a verve psicodélica, e assim a imprimir uma aura "Floydiana", para lá de estimulante. Contudo, o Ciro ainda marcou mais um ensaio, por segurança, e estivemos a nos aproximar do final de novembro de 2011.

Veio então o último ensaio, marcado para o mesmo estúdio localizado em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, e na famosa rua Teodoro Sampaio, a maior concentração de lojas de instrumentos e equipamentos do Brasil. O ensaio final consolidou a confiança na banda estar pronta. Particularmente, após cinco ensaios, me senti muito bem ambientado com todos os membros, e o astral mostrara-se leve, em torno da camaradagem em meio a conversas bem agradáveis.

Quanto à sonoridade, estava muito alvissareira, com a vibração sessentista explícita. Tirante músicas dos Titãs e do Cabine C, que seriam difíceis para se extrair o ranço oitentista (mais a canção: "Pânico e Solidão, do Cabine C, pois "Sonífera Ilha" estava agradável sob nossos auspícios Rockers, sem aquele Ska inconveniente da gravação original), todas as demais eram "Floydianas" até a medula. 

O Kim houvera feito arranjos pessoais muito bons, com arpejos e solos bem inspirados. A voz da Luciana foi um ornamento e tanto para a as canções, e o Ciro sabiamente lhe concedera momentos de brilho solo durante o show, onde ela realmente impressionava pela voz bonita e muito afinada. 

Nesse derradeiro ensaio, o Ciro confirmou que tínhamos uma data fechada para um Café Teatro chamado: "Clube Noir", para o início de dezembro de 2011. Habemus estreia! Que viesse a psicodelia! 

Continua...