Exatamente como estávamos a prever que ocorreria, o show ferveu! Como foi bom tocar para uma plateia que soube exatamente quem nós éramos e representávamos, e assim a ansiar por aquelas ouvir canções. Dessa maneira, como
 na melhor das tradições de um show de Rock à moda antiga, o público 
vibrou só por nos ver a subir ao palco para tomarmos posicionamento e apanharmos
 os instrumentos. Foi uma plateia antenada, Rocker, Freak, na melhor 
acepção do termo.
Assim que os primeiros acordes de: "Não Tenha 
Medo", foram tocados pela guitarra do Marcello, o público incendiou-se, e 
na primeira virada executada na bateria pelo Rolando Castello Junior, antes mesmo de iniciarmos o vocal, urros 
foram emitidos e aliás, esse sempre foi um termômetro que tínhamos, pois quando 
nesse começo de show, ouvíamos urros de regozijo durante essa virada, 
nós sabíamos que estávamos diante de uma plateia Rocker que entendia o que 
estava bem o que estava a ocorrer naquele palco, visto que uma plateia leiga, não 
valorizava uma virada de bateria milhas acima da média de bateristas 
comuns, como o Junior fazia normalmente. 
Só por esse detalhe velado, percebíamos que haviam Rockers presentes em meio ao 
público e quanto maior o urro de satisfação, mais nos animávamos, visto 
que a sinergia haveria de ser total durante o decorrer do show inteiro por tal reação. 
E 
foi mais uma vez nessa turnê, que constatávamos uma espécie de azar, eu diria, 
porque em shows realizados em casas de melhor infraestrutura, geralmente
 encontrávamos uma plateia "não iniciada" nas tradições do Rock, e que 
pior que isso, mal sabia quem éramos e exatamente o que a nossa banda representava dentro da história do Rock brasileiro, por ter surgido de uma árvore 
genealógica nobre nesse sentido.
Em contrapartida, era curioso que geralmente em 
casas com estrutura modesta, ou mesmo ruim, deparávamos com plateias quentes, a saber exatamente quem éramos na nossa história e a nossa linhagem dentro do Rock 
nacional.
A se lamentar, apenas essa equação, que prejudicava 
indevidamente a nossa performance, ao tocarmos com um PA inadequado e 
ausência de uma iluminação decente, justamente para quem merecia nos 
assistir/ouvir, com as melhores condições técnicas possíveis. Bem,
 feito o desabafo em ritmo de constatação ou vice-versa, relato que o 
show foi sensacional do começo ao fim, com vários picos de euforia. É 
sempre muito gratificante para qualquer artista, olhar nos semblantes das 
pessoas e verificar que estão emocionadas, e foi isso que eu vi na maioria 
das faces que mirei, no calor da misè en scene.
A euforia foi
tanta, que nos arriscamos a fazer um improviso de última hora, ao tocarmos
um pedaço da música: "Sociedade Alternativa", do Raul Seixas, apenas para fazer uma
 brincadeira com o freak doido, dono da casa, o tal "Biba". Cantamos no 
refrão: "Viva, viva, viva o Biba e a sua cabeça alternativa".
Quando surpreendemos o público com o riff de "In a Gadda 
da Vida", do Iron Butterfly, a casa caiu, com gente a pular de alegria,
 como se comemorasse um gol no estádio de futebol. Os temas mais 
progressivos fizeram o público vibrar, também. A cada demonstração de 
ecletismo dos nossos guitarristas, ao trocar de instrumentos o tempo 
todo, também, e esse fora um trunfo que somente plateias Rockers poderiam 
mesmo valorizar.
Em suma, esse show em São Leopoldo, foi um dos 
melhores que houvéramos feito até então, desde o início dessa formação em 
1999, com uma sinergia incrível. Quando se encerrou, o assédio 
foi total, pois naquelas dependências muito simples, com ausência de 
camarim, se tornara realmente inevitável, mas eu não me queixo, e pelo contrário, 
guardo com bastante carinho essa lembrança das pessoas a nos cercar para
 pedir autógrafos em discos, ou em pedaços de papel, absolutamente em estado de êxtase. 
Demorou para a
 adrenalina abaixar e o calor no recinto se mostrara imenso. Foram cerca de duzentas
pessoas confinadas em um espaço que era adequado para cinquenta, talvez 
setenta, no máximo. A nossa sorte foi que estávamos descansados, 
pois o dia anterior fora marcado pelo lazer total na cidade de Bento Gonçalves, 
conforme eu já relatei anteriormente.
Descansamos e nos programamos 
para sairmos cedo no dia seguinte para Porto Alegre, onde faríamos o 
terceiro show no Rio Grande do Sul, pois teríamos compromissos de 
imprensa pré-agendados a cumprir.
Visitaríamos São Leopoldo 
outras vezes e gostamos tanto de tocar lá naquela cidade, que incluímos o seu nome em uma 
letra de música composta posteriormente, quando lançamos em 2004, o CD 
"Missão na Área 13". 
Na música, "Rock com Roll", citamos "São Leo" (São Leopoldo-RS), e "Sanca" 
(São Carlos-SP), duas cidades que sempre nos receberam com um calor Rocker 
acentuado (falamos também sobre Chapecó-SC e São José do Rio Preto-SP na mesma canção).
Foi o dia 20 de janeiro de 2002 e havia cerca de duzentas pessoas praticamente espremidas no minúsculo Bar BR-3. Agora, "vou para Porto Alegre, tchau"...
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 163 - Por Luiz Domingues
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