sábado, 31 de julho de 2021

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 335 - Por Luiz Domingues

Sob um soundcheck bem ligeiro, assim que aprovamos o som para começar, fomos informados que tocaríamos seis músicas, mas apenas duas iriam ao ar pela cerimônia específica da premiação da revista. As demais seriam veiculadas em data que não fora estipulada na ocasião, ao ter ficado em aberto, portanto, em um site cultural denominado: "culturaemcasa.com.br, gerido pelo próprio Teatro Sérgio Cardoso. 

Na primeira foto, eu, Luiz Domingues em destaque. Na segunda, o Power-Trio da Patrulha do Espaço em ação. Patrulha do Espaço na solenidade do prêmio Dynamite de música independente de 2021. Teatro Sérgio Cardoso de São Paulo em 29 de junho de 2021. Click óptico, acervo e cortesia: Christiano Rocha Affonso da Costa

Com a autorização do técnico de som e da equipe de filmagem, começamos a tocar então, sob uma iluminação bem discreta, com predomínio de luz branca, exatamente para facilitar a captura de vídeo de uma forma bem simples, como um padrão estabelecido pela produção.

Uma visão lateral do palco. Patrulha do Espaço no Prêmio Dynamite de Música Independente 2021. 29 de junho de 2021. Click óptico, acervo e cortesia: Christiano Rocha Affonso da Costa

Apesar de não termos ensaiado, executamos um set sob controle, mediante pequenos erros de pequena monta, absolutamente  desprezíveis, portanto, aceitáveis ante as circunstâncias.


Na foto acima, eu, Luiz Domingues em destaque. Patrulha do Espaço na cerimônia de entrega do prêmio Dynamite da música independente de 2021, no Teatro Sérgio Cardoso de São Paulo. 29 de junho de 2021. Click óptico, acervo e cortesia: Christiano Rocha Affonso da Costa

Tocamos as seguintes músicas: "Meus 26 Anos", "Ser", "Vou Rolar", "Cão Vadio", "Olho Animal" e "Columbia". Após a execução de "Columbia", o diretor da revista "Dynamite", André "Pomba" Cagni, interveio a nos cumprimentar e entregar ao decano da nossa banda, Rolando Castello Junior, o prêmio Dynamite simbolizado como um troféu estilizado ao estilo de uma banana de dinamite de fato, pelo relançamento dos dois discos de 1980 e 1981 da nossa banda.

Após o recebimento do prêmio, fomos ao camarim para descansar enquanto os roadies desmontavam o palco e ali pudemos conversar por um bom tempo. E foi um prazer estar ali na companhia de velhos companheiros, mais uma vez.

Marcello Schevano, Rolando Castello Junior e eu (Luiz Domingues). Patrulha do Espaço na cerimônia de entrega do prêmio Dynamite da Música Independente de 2021. Teatro Sérgio Cardoso de São Paulo. 29 de junho de 2021. Click óptico, acervo e cortesia: Christiano Rocha Affonso da Costa

Em casa, eu assisti a rápida inserção da nossa performance com apenas duas músicas ("Olho Animal" e "Columbia"), através do site  exclusivo da revista Dynamite. Lastimo, no entanto, o texto que elaboraram para a apresentadora discursar a nos citar, a conter equívocos imperdoáveis sobre a história da nossa banda, mas paciência. 

E no âmbito geral, ficou a expectativa por mais um especial a conter as demais músicas executadas, como eu já citei e certamente por mais lançamentos fonográficos para o futuro a envolver a nossa formação da Patrulha do Espaço.

Marcello Schevano, Rolando Castello Junior e eu, Luiz Domingues. Patrulha do Espaço na cerimônia de entrega do prêmio Dynamite da Música Independente de 2021. Teatro Sérgio Cardoso de São Paulo. 29 de junho de 2021. Click óptico, acervo e cortesia: Lincoln Baraccat

Dessa forma, esta é uma história que fica sempre em aberto para novidades vindouras e assim, continua...

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 334 - Por Luiz Domingues

Então, ali no camarim do teatro Sérgio Cardoso, eu tomei conhecimento de que o segundo álbum da Patrulha do Espaço, recentemente relançado com uma embalagem luxuosa e totalmente remasterizado, continha algumas faixas bônus e entre elas, uma ao vivo da nossa formação chronophágica.

A capa da embalagem especial a envolver a edição comemorativa pelos 40 anos de lançamento do segundo álbum da Patrulha do Espaço, 1981-2021

Trata-se da nossa versão ao vivo de uma canção desse mesmo disco, chamada: "Sai Dessa Vida". Nós a gravamos em 2004, durante a mini temporada no Centro Cultural São Paulo, nos dias 23, 24 e 25 de julho de 2004. Com captura feita pela unidade móvel do estúdio "Área 13" através de Alberto Sabella, Fabio Poles e Gustavo Vasquez e mixagem e masterização de Gustavo Vasquez. 

Desta feita no entanto, essa faixa ao vivo não pode ser considerada
 inédita, visto que já havia sido lançada anteriormente na coletânea "Aventuras Rockeiras do Século XXI". No entanto, é claro que eu fiquei muito contente em ter uma faixa bônus da nossa formação no relançamento de um álbum emblemático da banda.  

Detalhe do encarte a explicar a inserção da faixa "Sai Dessa Vida" ao vivo em 2004, com a nossa formação em ação.

Bem, com mais um registro fonográfico importante a reforçar a minha história com essa banda, eu fui informado que o plano para se lançar um disco ao vivo com a formação chronophágica em peso, mais a presença de Marta Benévolo e muitos convidados, gravado no Sesc Belenzinho em 2018, estava de pé, e que segundo o Marcello me informou, a qualidade do material capturado in loco do áudio, fora considerado excelente, portanto, ficou em aberto a possibilidade de um eventual lançamento, a depender de trâmites burocráticos e certamente do aporte financeiro, este sim, o grande entrave, naturalmente. 

O segundo disco da Patrulha do Espaço em relançamento de luxo a comemorar os 40 anos de seu lançamento em 1981

Bem, a conversa esteve ótima no camarim, mas eis que nos chamaram, tudo estava pronto no palco e um rápido soundcheck seria feito a seguir.

Continua...  

domingo, 25 de julho de 2021

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 333 - Por Luiz Domingues

O convite que eu recebera do Rolando foi para que eu tocasse com ele e Marcello em um show de choque a representarmos a Patrulha do Espaço na solenidade de premiação do prêmio Dynamite de música independente de 2021. Este seria realizado no teatro Sérgio Cardoso, no coração do bairro do Bexiga em São Paulo, no dia 29 de junho de 2021.

Cartaz a anunciar a participação da Patrulha do Espaço na solenidade de premiação do prêmio Dynamite de música independente de 2021

Escolhido um repertório base para compor um show de choque, eis que eu fui comunicado de que apresentar-nos-íamos como um trio, com a formação chronophágica quase completa, a faltar apenas o Rodrigo Hid entre nós e das formações posteriores, não haveria a presença da cantora, Marta Benévolo.

Cartaz alternativo a anunciar os shows da solenidade da revista Dynamite

Além do mais, eu fui avisado pelo Rolando Castello Junior de que a cerimônia seria cercada por protocolos e que nós filmaríamos a nossa apresentação com o teatro vazio somente com a presença dos técnicos envolvidos com a produção, a preservar o protocolo sanitário em virtude da pandemia mundial.

Cheguei cedo ao teatro Sérgio Cardoso e me impressionei com a sua estrutura. A fachada do teatro, localizada na Rua Rui Barbosa é grande, mas a entrada de serviço, localizada na rua paralela anterior, Conselheiro Ramalho, denota que a área construída é gigantesca e com vários andares ainda por cima, portanto, era (é) bem grandiosa a sua constituição.

Aspecto que eu flagrei da cenoténica do teatro Sérgio Cardoso, enquanto esperava pelos companheiros da banda chegarem ao recinto. Patrulha do Espaço no Prêmio Dynamite de Música Independente 2021. 29 de junho de 2021. Click e acervo: Luiz Domingues

A minha entrada no ambiente do teatro foi burocrática, mas não posso me queixar, pois os funcionários da recepção foram gentis ao me cadastrarem e eu também não estranhei que em meio a uma terrível pandemia eu fosse orientado a me dirigir a uma sala ambulatorial instalada ali mesmo no complexo, quando fui submetido a um teste rápido para a detecção do Coranavírus, da Covid-19. Teste superficial de sangue, não 100% confiável, eu tive tal experiência obrigatória, entretanto e fiquei contente pela simpatia da enfermeira que me parabenizou por eu não estar contaminado enquanto colocava a pulseira/crachá a denotar que estava liberado para me dirigir ao palco. 

A coxia do teatro, a perspectiva da plateia, o camarim e o equipamento de Marcello e Rolando. Patrulha do Espaço no Prêmio Dynamite de Música Independente 2021. 29 de junho de 2021. Clicks (alguns selfies) e acervo: Luiz Domingues

Fui conduzido por um solícito funcionário e sem a sua ajuda eu teria problemas para achar, devido ao fato de ser um labirinto tal bastidor. Bem adiantado, fui ao palco, tirei algumas fotos, depois sentei-me na plateia e assisti um pouco o trabalho dos técnicos de iluminação e da filmagem do evento. Um outro produtor do teatro me direcionou ao camarim que ocuparíamos e ali eu tomei posse do espaço em nome da banda. 

Voltei ao palco, alguns minutos depois e eis que encontrei o roadie, Diogo Barreto, a carregar com a ajuda de funcionários do teatro, o kit de bateria do Rolando Castello Junior e o set de Marcello Schevano. Fui informado por ele que viera na frente com o equipamento e que logo a seguir, o Marcello chegaria com o Rolando.

Fotos da montagem do equipamento, já com a presença de Marcello Schevano, Rolando Castello Junior e do roadie Diogo Barreto, em meio aos técnicos de áudio do Teatro Sergio Cardoso. Patrulha do Espaço no Prêmio Dynamite de Música Independente 2021. 29 de junho de 2021. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Enquanto os roadies e técnicos trabalhavam no palco, os membros da banda se reuniram no camarim e então eu fui presenteado com a cópia dos CD's comemorativos pelos 40 anos de lançamento do primeiro álbum da banda (1980-2020) e do segundo, 1981-2021), cujas luxuosas edições produzidas pela gravadora Baratos Afins, em coprodução com a Voice Print e Rock Artisan Records contém faixas bônus com a atuação da formação chronophágica em épocas remotas. Sobre a faixa bônus da nossa formação que consta no primeiro disco, eu já mencionei e a seguir, falo sobre a faixa que está presente no segundo disco.

Continua...

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 422 - Por Luiz Domingues

E logo após a minha entrevista para o ativista cultural, Will Dissidente, ter sido publicada no Blog por ele mantido, "A Chave do Sol", naturalmente que a sua republicação surgiu logo a seguir no Site Wiplash, justamente por ele ser colaborador. A data da publicação foi o dia 13 de junho de 2021.

Eis abaixo o link para acompanhar por tal portal:

https://whiplash.net/materias/entrevistas/331817-chavedosol.html?fbclid=IwAR1mMTlvXTFSpw6XDgg6q7kQIr1yPC2weMk4hnM_axYt4VN-Uj5_v6E_2NU

Alguns dias depois, eis que a segunda parte da minha entrevista foi publicada no Blog d'A Chave do Sol e nesta oportunidade eu falei mais sobre o lançamento dos Bootlegs. Tal publicação foi ao ar em 23 de junho de 2021.

Eis abaixo o link para ler tal entrevista concedida para o ativista cultural, Will Dissidente:

http://achavedosol.blogspot.com/2021/06/entrevista02.html

"My My Hey Hey (Neil Young), sob a interpretação d'A Chave do Sol. 

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=sKWkxYG0S9E 

Algum tempo depois, o próprio Will Dissidente lançou mais um vídeo, desta feita baseado na nossa versão para a música de Neil Young, "My My Hey Hey", faixa extraída do CD Bootleg "Ao Vivo em 1982/1983", com a espetacular voz da Verônica em destaque. 

Continua...

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 191 - Por Luiz Domingues

Após o show reunião de 2019, não havia mais alguma perspectiva previsível para alguma atividade do Pedra, tampouco resgate de algum material antigo, até que em 26 de abril de 2021, em plena ação da pandemia que nos assolava desde 2020, uma novidade foi aventada pelo guitarrista, Xando Zupo.

Ao reescutar uma música que havíamos gravado em sua parte instrumental em 2009 e cuja continuidade a se gravar a parte vocal fora feita em 2013, na realidade esta peça fora suprimida do bojo de canções que compuseram o álbum "Fuzuê" de 2015.

Eu, Luiz Domingues, a atuar com o Pedra em 2013. Click, acervo e cortesia: Michel Camporeze Téer

Toda a narrativa sobre essa música, chamada: "Ultrapasso", se encontra disponível em capítulos anteriores que focaram em tal período citado, portanto, basta ao leitor ler ou reler para entender o contexto pelo qual tal música não foi aproveitada para compor o disco "Fuzuê".

Xando Zupo em foto ao vivo com o Pedra em 2019, justamente a época em que a música "Ultrapasso" fora composta, arranjada e composta. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa

Entretanto, com outra visão e audição por conseguinte, o Xando reavaliou e lançou a ideia no grupo do Whatasapp, para que os demais componentes opinassem sobre a possibilidade dessa música ser resgatada. 

De minha parte, claro que aceitei a proposta, pois é sabido do leitor da minha autobiografia, o quanto estive empenhado nos últimos anos para construir tal narrativa e por conseguinte, resgatar todo o tipo de material proveniente de todas as bandas pelas quais eu atuei e atuo, ou seja, uma iniciativa de se resgatar um material raro, era e sempre será uma oportunidade com a qual eu me sentirei permanentemente entusiasmado para empreender esforços para que tal iniciativa se concretize.

                     O produtor musical e músico: Nando Vieira

Ao avançar no projeto, visto que os demais componentes, Rodrigo Hid e Ivan Scartezini, sinalizaram positivamente, assim como eu, igualmente, eis que o Xando propôs que o áudio bruto com a captura de 2009/2013, fosse enviado a um produtor musical chamado: Nando Vieira, bastante famoso no meio da gravação de áudio profissional, a atuar com gravação, mixagem e masterização de álbuns para grandes artistas mainstream e que ele conhecera por conta de seu trabalho solo, assim que o Pedra encerrara atividades em 2015.

Ora, tudo bem, confiamos na indicação, visto que o Xando mostrara grande entusiasmo pelo trabalho desse profissional e assim, já em meados de maio de 2020, o "track" da música: "Ultrapasso", se encontrava na posse do renomado produtor e com ele a trabalhar na mixagem da nossa música.

Continua...

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 68 - Por Luiz Domingues

Após o ensaio bem desfalcado que provemos em dezembro de 2020, somente com a participação do Osvaldo Vicino e da minha parte, Luiz Domingues, nós observamos um longo de hiato sem atividades marcadas, exatamente por conta da pandemia que se intensificara ainda mais nos primeiros meses do ano. No entanto foi por volta de junho de 2021, que devido à perspectiva ofertada pela nossa faixa etária, todos nós já havíamos enfim sido vacinados ao menos com a primeira dose da vacina contra a Covid-19, portanto, resolvemos combinar uma retomada dos trabalhos, desde que a observarmos todos os protocolos, seguramente.

Enquanto especulávamos sobre em qual estúdio marcaríamos tal ensaio, eu tive uma ideia, haja vista que os três membros que participariam dessa etapa inicial de ensaios preliminares, Osvaldo, Wilton e eu, Luiz, morávamos em bairros completamente distantes uns dos outros (Wilton na verdade, em outro município, Guarulhos-SP) e o Laert também a viver em outra cidade, no caso, São Vicente-SP e este só participaria em uma etapa mais avançada, com um grupo de músicas minimamente estruturadas para que ele pudesse interagir e opinar.

Por conta desta fase inicial, a ideia seria usarmos os pequenos trechos de canções que nós tínhamos guardados em mente e lhes dar um direcionamento para que pudessem se tornar músicas de fato.

Osvaldo Vicino e Wilton Rentero nas guitarras, com a minha presença (Luiz Domingues), encoberto. Ensaio do Boca do Céu em 23 de junho de 2021 no estúdio "Armazém" no bairro do Tatuapé em São Paulo. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

A minha ideia foi então para minimizarmos a distância com um rodízio, em que a cada ensaio, promoveríamos o ensaio perto da residência de um de nós três músicos das cordas. Pois então eu lancei a proposta no grupo de WhatsApp da banda e todos gostaram dessa solução mais amena. 

Para o primeiro ensaio de 2021, eu pesquisei um estúdio no bairro do Tatuapé, a facilitar a vida do Wilton que morava no município de Guarulhos-SP, portanto próximo de alguns bairros da zona leste de São Paulo. Nem tão perto assim, mas seguramente mais próximo para ele, Wilton, que aceitou e o Osvaldo que estava a morar no Jardim Bonfiglioli, na região sudoeste da cidade, haveria de sofrer desta vez, mas que também aceitou e assim marcamos o ensaio.

Eu (Luiz Domingues), mascarado na frente e Wilton Rentero ao fundo. Ensaio do Boca do Céu em 23 de junho de 2021 no estúdio "Armazém" no bairro do Tatuapé em São Paulo. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

Pesquisei via Google e descobri que haviam muitas salas de ensaio disponíveis no bairro e eu fiquei em dúvida entre duas, bem próximas da estação Tatuapé do metrô e culminei em fechar com um estúdio chamado: "Armazém", bem perto da Biblioteca Cassiano Ricardo, na avenida Celso Garcia, ou seja, próximo de onde eu morei em quatro endereços diferentes naquele bairro, em passagens distintas dos anos 1960 a 1980.

Ao final do trabalho, a confraternização final. Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero. Ensaio do Boca do Céu em 23 de junho de 2021 no estúdio "Armazém" no bairro do Tatuapé em São Paulo. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

Foi inevitável, é claro, pois eis que muitas lembranças sobre a própria trajetória do Boca do Céu, que teve aquele quadrante do bairro como um cenário muito forte da sua história, advieram e assim, eu fiquei muito feliz por saber que os companheiros tiveram a mesma impressão, quando me relataram a mesma sensação que tiveram ao visitarem o bairro naquela tarde.

Bem, o trabalho foi em torno da restauração de três músicas do nosso repertório de 1976/1977: "Serena", "O Mundo de Hoje" e "Mina de Escola" e ainda houve tempo para o Wilton nos mostrar uma ideia nova de sua parte, a abrir a possibilidade de se criarem músicas de uma safra 2021, ou seja, que perspectiva interessante para que a banda pudesse resgatar as suas velhas canções setentistas e ao mesmo tempo, vislumbrar uma produção a apontar para o presente, século XXI em curso.

Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues) e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu em 23 de junho de 2021 no estúdio "Armazém" no bairro do Tatuapé em São Paulo. Click (selfie), acervo e cortesia: Osvaldo Vicino

Bem, ficamos todos felizes com o primeiro trabalho preliminar e já deixamos determinado que o próximo encontro dar-se-ia em alguma sala de estúdio localizada nos bairros do Jardim Bonfliglioli, Butantã ou adjacências na zona sudoeste de São Paulo, para facilitar a vida do Osvaldo, desta feita.

No dia seguinte, ao postarmos fotos no grupo de WhatsApp da nossa banda, o Laert se emocionou, ao salientar que achava inacreditável que após longos quarenta e quatro anos, estivéssemos imbuídos daquela energia incrível que tivemos nos anos setenta e a trabalharmos com a restauração das nossas músicas daquela época. Perfeito, se coadunou com o mesmo sentimento que nós três tivemos ali no estúdio "Armazém", ou seja, eu adorei essa vibração natural que geramos em 23 de junho de 2021.

Na mesma configuração anterior. Ensaio do Boca do Céu em 23 de junho de 2021 no estúdio "Armazém" no bairro do Tatuapé em São Paulo. Click (selfie), acervo e cortesia: Osvaldo Vicino

Continua...

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Pares e opostos e... pares de opostos!!! - Por Telma Jábali Barretto

De uma Unidade Absoluta surgimos e, genética e biologicamente, de um par e opostos aqui estamos habitando num corpo físico. Desse encontro harmônico (esperamos e desejamos?!...) gerador dessa explosão nesta Vida podemos agora usufruir dessa existência que, sabemos, ainda há quem, também, duvide que seja somente a superfície, a casca e vestimenta de quem somos... mas é a casa e roupa que pensamos ser quem somos. 

Usamos aquilo dessa polaridade criadora dessa passagem e que, somente, agora nos contém das muitas e tantas experimentadas antes da sagrada mágica nem sempre reverenciamos gratos... Do mesmo Um viemos e no transitar pela matéria e por isso mesmo é na temporalidade desta condição, quase que por uma graça maior, viramos dois, trinos, quadrúplos e...acessamos, gradativamente, a multiplicidade da manifestação em toda sua beleza e esplendor se, e somente se, tivermos abrangência, amplitude e tamanho olhar, percepção... subjetividade que não significa um surreal fora de contexto, mas...palpável, real. Muitas vezes tamanha grandiosidade longe de encantar, assusta... fragiliza e quão pequeno acaba ficando a existência. 

Queremos e mesmo dizendo amantes da liberdade, somos capturados inocentes daqueles da via única, bem longe da Vida Una. Buscamos e aceitamos teoricamente e mas, não gostamos nada da insegurança que os pares de opostos nos apresentam... pois a proposta da dúvida é sempre incomoda porque ameaça aquilo mantenedor do piloto automático e o pensar, questionar e se indo mais além, se ainda formos investigar, cria as tais abençoadas batalhas que são a verdadeira raiz do próprio vir a ser... fonte primordial do desabrochar, despertar, existir! 

Que entre os pares ‘e’ opostos (soma, agrega) e os pares ‘de’ pares de opostos (diminui, desagrega) possamos ampliar percepção, alargando entendimentos sobre o fluxo natural e original do curso essencial do Um que se faz muitos, multiplicando, infinitamente, e sem perder o sentido e conexão com o Indivisível, Cerne de onde todos surgimos! Na mas tê!!!

 

Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira civil, é também uma experiente astróloga, consultora para a harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 332 - Por Luiz Domingues

Exatamente como eu previra no capítulo anterior, mesmo com um hiato de tempo considerável, eis que por volta de abril de 2020, uma novidade fonográfica com a minha participação, foi anunciada pela banda. Ao contrário do que eu imaginei, não foi um álbum ao vivo a apresentar o resultado da turnê de despedida que a banda realizara em 2018/2019, com a minha presença na formação, mas algo nesse sentido, ainda que em proporção reduzida.

Na verdade, o Rolando Castello Junior preparou uma outra novidade, antes de pensar em produzir o álbum ao vivo, quando em associação com o produtor fonográfico, Luiz Carlos Calanca, lançou mediante a chancela da gravadora Baratos Afins, uma edição luxuosa do primeiro álbum da banda pós-Arnaldo Baptista, o famoso da "capa preta", lançado em 1980. 

Mediante uma remasterização impressionante, que modernizou a versão original do áudio produzido quando da época de sua produção inicial e a contar com um encarte luxuoso, comemorativo aos quarenta anos do seu lançamento original (1980-2020), eis que uma faixa ao vivo, exatamente da turnê final da qual eu participei, foi anexada e com excelente qualidade de resolução de áudio, a se tratar da versão da música: "Arrepiado", disponibilizada como uma faixa bônus e estratégica por se tratar de uma canção emblemática e pertencente ao repertório do disco celebrado em questão.

Sobre tal faixa bônus em específico, se trata de uma uma performance muito boa, que teve um trabalho de captura, mixagem e masterização excelente. Tal faixa foi gravada ao vivo no Sesc Belenzinho de São Paulo, na noite de 3 de novembro de 2018.

Eu, Luiz Domingues, exatamente no show em que gravamos a canção "Arrepiado" que foi colocada como "bônus" para a edição comemorativa do primeiro álbum da banda. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo em 3 de novembro de 2018. Click, acervo e cortesia: Dean Claudio

Além de Rolando Castello Junior à bateria, teve as presenças de Marcello Schevano nos teclados, Rodrigo Hid na guitarra e eu, Luiz Domingues ao baixo, ou seja, a formação Chronophágica em peso e a presença de um convidado especial, Xande Saraiva na voz principal e guitarra, que inclusive fez um belo solo de slide no decorrer da sua performance.

A captura dessa gravação, foi feita pela unidade móvel do estúdio Orra Meu, com coordenação de Ricardo Schevano e Gustavo Barcellos e a posterior mixagem foi feita nas dependências do estúdio citado sob a responsabilidade de André Miskalo.

Eis o álbum em sua versão comemorativa na íntegra. A faixa bônus a conter a versão ao vivo de "Arrepiado" é a última, a ser ouvida no momento 39'25''. Cortesia do canal da gravadora Baratos Afins no YouTube

Eis o Link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=TsQSed61X9w

Eis abaixo uma ótima matéria a repercutir tal lançamento, assinada pelo grande jornalista e ativista cultural, Cesar Gavin e publicada em 26 de dezembro de 2021.

Site Rockbrasileiro.net:

https://www.rockbrasileiro.net/2019/12/relancamento-primeiro-album-da-banda.html


Eu, Luiz Domingues a atuar no mesmo show citado do qual se extraiu a versão ao vivo da música "Arrepiado" que foi incluída como faixa bônus da edição comemorativa do relançamento do primeiro álbum lançado pela banda. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo em 3 de novembro de 2018. Click, acervo e cortesia: João Pirovic

Feliz por essa boa novidade, obviamente que estou ciente que mais faixas, frutos desses shows que fizemos entre 2018/2019, poderão alimentar outros discos, como faixas bônus, tanto para relançamentos dos discos clássicos da discografia da Patrulha do Espaço, quanto a alimentar futuras coletâneas e/ou antologias, além de que certamente a possibilidade de um disco ao vivo a conter o bojo dessa turnê da qual eu participei, poderá ser lançado a qualquer momento.

Entretanto, independente dessa movimentação fonográfica, eis que o Rolando Castello Junior me convidou em 15 de maio de 2021 para uma atividade ao vivo da banda, a ser cumprida em junho de 2021, em plena pandemia, porém a seguir todos os protocolos de segurança. Portanto, mais uma história se aventou, além dos lançamentos póstumos em termos fonográficos.

Continua...

sexta-feira, 2 de julho de 2021

A Grotesca Adulteração - Por Luiz Domingues

Lis era uma garota sonhadora e que gostava de desenhar. Através do desenho, esta foi a forma com a qual ele melhor conseguiu expressar a maneira de enxergar o mundo e houve um motivo intrínseco para tal predisposição.

Ocorre que Lis era muito observadora e por guardar tal característica de prestar atenção em todos os detalhes, ela sentia uma necessidade imensa de mostrar o que sentia, e pela via das palavras ela não conseguia ser eloquente o suficiente para chamar a atenção dos seus interlocutores e daí, foi natural que ela aliasse o seu talento natural para o desenho, a fim de depositar nessa forma de arte, toda a sua energia e buscar a expressividade com a qual ela não detinha, definitivamente, como um oradora.

Logo após se formar como desenhista, ela conseguiu um emprego no departamento de ilustrações de uma forte empresa corporativa, mas ali, ante o senso de competitividade inerente desse ambiente, Lis se frustrou ainda mais. Ingênua, ela pensara que a arte seria interpretada da mesma maneira com a qual ela a sentia, mas não, em meio a outros tantos desenhistas a trabalharem em mesas colocadas lado a lado, o clima desse ambiente de trabalho não se mostrara fraternal e muito pelo contrário, os seus pares se portavam com agressividade e individualismo, com cada um a pensar em si exclusivamente, no afã de galgar degraus na carreira e sobrepujar os colegas.

Diante dessa perspectiva, ela que era comedida por natureza, se fechou ainda mais, inibida pela intensa guerra psicológica travada entre os seus colegas e dessa forma, cumpria a sua obrigação a entregar os seus desenhos, porém, invariavelmente eles era ignorados pela chefia e não sem antes sofrer com indiretas a se debochar dos seus trabalhos, desdenhar das influências confessas que ela guardava com carinho em sua memória e que quando foram expostas aos seus colegas predadores, se tornaram motivo de chacota, exatamente para ferir os seus sentimentos e sobretudo por terem se tornado armas para municiar os seus detratores que por conseguinte, consideravam tais artifícios válidos para se minar a concorrência, bem dentro do pensamento pequeno-burguês da aspiração socioeconômica como pilar máximo da vida. 

Sem forças para se impor dentro desse parâmetro tão mesquinho que regia os demais colegas e ao mesmo tempo sem perceber que romper com aquela prerrogativa seria muito mais fácil do que ela poderia imaginar, Lis ficou alguns anos a sofrer calada dentro daquele atelier tão tóxico e absolutamente fora do propósito com a qual ela enxergava a arte e a sua própria necessidade de buscar se expressar no mundo, livremente.

Foi um dia então, que um desenho seu foi aprovado pela cúpula e ela nem esperava mais que um dia isso pudesse acontecer, tão acostumada que ficara com a dinâmica de não aceitação das suas ideias, mediante explicações estapafúrdias para se denegrir a sua arte em detrimento de outros trabalhos que alcançaram êxito sem brilho autêntico algum que justificassem as suas respectivas escolhas.

Aliás, ela já nem mais se importava mais com o fato da sua contribuição ser desprezada, quando foi comunicada que um trabalho seu feito muitos anos antes, fora redescoberto em uma gaveta pelo seu chefe e que este resolvera utilizá-lo enfim, ao reconhecer que este desenho continha uma certa virtude mediante o seu auto-decantado crivo como avaliador.

Ora, Lis se lembrou na mesma hora que esse mesmo senhor lhe dissera, quando mandara arquivar o desenho, a dar conta que ele não o sentira dentro do contexto que a empresa buscava e que faltara expressividade na sua concepção. 

Então, Liz achou engraçado como o rapaz tenha proposto que o trabalho fosse colocado em exposição, sem no entanto se lembrar do que dissera anteriormente, mas simplesmente ao alegar que o achara excelente, agora nesse novo momento e que o engavetara naquela remota época, por que estava fatigado no dia que o vira e assim, não o examinara com o devido afinco.

Muito bem, Lis aceitou a ideia de seu chefe, no entanto calejada pela vida e outrossim sem grande entusiasmo, exatamente por também já antever que a qualquer momento, algum dissabor poderia advir, haja vista que ela não esperava uma outra atitude vinda das pessoas que ali trabalhavam.

Foi então que o rapaz explicou que o dinamismo da tecnologia não permitiria que a obra finalizada em sua arte final, feita com meios os obsoletos de outrora, pudesse ser lançada na atualidade e que dessa forma, ele enviaria o trabalho para ser restaurado por um profissional bem atualizado e muito celebrado no meio, que usava o que havia de mais moderno em termos de maquinário, para a nova arte final ser publicada com um requinte inimaginável para os padrões de dez anos antes.

Tudo bem, Lis compreendeu e deu o seu aval para que essa providência fosse tomada. Cerca de um mês depois, o chefe ligou e a se mostrar eufórico, lhe disse que ela não iria acreditar como a obra estava valorizada, pois ficara ainda mais realçada!

Ora, Lis sabia que contrariamente ao que ele dissera naquela ocasião do passado, ao desprezar a peça, por alegar não "sentir" que tal desenho se coadunasse com o mesmo nível do restante do material e portanto a justificar descartá-lo, desta feita ele dissera aos berros de alegria ao telefone, que a peça em si ficara muito superior ao bojo do trabalho daquela ocasião, ao se contradizer.

Cética ante tal desmesurada afirmativa e sobretudo sabedora de que ele não mudara os seus valores internos em torno da competitividade em busca de ser sempre ele o vencedor em meio aos perdedores que desprezava, ela foi ao atelier para ver a decantada nova arte final do seu trabalho, que segundo ele, estava encantadora.

Quando ela chegou e viu a peça, notou que ocorrera uma grosseira supressão de partes significativas da sua obra. Ao perguntar ao seu chefe o motivo dessa acintosa adulteração da obra original, o rapaz se pôs a fazer uma longa explicação sobre os mecanismos do super moderno software que o novo arte-finalista usou e que neste caso, esse profissional que ele considerava como um "gênio" no meio, continha a concepção moderna de extrair certas partes do desenho original para exatamente deixar a sua lacuna como uma possibilidade de se realçar partes que ele considerara mais vitais à obra em sua inovadora concepção avantgarde. 

E ante a desfaçatez de uma explicação tão absurda para justificar a ruína de seu desenho, Lis não teve dúvida de que mais uma vez estava a ser desdenhada e desta feita com requinte, ante toda essa conclusão infame. 

No entanto, houve uma diferença básica desta feita, visto que para ela não importava mais nada, nem a obra em si e muito menos o jogo de escárnio pelo qual as pessoas se portavam dentro daquela empresa, pois ela simplesmente não trabalhava mais ali.

Dessa maneira, ela agradeceu, saiu dali com educação e cinco minutos depois, nem se lembrava mais do ocorrido. Se por acaso ainda se importasse, na verdade ela só teria feito uma pergunta ao seu chefe, sobre o tal desenho: Vamos repristinar a obra, por favor?