Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 159 - Por Luiz Domingues

Da esquerda para a direita: Danilo Gomes Santos, Laert Sarrumor, Osvaldo Vicino, Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado e Moacir Barbosa de Lima ("Moah"). Os Kurandeiros em audição de finalização de masterização. 9 de outubro de 2024. Click (selfie), acervo e cortesia: Danilo Gomes Santos

O nosso próximo apontamento foi uma sessão de audição para aprovarmos a masterização das quatro músicas que estávamos a gravar desde março. E assim, no dia 10 de outubro de 2024, nos reunimos na sala técnica do estúdio Prismathias e ouvimos com atenção a masterização proposta pelo técnico, Danilo Gomes Santos, para finalizarmos as músicas.

Que alegria estar nesse instante a desfrutar um momento mágico, sonhado amplamente em 1976, e somente concretizado tantas décadas depois!

É claro que tal ritual eu já experimentara mais de vinte vezes na minha carreira ao ter gravado tantos discos com as muitas bandas pelas quais atuei, mas pelo fato do Boca do Céu ter sido o meu primeiro impulso de carreira e não ter alcançado tal estágio nos anos setenta, creio que o sabor dessa experiência foi diferente ao passar por tal ritual a bordo dessa banda.

A banda reunida para escutar as quatro músicas até aquele ponto gravadas, mixadas e remasterizadas. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 9 de outubro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

Foi inevitável não me recordar da minha adolescência a examinar as capas de discos, lendo vorazmente os seus respectivos encartes com fichas técnicas a conter informações a respeito dos álbuns gravados por artistas que tanto admirei e sobretudo por literalmente fazer a imaginação voar ao mirar as fotos de meus ídolos em ambiente de estúdio a gravar e muitas vezes com fotos de alguns membros ou da banda completa a fazer audição junto ao engenheiro de áudio, produtor ou empresário e mediante tal experiência auditiva e visual simultânea, pois examinar a capa e ouvir o disco era uma praxe lúdica, o fato foi que sonhei muito em passar por essa situação um dia. Que bom, eu consegui, estou retratado em muitos encartes de discos nessa situação e agora o Boca do Céu chegou nesse ponto ao fazer com que o sonhador adolescente de 15 para 16 anos, quando essa história se iniciou, alcançasse por tabela a mesma condição.

Bem, ouvimos com atenção as músicas: "Astrais Altíssimos", "Rock do Cometa", "Desprogramação" e "Serena". Gostamos bastante do resultado final e aprovamos in loco a finalização do material ao dar por encerrada essa etapa.

Na primeira foto, Carlinhos Machado. Na foto 2, Wilton Rentero. Na foto 3: Eu (Luiz Domingues e Osvaldo Vicimo. Foto 4: Eu (Luiz Domingues), Osvaldo Vicimo e Laert Sarrumor. Foto 5: Danilo Gomes Santos, com Wilton Rentero ao fundo (encoberto). Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 9 de outubro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

A aproveitar a presença do nosso grande colaborador, Moacir Barbosa de Lima, o popular "Moah", a filmar essa audição e capturar as nossas reações e comentários, uma filmagem um pouco mais extensa foi por ele editada para celebrar a ocasião e tal material naturalmente enriquece  o nosso acervo.

Em meio às discussões sobre quando e como lançar, e planejamento sobre possíveis clipes de apoio, inclusive, decidimos não perder tempo e já nos prepararmos para começar a gravar mais duas músicas, imediatamente. Dessa forma, o próximo passo foi marcar ensaios residenciais para fechar mapa e arranjo definitivo da base das músicas: "E o que resta é a canção" e "Instante de Ser". Queríamos acelerar o processo e se possível, iniciar a gravação dessas duas "novas"/"velhas" músicas ainda em 2024.

Sessão de audição de 4 músicas  - Estúdio Prismathias de São Paulo. 9 de outubro de 2024. Filmagem, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/mxz21KinF-A

Primeira prova de gravação de "Rock do Cometa" - 6 de março de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/kJ5teV8-Jw8

Segunda prova de gravação de "Rock do Cometa" - 15 de março de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/j7UzlKPZja8

Terceira prova de gravação de "Rock do Cometa" - 15 de março de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/zoM7obYY3QM

Quarta prova de gravação de "Rock do Cometa" -  19 de março de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/w0FjbNqBSZw

Quinta prova de gravação de "Rock do Cometa" -  12 de setembro de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/UcbHyG3YueI

Primeira prova de mixagem de "Rock do Cometa" -  27 de setembro de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/hwFFMFGCPmc

Segunda prova de mixagem de "Rock do Cometa" -  30 de setembro de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/_Z_ioBZPMVg

Terceira prova de mixagem de "Rock do Cometa" -  24 de outubro de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/K1a_bpE2Ur4

Primeira prova de masterização de "Rock do Cometa" -  1º de novembro de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/XsK7tBzQSuQ

Segunda prova de masterização de "Rock do Cometa" -  12 de novembro de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/gXmi-M8gYkA

Terceira prova de masterização de "Rock do Cometa" -  19 de novembro de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/VgZ7IODSzhg

Prova de áudio 1 - "Astrais Altíssimos" - Estúdio Prismathias de São Paulo. 10 de abril de 2024. Edição: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/Xuj5a8kWkxY

Prova de áudio 2 - "Astrais Altíssimos" - Estúdio Prismathias de São Paulo. 10 de abril de 2024. Edição: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/dSIEmZT4p-Y

Prova de mixagem 1 - "Astrais Altíssimos" - Estúdio Prismathias de São Paulo. 27 de abril de 2024. Edição: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/1uPmXGr950Y

Prova de mixagem 2 - "Astrais Altíssimos" - Estúdio Prismathias de São Paulo. 30 de setembro de 2024. Edição: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/YfeBzHI_ufI

Prova de mixagem 3 - "Astrais Altíssimos" - Estúdio Prismathias de São Paulo. 24 de outubro de 2024. Edição: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/3hBgwu7Shzo

Prova de masterização  - "Astrais Altíssimos" - Estúdio Prismathias de São Paulo. 1º de novembro de 2024. Edição: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/rlelCAd1nGY

Prova de masterização  2 - "Astrais Altíssimos" - Estúdio Prismathias de São Paulo. 12 de novembro de 2024. Edição: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/fucLRg0npv0

Prova de masterização 3 - "Astrais Altíssimos" - Estúdio Prismathias de São Paulo. 19 de novembro de 2024 - Edição e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/ryQGhe41uG4

"Desprogramação" - Primeira prova de áudio -  Estúdio Prismathias de São Paulo - 23 de julho de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/gLCvrfNkoKs

"Desprogramação" - Segunda prova de áudio -  Estúdio Prismathias de São Paulo - 25 de julho de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/hlAQ1n1Psbo

"Desprogramação" - Terceira prova de áudio -  Estúdio Prismathias de São Paulo - 17 de setembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/ZGpgeAggvic

"Desprogramação" - Quarta prova de áudio -  Estúdio Prismathias de São Paulo - 17 de setembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/nu_8G5omILE

"Desprogramação" - Quinta prova de áudio -  Estúdio Prismathias de São Paulo - 30 de setembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/9JMEmoGTkGg

"Desprogramação" - Primeira prova de mixagem -  Estúdio Prismathias de São Paulo - 24 de outubro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/S2lIxZaKkGU

"Desprogramação" - Prova de masterização -  Estúdio Prismathias de São Paulo - 1º de novembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/1aUF_G_8of4

"Desprogramação" - Prova de masterização 2 - Estúdio Prismathias de São Paulo - 12 de novembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/Phwm9T-f62I

"Desprogramação" - Prova de masterização 3 - Estúdio Prismathias de São Paulo - 19 de novembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/iSv6oHcJqyM

"Serena" - Primeira prova de áudio - Estúdio Prismathias de São Paulo - 1º de julho de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/wLxdlAE-zmI

"Serena" - Segunda prova de áudio - Estúdio Prismathias de São Paulo - 1º de julho de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/E3p4K2pC1iY

"Serena" - Terceira prova de áudio - Estúdio Prismathias de São Paulo - 21 de julho de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/jLtt-k-HDrs

"Serena" - Quarta prova de áudio - Estúdio Prismathias de São Paulo - 9 de setembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/djZFXep_V_A

"Serena" - Quinta prova de áudio - Estúdio Prismathias de São Paulo - 17  de setembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/Cw-7jZ939tQ

"Serena" - Sexta prova de áudio - Estúdio Prismathias de São Paulo - 21  de setembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/XqwP-oMVx6w

"Serena" - primeira prova de mixagem - Estúdio Prismathias de São Paulo - 17  de setembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/AEXJzFVCxFw
 
"Serena" - segunda prova de mixagem - Estúdio Prismathias de São Paulo -  de  de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/KPVdEQBdidQ

"Serena" - Primeira prova de masterização - Estúdio Prismathias de São Paulo -  1º de novembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/L23bo4ffPm8
 
"Serena" - Segunda prova de masterização - Estúdio Prismathias de São Paulo -  12 de novembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/6X1RmQTQoPo

"Serena" - Terceira prova de masterização - Estúdio Prismathias - São Paulo - 19 de novembro de 2024 - Edição: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/5YSkF5vo5KU

Continua.... 

Autobiografia na música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 218 - Por Luiz Domingues

Com a foto de Cátia Cristina, a proprietária do ICBR ao lado da saudosa Sandra Marques no telão, eis a banda a tocar. Os Kurandeiros no ICBR de São Paulo. 29 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Adilson Oliveira

Pois exatamente como eu imaginei, esse foi mais um dia no qual a oportunidade de tocar e rever tantos amigos foi ótimo, mas o ensejo do evento foi bastante emotivo dada a motivação que ali nos reunira.

Assim que cheguei às dependências do Instituto Cultural Bolívia Rock, simpático estabelecimento encravado no bairro da Penha, na zona leste de São Paulo, cumprimentei muitos amigos que ali já estavam presentes e em especial, a figura de Roger Baccelli, organizador do espetáculo e viúvo de Sandra Marques. E de pronto ele me apresentou à sua sogra, mãe de Sandra, uma irmã e as duas filhas dela. Em tom de brincadeira leve, pois ali nem era para se levar as coisas nesses termos, ele afirmou que a Sandra não tinha familiares, mas clones dela e de fato, a semelhança da mãe, filhas e irmã com a Sandra, se provou impressionante. É como se de fato eu estivesse a cumprimentar a própria Sandra em diversas versões dela mesma, de adolescente, a madura e também idosa, representada pela sua mãe.

Confesso que tentei ser o mais agradável e discreto possível, mas foi inevitável não me emocionar ao conversar em específico com a mãe de Sandra e logo que o Roger fez a nossa apresentação mútua, ele salientou que ela trabalhara com a nossa banda e gostava muito de nós e eu interagi diretamente com a sua sogra, a elogiar o ótimo trabalho que a sua filha executara conosco e que nós gostávamos muito dela, Sandra, também como pessoa, por sua educação, nobreza de caráter e docilidade e quando cheguei nesse ponto, notei que a senhora marejara os olhos e eu também, portanto, tratei por amenizar o tom emocional para não causar sofrimento em demasia para uma senhora idosa que já devia estar em choque e sob um processo de tristeza profunda, há semanas. Gostei muito de prestar os meus sentimentos para ela, foi o mínimo nessa circunstância.

Estávamos em trio nessa tarde, pois a nossa cantora, Renata "Tata" Martinelli, e o guitarrista Phill Rendeiro não puderam comparecer e assim revivemos aquele clima de Power-Trio com o qual atuamos por muitos anos, mais notadamente entre 2014 e 2018, a tocar com mais volúpia Blues-Rock como há tempos não praticávamos. 

A nossa banda a homenagear a produtora musical, Sandra Marques. Os Kurandeiros no ICBR de São Paulo. 29 de setembro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Adilson Oliveira

Fizemos conforme o combinado, isto é, um show de choque, porém um pouco maior do que praxe desse tipo de apresentação e foi agradabilíssima a reação do público presente, com todos imbuídos a fazer do evento um ato marcado pela alegria, conforme sempre a Sandra encarou um show de Rock, produzido ou não por ela. E foi exatamente o que ocorreu.

Portanto, acho que a homenagem que prestamos e posso afirmar como um todo, não somente a respeito da apresentação da nossa banda, cumpriu tal papel com muita eficácia. A minha impressão ao encerrar o nosso show, foi de satisfação e sensação de dever cumprido. 

Claro que o Kim Kehl pronunciou algumas palavras sobre a Sandra, ao descrever a nossa relação profissional e de amizade pessoal com ela e isso gerou palmas emocionadas de todos, a honrar a memória da amiga que partira.

No camarim do ICBR, Os Kurandeiros com a presença do guitarrista do Boca do Céu, Wilton Rentero que ali compareceu para prestigiar o evento. Os Kurandeiros no ICBR de São Paulo. 29 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Adilson Oliveira

Em meio a canções clássicas do nosso repertório tais como: "A Noite Inteira", "A Galera quer Rock", "Pro Raul", "Cocada Preta", "O Filho do Vodu", "Cidade Fantasma", entre outras que executamos nessa tarde/noite, a energia que enviamos para a Sandra aonde quer que ela estivesse, foi garantida, assim como o alento ao coração de seu viúvo, mãe, filhas e irmã ali presentes e certamente muito emocionados por isso.

Mais flagrantes direto do camarim. Na primeira foto: O extraordinário guitarrista, Adilson Oliveira, Kim Kehl e o superb tecladista, José Eduardo D'Elboux. Na foto 2, o guitarrista do Boca do Céu, Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues), o lojista e colecionador de discos, Paulo Renato que veio de Porto Alegre para prestigiar o evento e novamente o tecladista, José Eduardo D'Elboux. NMa terceira foto, Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues), Kim Kehl e Paulo Renato. Os Kurandeiros no ICBR de São Paulo. 29 de setembro de 2024. Foto 1- Click (selfie), acervo e cortesia: Adilson Oliveira. Fotos 2 e 3: Clicks (selfies), acervo e cortesia: Wilton Rentero 

Vídeo a mostrar a música "A Noite Inteira" ao vivo no ICBR de São Paulo. 29 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/sGPNdXXPFNU

Vídeo a mostrar a música "O Filho do Vodu" ICBR de São Paulo 29 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/pzppyNnj_rw

Vídeo a mostrar a música "A Galera quer Rock" ICBR de São Paulo 29 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/6UF8-vjtBjc

Continua...

Autobiografia na música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 217 - Por Luiz Domingues

Antes de comentar sobre a participação d'Os Kurandeiros nesse show tributo em si, é necessário contextualizar a situação, para o melhor entendimento do leitor.

Em primeiro lugar, é preciso salientar que tal show em formato de um tributo, foi organizado para homenagear uma pessoa querida na cena musical, que nos deixara de uma forma abrupta e certamente muito precoce. 

A super valorosa produtora musical, Sandra Marques, que nos deixou de uma forma súbita e muito precoce, certamente. Fonte:  Facebook

Sandra Marques trabalhou muitos anos como produtora musical a agendar shows de muitos artistas. Profissional dinâmica, inteligente e muito correta, teve uma interação muito boa com Os Kurandeiros, e todos os shows que ela produziu da nossa banda em tempos passados, foram bem concebidos, administrados e sob uma linha de conduta absolutamente cordial, mediante completa lisura na parte financeira tratada e honrada.  

Os Kurandeiros como atração musical em noite de comemoração do aniversário da querida amiga, Sandra Marques, na casa noturna, Santa Sede Rock Bar em 2018. Click, acervo e cortesia: João Pirovic 

Sandra era mais ligada a uma cena Hard-Rock/Heavy-Metal a trabalhar focada com artistas dessa vertente e os seus contatos frutificavam muito bem nesse meio, predominantemente, no entanto, ela gostava muito da nossa banda, mesmo a saber claramente que éramos de uma outra escola estilística muito distinta da seara na qual ela costumava trabalhar e apreciar, e por conta de seu entusiasmo sem igual, mesmo sabendo muito bem que pertencíamos a outro nicho, nos ajudou por diversas vezes. A sua simpatia para com a nossa banda era tão formidável que ela chegou a comemorar um de seus aniversários em uma casa noturna na qual iríamos nos apresentar, somente para aproveitar o ensejo de ter o nosso fundo sonoro para animar a sua noite em meio aos seus convidados.

Como pessoa, Sandra Marques era de uma docilidade absurda. Pessoa boníssima, muito ligada à sua família como um porto seguro, não se furtava a sempre demonstrar carinho pelos seus pais, irmãs, filhas e sobrinhos, e certamente ao marido, bem na tradição de uma típica família de origem italiana a viver no italianíssimo bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo. E assim, entre os almoços e jantares familiares, comemorações das conquistas esportivas do Palmeiras e muita música, teve uma vida feliz e era querida por todos, incluso pela enorme quantidade de amigos que adquirira por conta da sua atuação no ramo da música profissional.

Quando soubemos da notícia de seu falecimento, certamente que foi algo chocante, pois foi uma ocorrência muito súbita e assim, deixou todos perplexos e muito tristes. Vítima de uma ataque cardíaco fulminante, em tese não tinha idade para ter sofrido isso, mas infelizmente esse mal lhe ocorreu e ela nos deixou, para tornar o meio musical bem menos rico sem a sua presença tão querida.

O excelente guitarrista, Roger Baccelli, viúvo de Sandra Marques. Click, acervo e cortesia: Kakau Leão

Decorridos alguns meses após o período de luto profundo no qual mergulhou, seu viúvo, o excepcional guitarrista, Roger Baccelli, começou a organizar esse espetáculo que reuniria muitos músicos com os quais ela trabalhou e que se tornaram seus amigos. Inicialmente, Roger vislumbrou chamar os músicos de uma forma individual e assim, formar combos aleatórios para se executar músicas de bandas nacionais e internacionais que ela apreciava. 

E foi assim que eu recebi da parte dele, uma mensagem privada através de uma rede social e aceitei de pronto o convite, pois gostava muito dela e dele, igualmente, e assim, não poderia deixar de participar de uma homenagem à memória da Sandra e prestar solidariedade ao Roger, que agora viúvo, naturalmente que estava a sofrer o impacto dessa perda avassaladora e precisava do apoio dos amigos para lhe dar alento.

Parte emocional a parte, na questão musical, a ideia dele foi boa ao misturar os músicos amigos e produzir um caldeirão de sons que ela gostava, no entanto, no meu caso em particular (e creio que também para os meus companheiros d'Os Kurandeiros), a lista de opções por ele proposta, ficara difícil para se lidar, pois predominara a escolha em torno de bandas de Heavy Metal com as quais eu não tinha a menor familiaridade e por não nutrir nem apreço por tais artistas, nem mesmo memória afetiva eu mantinha com a produção dessas bandas elencadas por ele.

Foi quando tivemos a ideia de sugerir a participação d'Os Kurandeiros com um show de choque, o que facilitaria tremendamente a preparação e ao mesmo tempo, haveria de honrar a memória da Sandra Marques, na medida em que ela gostava da nossa banda e nós, componentes, gostávamos dela. 

Essa ideia frutificou e Roger acabou por modificar parcialmente a concepção do espetáculo ao dar espaço para outras bandas autorais também, incluso a dele mesmo, "Nacionarquia", que mesmo inativa há algum tempo, reagrupou-se espacialmente para a ocasião e certamente que a Sandra, que foi sua produtora, haveria de ser muito bem homenageada.

E assim, o show foi montado em torno de bandas amigas com as quais ela trabalhou e ao final, muitos músicos de outras bandas formariam um combo em regime de revezamento, aí sim para tocar músicas de bandas internacionais que ela apreciava.

Tudo combinado, a data marcada para essa celebração foi o dia 28 de setembro de 2024 e o local escolhido para tal realização foi o Instituto Cultural Bolívia Rock, uma casa de espetáculos que Sandra Marques frequentou com entusiasmo, também por nutrir amizade com a sua proprietária, Cátia Cristina, e por conseguinte, ter mantido amizade com o saudoso Edgar Franz, o popular "Bolívia", persona querida no meio, grande fotógrafo & film-maker, a se tratar do falecido marido de Cátia.

Continua...

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 158 - Por Luiz Domingues

Bem, a situação foi toda arranjada pelo Laert Sarrumor e a nossa empresária, Marcinha Oliveira, que sendo o casal, amigo do proprietário de uma charmosa livraria localizada no centro do bairro do Gonzaga, uma das praias mais famosas de Santos, eis que ambos idealizaram o evento quase nos mesmos moldes com os quais havíamos nos apresentado no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo, ou seja, a conter a minha tarde de autógrafos do livro "Boca do Céu" (a autobiografia de Luiz Domingues na música - Volume I), e com direito a uma apresentação musical do próprio Boca do Céu como um adendo.

A história pregressa de Laert e Marcinha com tal livreiro ultrapassava a amizade, aliás, pois por duas vezes o combo "Três do Língua", um trio alternativo de membros do Língua de Trapo acostumado a realizar apresentações "pocket" na base de dois violões e vozes, havia se apresentado no mesmo estabelecimento.

A livraria em si, apesar de bem charmosa e por ser ponto de intelectuais e artistas na cidade, tinha as suas dimensões bem reduzidas em termos de espaço físico e assim, tais apresentações musicais eram feitas costumeiramente na calçada em frente ao estabelecimento e havia inclusive uma tradição de artistas ligados ao estilo do "chorinho" ali a se apresentar todo sábado no período do final da tarde. 

Localizada bem no começo da Rua Marechal Deodoro, esquina com a Praça da Independência, o estabelecimento era super bem ambientado e tinha dessa forma a sua tradição como ponto de encontro de artistas e intelectuais naquela cidade.

Claro que sob um palco robusto, com equipamento condizente e com toda a volúpia de um show de Rock, haveria de ter sido bem mais confortável para nós, mas a apresentação "pocket", mediante o apoio de um modesto "PA" de barzinho, amplificadores cubo e sobretudo pelo fato do Carlinhos Machado ter tocado o famigerado "cajon" e alguns instrumentos de apoio na percussão, não nos constrangeu, tampouco diminuiu o nosso ânimo e também a reação muito calorosa que tivemos do povo que se aglomerou à nossa volta e assim, foi tudo muito divertido.

E sim, a minha tarde de autógrafos foi prazerosa, embora bem menos concorrida em relação à que eu realizara em São Paulo, dias antes. Mas deu tempo até de visitar algumas boas lojas de discos, daquelas bem especializadas para colecionadores e vender alguns discos d'A Chave do Sol, missão essa que foi proporcionada pelo meu amigo, o guitarrista superb, Milton Medusa, que morava ali mesmo na Praça da Independência e também era amigo do livreiro.

Aliás, Milton fora convidado pelo Laert e participou do show ao tocar conosco, as músicas: "Boing 723897" do Joelho de Porco, além de "Concheta" e "Os Metaleiros também amam" do Língua de Trapo, que foram os temas finais da apresentação. 

Vale destacar que conforme eu descrevi anteriormente no decorrer do texto autobiográfico, o prazer de viajarmos juntos, no carro de Osvaldo Vicino, foi exatamente o que eu previra, ou seja, que incrível foi a sensação de estarmos juntos, os então adolescentes de 1976 a percorrermos os 78 kilometros que separam São Paulo de Santos e a ouvirmos no som do carro as provas das 4 novas músicas que estávamos a finalizar o trabalho de estúdio!

Ainda na fase de chegada e preparação do evento, dentro e fora da livraria Realejo, bem no começo da tarde. Osvaldo Vicino e Wilton Rentero na calçada em frente à livraria na foto 1. Carlinhos Machado e Osvaldo Vicino vistos na calçada, pelo ponto de vista interno do estabelecimento na foto 2 eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero na parte interna da livraria e Boca do Céu na livraria Realejo de Santos-SP. 28 de setembro de 2024. Clicks, acervo e cortesia de Wilton Rentero

Foi notável o clima de descontração e alegria que sentimos ao estarmos ali em Santos, no ensejo dessa apresentação e tendo como pano de fundo o lançamento do meu livro que conta justamente a história dessa banda. Por termos chegado bem no começo da tarde, deu tempo para darmos uma volta nas imediações, quando eu aproveitei para visitar as lojas de discos dos arredores, conforme mencionei e os colegas foram almoçar.

Sobre a apresentação, tocamos exatamente o mesmo repertório previsto para o show anterior, com cinco músicas autorais (as que havíamos gravado até então), a releitura do clássico do Joelho de Porco ("Boeing 723897") e duas do Língua de Trapo, a conter como novidade a música: "Os Metaleiros também amam", que os fãs do Laert sempre esperam que ele cante, mesmo que o contexto não seja o do Língua de Trapo.

Nessa hora, com o reforço do grande Milton Medusa e de um percussionista bem famoso na baixada santista, o Zé, tocamos com bastante parcimônia no aspecto do volume, porém, com animação e muita interatividade da parte das pessoas e assim arrancamos aplausos, assovios e pedidos de bis. 

Quem diria, hein, Boca do Céu? Um show fora da nossa cidade natal e a arrancar aplausos, que satisfação foi para todos nós, vivermos para constatarmos tais avanços, quase inatingíveis em 1977, quando a se pensar na presença de Wilton Rentero na formação, nos esmeramos tanto para buscar os nossos sonhos e somente depois de 2020, enfim conseguiríamos alcançá-los.

Na linha de frente: Eu (Luiz Domingues, Laert Sarrumor e o nosso convidado, Milton Medusa). Na retaguarda: Carlinhos Machado, Wilton Rentero e Osvaldo Vicino. Boca do Céu na livraria Realejo de Santos-SP. 28 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Marcia Oliveira.

Finalizada essa jornada praiana e heroica pelas circunstâncias, o nosso próximo compromisso foi nos reunirmos com o técnico, Danilo Gomes Santos nas dependências do estúdio Prismathias em São Paulo e juntos realizarmos uma audiência final para fecharmos o processo de masterização da quatro músicas que iniciamos a gravar em março de 2024, e finalizávamos naquele ponto de final de setembro do mesmo ano.

"Rock do Cometa" - Realejo Livros de Santos-SP - 28 de setembro de 2024  - Filmagem e cortesia: Marcia Oliveira

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/todFQG3uAZA

"Astrais Altíssimos" - Realejo Livros de Santos-SP - 28 de setembro de 2024  - Filmagem e cortesia: Marcia Oliveira

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/BhFA9CIrLME

"Desprogramação" - Realejo Livros de Santos-SP - 28 de setembro de 2024  - Filmagem e cortesia: Marcia Oliveira
Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/LQy4ajG_n6w

"Serena" - Realejo Livros de Santos-SP - 28 de setembro de 2024  - Filmagem e cortesia: Marcia Oliveira

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/2U3Y8gFW4xQ

"1969" - Realejo Livros de Santos-SP - 28 de setembro de 2024  - Filmagem e cortesia: Marcia Oliveira

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/RYmqVbQR3kk

"Os metaleiros também amam" (Língua de Trapo) - Realejo Livros de Santos-SP - 28 de setembro de 2024  - Filmagem e cortesia: Marcia Oliveira

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/N2fMbWZD2E0

"Boeing 723897" (Joelho de Porco) - Realejo Livros de Santos-SP - 28 de setembro de 2024  - Filmagem e cortesia: Marcia Oliveira

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/gykPuyiFJZw

"Concheta" (Língua de Trapo) - Realejo Livros de Santos-SP - 28 de setembro de 2024  - Filmagem e cortesia: Marcia Oliveira

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/AfOXW59gPSA

Continua...

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 157 - Por Luiz Domingues

E mais um dado extraordinário ocorreu para essa banda. Como se não bastasse ela ter se reagrupado em 2020, ou seja, 41 anos após a sua dissolução, ter gravado e lançado o seu primeiro single oficial em 2023 (com direito a um grande número de execuções radiofônicas), participar de entrevista ao vivo em programa de rádio e acumular mais material de portfólio do que jamais conseguira nos anos da sua existência tão juvenil e incipiente nos anos setenta, eis que nesse ponto de setembro de 2024, ela também   já estava a finalizar a gravação de mais quatro músicas, havia feito dois shows ao vivo e um bem recentemente em um belo teatro e pasmem, anunciara a sua primeira participação com show para fora da cidade de São Paulo!

Tudo bem, eu sei muito bem que no contexto de uma banda formada por adolescentes essas conquistas todas que elenquei anteriormente soam e o são na verdade, bastante pueris. Contudo, o extraordinário dessa situação, foi constatar que mesmo ao se considerar que esta banda em pleno momento de 2024, era formada por senhores no avançar da terceira idade e que três deles já tinham longa carreira na música e experientes ao extremo (eu mesmo incluso), portanto, acostumados há décadas com a movimentação inerente a uma carreira musical, eu me reservei ao direito de analisar e sobretudo me regozijar com tais feitos, justamente pela situação atípica do Boca do Céu no contexto das suas distintas fases construídas ao longo das décadas. 

Exatamente por ter sonhado com tudo isso nos idos de 1976, mas na prática tendo conseguido resultados pífios naquela época, eu me resignei completamente com o fato de que a banda tivera alcançado tal situação modestíssima como conquista e tratado isso como um primeiro passo, heroico, certamente pelas circunstâncias todas envolvidas e principalmente pela minha própria condição individual completamente despreparado para sequer aspirar me tornar músico.

É óbvio que eu sempre me orgulhei desse estopim da minha carreira que foi o Boca do Céu, tanto é que tal linha de raciocínio está devidamente expressa a exprimir tal sentimento no texto da minha autobiografia e nesses tempos de setembro de 2024, finalmente impresso em livro tradicional e que eu acabara de lançar, inclusive.

Entretanto (aliás, algo que é muito evidente), essa reunião da banda após 2020, com a posterior ideia de gravarmos um disco e as oportunidades que advieram por conta dessa resolução, registraram fatos novos à história da banda e isso se tornou também uma novidade para a minha trajetória, como uma adendo inédito e também inusitado, devo acrescentar. 

Por outro lado, ocorreu que por ter forjado uma longa carreira e nesse bojo ter construído uma história multifacetada por haver participado de várias bandas, cada uma com a sua história própria muito bem delineada e a arregimentar muitos admiradores, eu me acostumei com a ideia de que todas, sem exceção, produzem novidades póstumas o tempo todo, praticamente.

Sejam discos, vídeos e material impresso produzidos por ex-membros, produtores musicais ou midiáticos e até por eu mesmo, tais bandas estão sempre a ser relembradas nas páginas das redes sociais ou veículos da mídia. E fora disso, são incontáveis as menções em tom de homenagem feitas espontaneamente por fãs e admiradores em geral, portanto, o fato é que se tornara rara a semana em que eu não fosse abordado nas redes sociais com pelo menos uma citação desse porte e sempre fiquei muito enaltecido por saber que tais trabalhos frutificaram tanto, a gerar um impacto incomensurável ao ponto das pessoas guardarem com tanto carinho as suas lembranças pessoais, ao relembrar com emoção dos shows que assistiram, ou o sentimento bom de ter ido a uma loja com a finalidade de comprar um disco de qualquer uma dessas bandas mencionadas.

E o tempo todo eu me senti muito feliz ao receber tais manifestações, a agradecer, repercutir e me regozijar com essa longevidade artística alcançada.

No entanto, essa retomada do esforço do Boca do Céu para se reunir e formatar um disco, ganhou um sabor completamente diferente na minha percepção, no sentido de que sobre essa banda em específico, dadas as circunstâncias, eu nada mais esperava e como em um passe de mágica, ela ressurgiu das cinzas e criou uma nova etapa, cheia de conquistas incríveis e nesse aspecto, o fato de eu estar com a idade avançada em 2024, e ter uma carreira cheia de conquistas bem significativas, não normalizou o que o Boca do Céu dos anos 2020 conseguiu arrolar e nesses termos, eu passei a achar incrível cada passo dado, a raciocinar pelo ponto de vista do adolescente dos anos 1970, que eu fui. E confesso, isso me encheu de orgulho pelo desempenho do Boca do Céu.

Em suma, quando surgiu o convite para fazermos um show fora da cidade de São Paulo e amalgamado com mais uma tarde de autógrafos do meu livro, foi um momento especial para a nossa banda e no meu entendimento pessoal, igualmente.

Ao longo da minha carreira toda eu viajei muito para tocar com inúmeras bandas e até a realizar trabalhos avulsos, desde 1979. Fiz muitas turnês organizadas, com shows em cidades diferentes a cada dia, saí do estado de São Paulo inúmeras vezes, tudo devidamente narrado nas páginas da minha autobiografia, porém, não acreditei quando foi marcado esse show do Boca do Céu em uma livraria na cidade de Santos, no litoral paulista e dessa forma, comemorei muito e arrolei tal fato como uma outra grande conquista dessa banda em sua fase vivida em pleno século XXI.

Continua...   

Autobiografia na música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 216 - Por Luiz Domingues

Renata "Tata" Martinelli em destaque. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience - São Paulo - 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

O show caminhava para o seu final e a a nossa performance estava segura e animada. Foi quando tocamos "A Galera quer Rock", um número que tradicionalmente também empolgava as plateias de todos os shows que realizamos, e até antes de eu eu entrar na banda, no sentido que eu sabia que as formações anteriores também sempre a interpretaram com a mesma expectativa e resultado. 

Com direito ao clássico chamamento ao público para a interação, quando a banda parava de tocar e somente a bateria ficava a atuar para provocar palmas dos ouvintes, pelo fato de estarmos a realizar o espetáculo em teatro, tal recurso estratégico foi ainda mais valorizado.

Kim Kehl na primeira foto e Phill Rendeiro: as guitarras incendiárias da nossa banda. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moac ir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

O tema seguinte, "São Paulo" (Vai sobreviver), peça extraída do CD "Cidade Fantasma", como eu já salientei diversas vezes ao longo desta minha autobiografia, é uma música com forte teor "AOR" na sua concepção estética, portanto, é uma música ideal para tocar em espaço ao ar livre, estádios de futebol, preferencialmente, mas certamente que para o ambiente de um teatro, também haveria de soar com a grandiloquência que a caracteriza.

E assim estava a transcorrer, quando quase ao seu final, uma pane  nos pedais do nosso guitarrista, Kim Kehl, provocou um momento de desestabilização na atenção de todos e tivemos um deslize por um ou dois compassos, mas que foi superado, com a banda conseguindo acertar a rota e chegar ao seu encerramento com segurança.

Sempre a bilhar! Renata "Tata" Martinelli no comando da voz e no auxílio com a percussão. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/ Bicho Raro

"Sonhos & Rosquinhas Suite" na sua forma reduzida, exatamente para sinalizar o final do show a emendar com o tema instrumental "Grand Finale" que remontava também ao tema de abertura dos shows já desde muito tempo. 

Show finalizado com grande sucesso, ainda guardávamos uma boa surpresa ao chamarmos ao palco, Laert Sarrumor, vocalista do Língua de Trapo e meu querido amigo desde 1976, quando nos conhecemos e trabalhamos juntos com o Boca do Céu e coincidentemente com o próprio Boca do Céu renascido e tendo aberto o show d'Os Kurandeiros naquela mesma noite e sendo objeto do lançamento do meu primeiro livro autobiográfico. Em suma, foi uma autêntica ação entre amigos!

Laert Sarrumor a cantar conosco. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

Com o intrépido Laert Sarrumor em cena, executamos o nosso tradicional Rock'n' Roll, "Sou Duro", com ele a interpretar a letra mediante a sua verve humorística sempre notável, o que lhe conferiu um élan a mais, certamente. E com direito a um improviso muito bom, quando o Kim Kehl propôs que cada uma fizesse uma pequena evolução personalizada e na vez do nosso convidado, ele soltou a voz ao melhor estilo Rocker, com inspiração e desenvoltura.

Em suma, o show foi encerrado com alto astral ao nos deixar muito contentes pela oportunidade de termos tocado em um bonito teatro, algo raro na realidade dos anos 2020 e aliás, desde muito tempo antes disso e por inúmeros fatores somados. É evidente que eu não abrirei a discussão sobre tal tema neste momento, portanto, apenas sinalizo que foi muito prazeroso e produtivo para a nossa banda ter cumprido o nosso espetáculo nesse ambiente.

Ao agradecer o público, a nossa banda reunida junto ao convidado especial, Laert Sarrumor. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

Realço novamente que fomos muito bem tratados pela equipe técnica de áudio e iluminação do teatro, além de sua curadoria, muito solícita para conosco. Portanto, o fato do monitor destinado a servir o nosso baterista, ter falhado sistematicamente, foi um revés de última hora e que obrigou o técnico a subir algumas vezes ao palco para resolver tal deficiência, com o show em pleno andamento. Aliás, esse profissional é visto em muitas fotos e vídeos a tentar desesperadamente corrigir a falha. Infelizmente, durante o rito do soundcheck essa falha não fora detectada, portanto, tal revés foi um acontecimento de última hora.

Onde está o Carlinhos Machado? Em algum lugar não iluminado atrás da bateria... Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro 

E outro fator, esse sim, que não percebemos durante a realização do soundcheck e simultâneo teste de iluminação, mas só detectamos com o show em andamento, eis que o nosso baterista, Carlinhos Machado não teve iluminação afinada adequadamente para ele e assim, ele tocou sem iluminação focada. Por isso que houve tão poucas fotos com ele em específico e quando aparece em fotos coletivas da banda no palco, está sempre na penumbra, fato também observado nos vídeos. Sendo assim, ele que montara a sua bateria com todas as peças para ornar de maneira bonita o palco, foi duplamente premiado nessa noite pelos aspectos negativos que arrolamos durante o show, além da logística complicada na chegada vespertina, que impactou a todos, mas esta motivada pela direção do Shopping e não pela equipe do teatro.

Aliás, um último evento desagradável ainda ocorreu nesse sentido, pois mesmo com o shopping fechado para o público e a contar apenas com as equipes de limpeza e manutenção a trabalhar nas suas dependências, usamos sim os carrinhos de apoio, mas demorou para conduzimos todo o equipamento para os carros, e dessa forma, intransigente na postura de manter o seu protocolo habitual, eis que Kim Kehl e a nossa produtora, Lara Pap, foram os últimos a sair do estabelecimento e pelo fato de terem deixado o carro no estacionamento regular destinado ao público em geral, mesmo pagando a exorbitante taxa ali cobrada, se depararam com os portões fechados, inclusive com pesadas correntes e cadeados. 

Ora, ao contrário de todos os estabelecimentos regulares do Shopping, o teatro tem características diferentes e daí, seria de se esperar que alguns carros ligados aos artistas e pessoal técnico, haveriam de demorar um pouco mais para sair, além do cálculo que fazem em relação ao público que vai assistir os espetáculos e tal raciocínio se estende igualmente aos espectadores das salas de cinema ali existentes.  

Quem frequenta cinema de shopping sabe bem que após o término da última sessão das dez, os funcionários do shopping fecham os acessos para outras áreas do shopping e demarcam o caminho único como rota rápida e direta aos estacionamentos, sutilmente a sinalizar aos usuários que eles devem rapidamente se evadir do local. Mas no caso específico dos teatros, haveria de existir uma tolerância maior em relação aos artistas, técnicos e equipe de apoio, pois ao contrário dos funcionários do cinema que só desligam tudo e fecham as portas das salas de cinema, no caso de shows musicais e também de peças teatrais, há desmonte, no caso da música, ainda mais, por envolver muito equipamento e daí, tratar tais profissionais como o usuário comum que esteve ali apenas para se entreter sem nenhuma outra atividade, certamente que foi um erro de avaliação da parte de sua direção

Para encerrar o meu relato em tom de desabafo, informo apenas que um membro da segurança avistou o carro dos meus amigos a ter dificuldade de sair do estacionamento e eis que um funcionário da manutenção apareceu com as chaves do cadeado, abriu o portão e eles (Kim Kehl e Lara Pap), finalmente chegaram em casa, pelo menos uma hora depois do previsto e bem chateados com toda a situação.

Aborrecimentos a parte, o saldo pendeu amplamente para a percepção positiva, pois fizemos um belo show, saímos dali com muitas fotos, filmagens e um pendrive com o áudio do PA extraído diretamente da mesa de mixagem, ou seja, a abrir a perspectiva de mais um disco ao vivo ou no mínimo um bootleg de luxo a apontar no horizonte. E tirante a pequena falha cometida por um breve deslize durante a execução da música "São Paulo" (vai sobreviver), o show teve uma excelente performance, com energia e belos timbres captados.

Eu (Luiz Domingues) e Phill Rendeiro na primeira foto. Kim Kehl, na segunda foto. Renata "Tata" Martinelli (com a minha pessoa, Luiz Domingues), ao fundo e uma panorâmica da banda na foto 4. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

E por fim, a noitada foi muito especial para a minha percepção pessoal por todos os motivos já amplamente citados ao longo desta descrição. Ter lançado um novo livro, tocado na abertura com o Boca do Céu e feito o encerramento com Os Kurandeiros, foi um grande momento da minha trajetória pessoal. 

Sendo assim, agradeço à todos os companheiros das duas bandas, também ao pessoal do teatro e suas respectivas equipes técnicas de apoio, por extensão à equipe de produção do meu então novo livro e claro, às pessoas que foram prestigiar esse evento com tripla funcionalidade, algumas delas, aliás, que foram testemunhas oculares, auditivas e incentivadoras dos meus esforços pessoais lá no longínquo ano de 1976, para forjar uma carreira musical, a começar literalmente da estaca zero naquela ocasião. Fiquei comovido por receber novamente o apoio e carinho da parte delas e também de muitos outros que me conheceram de outros tantos trabalhos que eu fiz ao longo da carreira e que igualmente foram me prestigiar ao lançar o volume I da minha autobiografia. 

"Sonhos e Rosquinhas Suíte" - Teatro Jardim Sul Experience - SP - 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Ana Cristina Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/X1dK6RzVpns

"Sou Duro" - Teatro Jardim Sul Experience - SP - 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Ana Cristina Domingues

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/JUhnOt0ij1E

"Sou Duro" - Vídeo 2 - Teatro Jardim Sul Experience - SP - 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Isidoro Hofacker Junior

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/39aLsFsSRMc

"A Galera quer Rock" - Trecho - Teatro Jardim Sul Experience - SP - 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Lara Pap

Eis o link para ver no YouTube:
https://www.youtube.com/shorts/t3vCDMqL66c

Vídeo a mostrar a música "São Paulo" (vai sobreviver), ao vivo  no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/7czoi3PCySA

Vídeo a mostrar a música "São Paulo" (vai sobreviver), ao vivo  no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/mYnKUgAe0HQ

Vídeo a mostrar a música "Sou duro", ao vivo  no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/EVeWDhb87vU

Vídeo a mostrar a música ""Sonhos & Rosquinhas Suíte + Grand Finale ao vivo  no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=gftwToCp8WM

Show na íntegra - Trecho - Teatro Jardim Sul Experience - SP - 20 de setembro de 2024. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro

Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/qZG_RaO4OEU

No final de semana subsequente, a nossa banda voltaria a atuar ao vivo e cabe uma história sobre tal evento, carregada de emoção, pelo aspecto da tristeza, infelizmente, mas também de muita honraria de nossa parte, ao termos colaborado para enaltecer uma amiga que partira muito precocemente.

Continua...