Como agradamos as donas do Bar, Barbarô, ficou acertado então que faríamos todas as sextas e sábados de dezembro nessa casa. Dessa forma, tocamos também nos dias 19 (cento e cinquenta pessoas presentes), 20 (cem), 26 (sessenta), e 27 (cinquenta). A cada apresentação, a banda azeitava mais a sua performance, para alcançar a sua segurança, com swing e dinâmica etc. Apesar
 de estarmos animados com a banda a atingir uma regularidade, o baque da semana fora forte antes da estreia, com a perda do John Lennon. 
Foi na manhã de terça-feira, dia 9 de dezembro de 1980, 
que a notícia explodiu na imprensa : John Lennon estava morto, 
assassinado por um psicopata em Nova York. Naquela manhã, acordei
 cedo para ir ao dentista, e enquanto me arrumava no meu quarto, ouvi 
"Stand by Me", na versão do Lennon, ecoando na TV da sala. Achei 
estranho estar a tocar essa canção em um programa feminino e vespertino, como
 fora a "TV Mulher" da Rede Globo, e já intuí que alguma coisa ruim tivesse 
acontecido... 
O Paulo Eugênio contou-me que ouvira no rádio, 
também ao preparar-se para sair, e assim fora imediatamente à porta da pensão onde 
moravam Wilson e Gereba e os acordou com a buzina do carro. 
Todos
 sentimos, menos o baterista, Edson "Kiko", que realmente não era um 
Rocker como nós. Perder o Lennon desse jeito violento, logo ele que revelara-se um ativista pacifista, foi algo inacreditável, e 
deu mais força ainda aos ventos de baixo astral que traziam os anos 
oitenta, com todo aquele conceito estúpido em torno da destruição niilista, 
com a ideia do repúdio ao passado etc. A frase : "O Sonho Acabou", foi 
repetida na mídia à exaustão naqueles dias, e trouxe-nos uma melancolia 
enorme, uma verdadeira desesperança em termos de futuro. 
Nós já tocávamos várias 
músicas da carreira solo dele, John Lennon, inclusive do último álbum lançado na época, 
"Double Fantasy", que mal acabara de chegar às lojas. Mas a vida prosseguiu, infelizmente, e sem nosso Working Class Hero...Nos shows do dia 19 de dezembro, em diante, o tecladista, Sérgio Henriques, tocou conosco. Mesmo ao utilizar apenas um piano elétrico, e sem órgão ou sintetizador para reforçar, sua contribuição enriquecia demais o som do Terra no Asfalto.






 
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