segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 105 - Por Luiz Domingues

O ano de 2018, findara-se, mas ainda tivemos mais um compromisso a cumprir. Desta feita, seria uma apresentação regular d'Os Kurandeiros, mas que revelou-se uma extensão da turnê que recém encerráramos com o Edy Star, a dita: "Toca Raul". 

Eis que visitaríamos novamente a casa de espetáculos, Santa Sede Rock Bar, o nosso tradicional Lar acolhedor na zona norte de São Paulo e ao convidarmos o astro, Edy Star, tornaríamos o nosso show, híbrido, a misturar as duas propostas na mesma noite. Muito bem, estávamos com o show "Toca Raul" em plena forma e sendo assim, não haveria por gerar problemas. 

Dessa maneira, encontramo-nos na casa em questão, com alegria em rever os amigos, proprietários e funcionários do simpático estabelecimento e certamente a contar com um bom público, visto que a repercussão em torno da divulgação desse show, deu a entender que muitas pessoas compareceriam e para a nossa satisfação, foi o que aconteceu, realmente, ainda bem.

Momentos da última apresentação de Kim Kehl & Os Kurandeiros, no ano de 2018. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 22 de dezembro de 2018. Clicks: Lara Pap

Fizemos uma primeira entrada com bastante vigor, a revisitar o nosso repertório autoral ao mesclar com releituras e a resposta do público foi excelente. Foram muitos Rocks, Blues & Blues-Rock ao estilo sessenta-setentista, em profusão, para gerar euforia. 

Uma eventual segunda parte com baladas, para abaixar a adrenalina um pouco, despertou ainda mais ebulição, sob efeito contrário do que esperávamos, visto que as pessoas mostraram-se encantadas com a seleção proposta e aí, além dos urros de regozijo a cada surpresa que proporcionamos-lhes, muitos casais levantaram-se de suas mesas para dançar, o que foi um prazer para nós, visto que conseguimos criar um clima propício para embalar o romantismo exalado no ar. 

Nas fotos 1 e 2, mais flagrantes do show. Foto 3, com o flagrante dos casais a dançarem e na foto 4, mais um pouco da euforia gerada. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 22 de dezembro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Cleber Lessa

Conversamos com muitos amigos no intervalo e na segunda entrada, após um aquecimento com mais canções do nosso repertório autoral, foi quando o Kim Kehl introduziu a presença do astro, Edy Star, ao melhor estilo de um show de cassino em Las Vegas e aí fizemos praticamente o show inteiro, "Toca Raul". 

Mais delírio generalizado nós geramos, pois haviam vários fãs do Edy Star, presentes no recinto e o som dos Kavernistas soou ali, em meio a muitas capas de discos que acenaram-nos, em sinal de agrado pelo que estava a ocorrer ali. 

Nas duas fotos, na linha de frente : Kim Kehl e Edy Star. Na retaguarda: Carlinhos Machado e Luiz Domingues. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 22 de dezembro de 2018. Clicks: Lara Pap

Voltamos ao nosso show regular e a euforia prosseguiu, pois emendamos uma sessão com alguns clássicos do Hard-Rock setentista e só paramos mesmo pois o respeito ao horário limite teve que ser observado, pois se dependesse de nós e do público, teríamos prosseguido, a la Grateful Dead em algum Acid-Test sessentista. Missão cumprida em 22 de dezembro de 2018, com muita alegria em termos tido e proporcionado ao público, uma noitada de Rock muito forte. 
Mais flagrantes da banda em ação. Na segunda foto, atrás, no canto esquerdo, a presença do radialista, Rogério Utrila. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 22 de dezembro de 2018. Clicks: Lara Pap

"Andando na Praia", ao vivo no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 22 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=a6VJ0ZK6UKI 

Ainda em dezembro de 2018, eu fui surpreendido com uma notícia muito boa. O Site RockBrasileiro.Net/Canal de YouTube Vitrola Verde, criou uma enquete a avaliar, mediante votos populares, quais seriam os "melhores" artífices do Rock brasileiro, nesse ano. 

Ora, qual não foi a minha surpresa ao ser avisado por amigos que eu estava nomeado para a categoria de melhor baixista, em meio a ídolos meus incontestáveis, como Willy Verdaguer, Lee Marcucci e Pedrão Baldanza, virtuoses como Fernando Tavares e diversos amigos fraternais meus, tais como Marcião Gonçalves, Izal de Oliveira, Marcelo Frizzo, Andria Busic, Pepe Bueno, Nelson Brito, Ricardo Schevano e Diego Lessa. E também, consagrados nomes como Rodrigo Santos e os meninos do Heavy-Metal, das bandas, Angra e Shaman. 

Só pela nomeação, eu teria ficado muito feliz e certamente com tal fato a repercutir positivamente para a minha banda, Os Kurandeiros. 

Quando saiu a votação popular, eu não fiquei em uma posição de destaque, pois venceram os rapazes do Heavy-Metal, ambos muito bons e com o meu fraternal amigo, Marcião Gonçalves, na terceira colocação. Muito justo o resultado, Luiz Mariutti e Felipe Andreoli, são excelentes instrumentistas e muito respeitados em seu nicho de atuação e o Marcião Gonçalves, mais a ver com o meu espectro musical, é excepcional, eu atesto. 

Claro, todos os indicados merecem todo o meu respeito e admiração e outros tantos que nem foram citados, mas eu sei bem, merecem igualmente o reconhecimento pelo seu ótimo trabalho musical. 

Cesar Gavin, o dono do site e do canal de YouTube citados, era (é) uma pessoa que recebe sempre toda a minha admiração pelo seu empreendedorismo cultural, sem igual, sob uma fervorosa devoção em favor do Rock brasileiro, há anos, portanto eu saudei com ênfase a sua iniciativa e inclusão de meu nome nesse seleto rol por ele criado.

Eis o Link para ver a nomeação inicial, no Site RockBrasileiro.Net/Canal de YouTube Vitrola Verde:  

http://www.rockbrasileiro.net/2018/12/quem-e-o-melhor-baixista-brasileiro-no.html

Na semana do show d'Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, cuja descrição completa eu redigi acima, fui surpreendido novamente, quando vi postagens espontâneas através das Redes Sociais da Internet, vindas de pessoas a cumprimentar-me, pois uma lista adicional fora postada pelo Cesar Gavin, a expressar a sua opinião pessoal, como editor dos dois veículos que comanda, e neste caso, em sua opinião como editor-geral, eu fora o melhor baixista de 2018. 

Ora, isso foi fantástico para o meu enaltecimento pessoal e para a banda em que atuo, Kim Kehl & Os Kurandeiros, além de ter respingado também em uma ex-banda minha, no caso, a Patrulha do Espaço e isso motivado pelo fato do ano de 2018, ter marcado a minha atuação como ex-membro convidado a cumprir os últimos shows da banda, em sua turnê de despedida. 
 
Portanto, claro que eu fiquei contente e tratei de publicar um texto a exprimir o meu agradecimento público, em todas as redes sociais em que participava e isso também repercutiu fortemente, devo acrescentar.


Mais um evento nos estertores de 2018, a Webradio "Só Brasuca", relacionou uma música d'Os Kurandeiros para participar da sua programação especial de final de ano.
E com repetição programada para os primeiros dias de janeiro, a canção: "A Galera Quer Rock" haveria por embalar o Reveillon de 2018 e os anseios d'Os Kurandeiros para o ano novo, de 2019, certamente. E de quebra, duas ex-bandas minhas constaram desse set up da rádio, A Chave do Sol e Patrulha do Espaço.
Então foi isso, em 2018, Os Kurandeiros tiveram um ano positivo com o lançamento de um single a conter a canção inédita: "Andando na Praia", discos ao vivo a capturar momentos da banda ao vivo, entre 2009 e 2017, diversas ações no campo do merchandising, muitas entrevistas e especiais produzidos por webradios, em diversos veículos da Internet e uma turnê com Edy Star, que não apenas proporcionou-nos um grande prazer artístico, como muitas surpresas interessantes ao tomarmos contato com as Casas de Cultura populares, espalhadas por diversos bairros de São Paulo. 
 
Que viesse um 2019, ainda melhor, visto que a nossa determinação para podermos cumprir o clamor popular era (é) sempre no sentido de atender e entender que... "A Galera Quer Rock"...
Continua...

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 104 - Por Luiz Domingues

Última etapa da nossa turnê com Edy Star, eis que o fato de estar marcado para ser em mais uma Casa de Cultura, representou para nós um triunfo em torno da ideia de termos fechado um ciclo. Foram sete espetáculos, todos em Casas de Cultura espalhadas pela cidade e apenas um deles em um teatro, na zona central. 

Assim como houvera ocorrido em Santo Amaro e Butantã, iríamos visitar uma Casa situada em um bairro não periférico, no caso, o Ipiranga, mas não exatamente no coração desse tradicionalíssimo e charmoso bairro da zona sudeste de São Paulo, porém, em um micro-bairro dentro de um de seus subdistritos, no caso, a Vila Nancy, dentro da região do Sacomã. 

Bem, não precisei de muita pesquisa para planejar um caminho, aliás, nem precisava de fato, pois eu conhecia o local, o trajeto e mais que isso, mantinha uma lembrança, ainda que distante sobre tal espaço, visto ter ali apresentado-me no distante ano de 1996, com o Pitbulls on Crack. 

Bem, além de ter sido uma lembrança remota, o fato é que após vinte e dois anos, a Casa de Cultura do Ipiranga passara por modificações radicais e de antemão, através de fotos e relatos que eu ouvira, eu já tinha a consciência que tal espaço ampliara-se e modernizara-se em muitos aspectos, desde então. 

Edy Star em destaque, com Kim Kehl, Carlinhos Machado e Luiz Domingues em ação, na retaguarda. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do Ipiranga, em São Paulo-SP, no dia 15 de dezembro de 2018. Click:  Lara Pap  

No dia do show, eu cheguei em primeiro lugar ao espaço e impressionei-me com as suas modernizações. Não era assim em 1996, mas agora, em 2018, aquele salão de outrora, instalado em um ambiente rústico em meio ao cimento, agora estava inserido em uma imensa praça pública, praticamente um parque, super arborizado e ajardinado e com a existência de brinquedos para a criançada e equipamentos de ginástica, tudo em perfeita ordem para os munícipes usufruírem a vontade. 

E por que, em um dia marcado pelo forte calor na cidade de São Paulo, não estava completamente lotado? Eis aí uma boa pergunta para os moradores do entorno. 

Assim que adentrei o ambiente, notei que uma banda desmontava o seu backline. O palco a mostrar-se com uma ótima extensão e profundidade, e a apresentar dois camarins bem espaçosos, um em cada extremidade, permitia que um artista preparasse-se enquanto o outro apresentava-se, em tese, pois a ausência de uma saída secreta seria imprescindível, haja vista só poder ser possível evadir-se do palco mediante passar-se por ele. 

Talvez no futuro esteja programado a instalação de uma cenotécnica, com a presença de uma coxia, e aí sim, daria para técnicos e outros artistas passarem sem atrapalhar o artista que apresentar-se-ia naquele mesmo instante. Assim espero que um dia ocorra tal modificação, para ficar muito bom o espaço. 

Conversei com o segurança e uma moça da produção, mas ambos não souberam precisar quem fora o artista que apresentara-se anteriormente. Pelo visual dos músicos e instrumentos e de seu backline que desmontavam, deduzi ser um trio orientado pelo Jazz tradicional, a conter uma bateria com as peças em proporção diminuta, baixo acústico e piano, no caso, um teclado simulador e lastimei não ter chegado antes, pois no mínimo, imaginei que fizeram um som elegante, ali. 

Mas eis que o diretor da Casa abordou-me e contou-me que aquele trio executara sim, temas jazzísticos e bastante Bossa Nova clássica, mas não a caracterizar temas instrumentais, entretanto, para acompanhar uma veterana cantora (sensacional, aliás), e que dadas as circunstâncias, pouca gente nos dias atuais imagina que ela teve uma carreira sólida e magnífica nos longínquos anos sessenta. 

E para agravar tal falta de noção sobre a sua carreira, os poucos que poderiam conhecê-la nos dias atuais, só lembrariam de uma fase de sua carreira em que ela mergulhara no espectro popularesco, a cantar pelos programas cafonas da TV aberta e a ter execuções de suas músicas pelas emissoras de rádio AM. 

Falo sobre Jane Morais, espetacular cantora do trio: "Os 3 Morais", durante os anos sessenta e boa parte do setenta, e posteriormente mais conhecida popularmente pela dupla que formou com o seu marido: Jane & Herondy. 

Bem, nos anos sessenta, criança que eu fui, recordo-me que ficava muito impressionado por ver "Os 3 Morais" nos programas de TV, a cantarem temas altamente complexos, a apresentarem malabarismos vocais precisos. Especializados em cantar temas eruditos e a fazerem contraponto e polimelodias, afinadíssimos, eles cantavam peças de Bach, Villa-Lobos e outros compositores eruditos, de uma forma muito bonita, geralmente a fazer uso da vocalização onomatopaica, ou seja, a entoar as notas como instrumentos musicais e não verbalizarem as palavras, embora também apresentassem muitas músicas tradicionalmente cantadas. 

E também apresentavam muita MPB da Velha Guarda e Jazz, portanto, os três irmãos, dois rapazes e uma moça, no caso, justamente a Jane Morais, eram espetaculares. 

Diante dessa conjectura toda de minha parte, fiquei ainda mais frustrado por não ter visto tal apresentação dela nesse espaço e por conta de alguns minutos de uma gravação que ali fizeram e eu pude ouvir, quando conversei com os seus músicos e o motorista da Van que os conduzira, fiquei feliz em verificar que a voz dela estava impecável, apesar da idade mais avançada e inevitável não somente para ela, mas para todos, a seguir a natureza e os fatos inexoráveis da vida.

Da esquerda para a direita: Kim Kehl com Carlinhos Machado ao fundo, na bateria), Edy Star e Luiz Domingues. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do Ipiranga, em São Paulo-SP, no dia 15 de dezembro de 2018. Click:  Lara Pap  

Enquanto eu conversava com os músicos de Jane Morais, Carlinhos Machado chegou e imediatamente inseriu-se na conversa. Ele também lastimou ter perdido o show de Jane Morais e lembrou-se prontamente d'Os Três Morais, que conhecera igualmente nos anos sessenta. 

Daí, o Carlinhos combinou comigo para irmos juntos ao camarim dela, Jane, para a cumprimentarmos. Enquanto isso, vimos que outros carros particulares chegaram ao pátio do estacionamento da Casa de Cultura e várias pessoas, a maioria formada por idosos, desceram e carregaram para o camarim muitos figurinos e acessórios de cena. 

Eram artistas circenses que fariam uma apresentação, antes do nosso show. De imediato, pensei que tal diversificação de atrações, fora muito interessante. Jane Morais a cantar Jazz/Bossa Nova e Música Erudita, com uma boa banda a se revelar como um clássico combo jazzístico, uma sketch circense e uma banda de Rock, no caso, a nossa, teria sido motivo suficiente para o espaço estar completamente lotado, mas o fato foi que a Jane Morais apresentara-se para um reduzidíssimo contingente e enquanto os artistas circenses preparavam-se para a sua apresentação, a casa estava completamente vazia. 

Ora, aonde estavam as trezentas (deduzi esse número pela capacidade do auditório), ou quiçá mais crianças que ali deveriam estarem presentes para assistir? 

Ainda em conversa com o motorista que trabalhava com Jane Morais e sua banda, ele afirmara para eu e Carlinhos, que a turnê em que estava a conduzir tais artistas, percorrera o mesmo circuito que o nosso e que o panorama era sempre o mesmo, gente simpática a administrar os espaços, com determinação e muita boa vontade, mas em quase todos os espaços por eles visitados, com absoluta inexistência de público. Ora, nesta altura, nós também já havíamos vivenciado a mesma experiência, ou seja, que triste foi verificar in loco o desinteresse total da população por cultura & arte e isso explicara muita coisa, mesmo.

Edy Star em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do Ipiranga, em São Paulo-SP, no dia 15 de dezembro de 2018. Click:  Lara Pap 

Foi então que a apresentação circense iniciou-se e poucas pessoas haviam chegado. Ora, com apenas um menino presente e cerca de sete ou oito adultos, incluso nós e o Edy Star, que já estava no ambiente, foi bastante corajosa a performance dos artistas circenses, que não intimidaram-se ao fazer o espetáculo, como se houvessem ali, mil crianças a gritarem. 

Malabaristas, mágico, contorcionista (a única moça jovem da trupe e certamente, pela sua especialidade, algo plausível pela idade), e um palhaço, além de um mestre de cerimônias, com voz empolada, bem clássico a animar a plateia e usar bordões típicos, tais como: "respeitável público" e a enaltecer e não parar de enfatizar as habilidades dos artistas em suas especialidades, foi tudo muito digno, eu diria. 

No meio da apresentação, duas senhoras, igualmente idosas, foram chamadas pelo apresentador e expuseram rapidamente depoimentos sobre as suas respectivas carreiras vividas no Circo tradicional e foi ali que eu entendi o sentido daquela trupe a fazer um espetáculo concentrado em uma hora. 

Como se fora um combo musical, tal pequena trupe não tinha mais espaço em Circos tradicionais, pela idade avançada de seus membros e dessa forma organizara-se para atuar em circuitos como esse das Casas de Cultura, e deduzo, em semelhantes, tais como o das Escolas Ceu e da Fábrica de Cultura do Governo do Estado. 

Louvável, portanto, fiquei feliz por ver essa resistência da parte deles e sobretudo pela dignidade de sua apresentação. Na ausência de um caloroso público formado por crianças, nós que estávamos na plateia, interagimos ao máximo que pudemos, mesmo por que, como bem observou o Carlinhos Machado, como artistas que somos também, naturalmente que sabíamos o quanto era constrangedor para o artista, ter uma plateia diminuta e silenciosa e ainda mais para eles que dependem da euforia infantil, muito mais do que nós. 

Bem, respondemos por cortesia e solidariedade assim aos comandos do mestre de cerimônias e dos artistas ao propor interação, principalmente do veterano palhaço e o espetáculo deles seguiu até o fim como se a casa estivesse lotada.

Uma panorâmica da banda no palco, na primeira foto. Foto 2 : Edy Star em destaque, com Luiz Domingues, ao fundo. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do Ipiranga, em São Paulo-SP, no dia 15 de dezembro de 2018. Clicks, acervo e cortesia: Lara Pap

Chegara a nossa hora e mesmo com os artistas circenses ainda em seu camarim a tirarem a sua pesada maquiagem e figurino, arrumamos o palco e fizemos um rápido soundcheck. 

O equipamento de PA disponibilizado foi bem simples, mas os dois técnicos terceirizados ali presentes, mostraram-se muito solícitos, portanto, tivemos o seu apoio para ter um som digno, dentro das possibilidades. 

A ausência de uma cortina de frente, expôs-nos ao constrangimento dessa preparação ser feita em frente ao público e sim, este contingente crescera, a denotar que mais pessoas haviam chegado com o intuito de assistir-nos. Paciência, um dia uma cortina será instalada ali e se depender dos curadores do espaço, isso certamente ocorrerá, pois estes são realmente interessados e só não agilizam melhorias pois dependem das verbas da Secretaria de Municipal de Cultura. 

Bem, mais alguns minutos passaram e nós iniciamos o show com bastante energia. O público melhorara, sem dúvida e haviam alguns entusiastas dos diversos ícones que o nosso show insinuava como mote, pois a reação foi boa desde o início, como bem notamos. 

Sem a presença de Michel Machado, desta feita, lastimamos a sua falta pelo ótimo molho que a sua percussão sempre gerava em nossa performance e igualmente pela boa companhia que ele sempre foi em termos de amizade, mas o fato é que a agenda apresentara um conflito e ao atuar em outro espetáculo, longe de São Paulo, no dia anterior, o horário de seu voo de volta para a capital paulista não permitira que ele pudesse estar conosco nessa tarde. Uma pena.

Foto 1: Kim Kehl. Foto 2: Luiz Domingues. Foto 3: Carlinhos Machado. Foto 4: Edy Star. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do Ipiranga, em São Paulo-SP, no dia 15 de dezembro de 2018. Clicks, acervo e cortesia: Wanderley Grenchi 

Na plateia, vi a presença do amigo, Milton Medusa, guitarrista extraordinário e um grande amigo, que ali fora prestigiar-nos, acompanhado de uma amiga sua, cantora. 

A editora do Blog Limonada Hippie, Fernanda Valente, também viera de Niterói-RJ e acompanhada de uma amiga oriunda de Criciúma-SC, chamada, Michele, também prestigiaram-nos, além do guitarrista, Vander Bourbon, da banda, Capitão Bourbon, ou seja, foi muito bom ter tais amigos na plateia e posteriormente no camarim para uma conversa animada. 

Encerramos o show com muita energia e mediante uma sensação boa de dever cumprido. Foram muitas as apresentações e observações que arrolei nessas Casas de Cultura que visitamos, conforme o leitor pode acompanhar neste relato.

Especial com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga, em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=5UIPhh35I-A&t=10s

"Rockixe" (Raul Seixas), com Kim Kehl & os Kurandeiros + Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga, em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=oEoMIyJOCYQ

"Sessão das Dez" (Raul Seixas), com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=bv-ZcWF9W6I

"Quero Ir" (Raul Seixas), com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=w2wiXnhXLn8

"Rock'n' Roll é Fodaço" (Edy Star), com Kim Kehl & Os Kurandeiros +Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=tvrOspm3qbM

"Maluco Beleza" (Raul Seixas), com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=sik6Ctj43sU

"Metamorfose Ambulante" (Raul Seixas), com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=zrCPlYOKjJA

"Êta Vida" (Raul Seixas), com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=idkGwhHX7Kg

"Al Capone" (Raul Seixas), com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, na Casa de Cultura do Ipiranga em São Paulo-SP, em 15 de dezembro de 2018

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=pbxH-PMDBvo

E assim, encerrara-se oficialmente a turnê: "Toca Raul", mas Os Kurandeiros ainda teriam mais um compromisso a cumprir em dezembro de 2018 e seria desta feita, o último show do ano e a ser realizado no tradicional reduto Hippie/Rocker, o Santa Sede Rock Bar, de São Paulo.

Continua


Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 103 - Por Luiz Domingues

E agora chegara a hora para que apresentássemos um show da nossa turnê, "Toca Raul", em um palco nobre da área central da capital paulista. Não fora a minha primeira vez, pessoalmente a observar, que eu apresentara-me no teatro da Sala Olido, pois eu havia tocado com o "Pedra", ali, em duas oportunidades passadas (2009 e 2013). 

E no espaço em anexo, a dita sala de vidro, mais modesta, eu também já havia feito uma apresentação com Kim Kehl & Os Kurandeiros, em 2013. Agora seria mais uma oportunidade com Os Kurandeiros e desta feita a acompanhar, Edy Star e reforçados pelo ótimo percussionista, Michel Machado. 

Além disso tudo, em mais um adendo sensacional, teríamos a presença da extraordinária cantora, Renata "Tata" Martinelli, desta feita como convidada, mas em seu caso, com larga participação em eventos anteriores do Edy Star e igualmente como componente honorária d'Os Kurandeiros. Em suma, um prazer enorme pela amizade e brilhantismo em torno da sua enorme categoria como cantora. 

Espetáculo marcado para o dia 9 de dezembro, um domingo, sem outros atrativos para tirar a atenção do público e em meio a um local agradável, sob forte acessibilidade, apesar de estarmos experientes em relação aos tempos sombrios onde teatros não lotavam mais e eu particularmente já houvera passado por tal fator desabonador ali mesmo, com o Pedra, como já citei, no entanto, achei que haveria um quórum ao menos razoável e mesmo sem nutrir grandes ilusões, fui confiante em torno dessa expectativa.

Soundcheck na Sala Olido! Foto 1: Michel Machado. Foto 2: Kim Kehl. Foto 3: Luiz Domingues a observar a preparação do som do percussionista, Michel Machado. Foto 4: Edy Star. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Sala Olido de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks de Carlinhos Machado

E por ter tido experiências semelhantes nas três vezes anteriores em que ali apresentei-me, eu já sabia de antemão que o estacionamento ali do complexo, não obstante ser gigantesco e ficar a maior parte do tempo, praticamente vazio, era muito complicado para ser usado pelos artistas, devido à burocracia dominante que dificultava ou no mínimo, mostrava-se confusa a gerar aborrecimentos no dia do espetáculo. 

Pois veja o drama do artista, amigo leitor, que chega ao complexo, com o seu automóvel repleto de instrumentos e quando não com equipamentos de backline, igualmente a bordo e depara-se ou com a ausência de um porteiro ou com o funcionário ali a postos, entretanto, completamente mal informado ao ponto de negar veementemente a sua entrada, por alegar que não sabe nada sobre a autorização prévia, mesmo que haja em sua cabine, uma lista a conter a marca, modelo e placa de cada carro, devidamente repassada aos responsáveis pela logística, muitos dias antes, em documentos oficiais. 

Passei por esse tipo de situação nas ocasiões anteriores em que ali apresentei-me e por conta desse trauma adquirido, salientei aos companheiros que não bastava passar uma lista com esses dados, mas que seria imprescindível haver uma confirmação oficial e bem documentada da parte dos responsáveis pela garagem e/ou produção geral, nesse sentido. 

Os colegas tranquilizaram-me a relevar a minha preocupação, mas ressabiado, mesmo ao ter passado os dados do meu automóvel como os demais, resolvi de última hora ir a pé e pelo seguinte motivo adicional: como haveria um amplificador do teatro, em ordem para eu usar (ainda que fosse o indefectível, "Hartke", uma marca abominável), eu só teria que levar um baixo. 

Pensei em levar dois instrumentos, dada a pompa e circunstância da ocasião, no entanto, quando projetei-me a ficar em cima de uma calçada, ao ser ameaçado de multa e guincho por autoridades policiais e/ou cercado por pessoas de má reputação (pois a realidade é que aquele trecho do centro velho da cidade é uma extensão da dita "cracolândia"), a esperar surgir ou convencer um porteiro renitente que eu teria autorização para entrar e ele possivelmente negar tal fato, resolvi ir a pé. 

De casa, até a estação do metrô mais próxima de minha residência, seria um trajeto rápido e seguro, naquele horário vespertino e na saída da estação República, até a Sala Olido, se a caminhar em linha reta pela Avenida Ipiranga e dobrar a direita na Avenida São João, mesmo com bastante incidência de malandragem urbana, pelo horário e presença policial mais ostensiva, não haveria de ser tão temerário assim. 

Foi o que eu fiz, ao abrir mão de levar dois baixos. Deu tudo certo, cheguei sem nenhum sobressalto ao local e fui o primeiro a dar entrada no local. Rapidamente fui autorizado a adentrar o acesso ao andar privativo dos camarins, mas o teatro ainda estava fechado. 

Contudo, não demorou muito e um funcionário muito educado e solícito, veio abri-lo e eu instalei-me em um dos camarins. Além da constatação de que fora bem recebido por esse gentil funcionário da produção e mesmo antes pelas recepcionistas do complexo e o segurança do andar, verifiquei que os camarins estavam limpos e arrumados, ou seja, fatores que em ocasiões anteriores em que ali estive, nada disso houvera ocorrido. Portanto, notei que houve uma evolução nítida na organização do teatro, isto é, um ponto positivo. 

Eis que a seguir, logo chegou, Carlinhos Machado e o percussionista, Michel Machado. Edy Star a seguir e Kim Kehl e Lara Pap, por último.

Soundcheck. Foto 1: Luiz Domingues. Foto 2: Kim Kehl. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Sala Olido de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks de Carlinhos Machado

O técnico de iluminação fazia a afinação dos spots, mediante o apoio de seu assistente e o técnico de som, já passava o som do monitor, com o apoio de um tablet. Tudo já estava arrumado assim que cheguei, graças à rigorosa observação do mapa de palco que ele recebera previamente. Rapaz educado, foi solícito e atencioso durante a nossa conversação e posterior soundcheck. Mais um ponto positivo. 

Eis que Renata "Tata "Martinelli chega ao teatro e juntos, passamos a única música que ela cantaria naquela noite: "A Maçã", uma balada linda do Raul Seixas e que em sua voz privilegiada, haveria por encantar a plateia. 

Tudo ajustado, a pressão sonora estava excelente, monitor com brilho e precisão, tivemos alguns minutos para a preparação pessoal nos camarins, antes do público adentrar o recinto. Fomos informados que havia uma boa fila na bilheteria e pelo murmurinho gerado pela entrada liberada, ficamos felizes por termos a confirmação de que haveria um bom contingente presente.

Foto 1: Edy Star, com Carlinhos Machado e Michel Machado, na retaguarda. Foto 2: da esquerda para a direita, Kim Kehl, Carlinhos Machado, Michel Machado e Luiz Domingues. Foto 3: Renata Tata" Martinelli, com Kim Kehl, atrás e encoberto. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Tirnê "Toca Raul". Sala Olido de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Messias da Silva

Bem, quando iniciamos o espetáculo, ficamos felizes pelas boas condições do som e iluminação com as quais estávamos a lidar e sobretudo pelo ótimo quórum ali presente, certamente acima das nossas expectativas e melhor ainda, bastante interativo ao show e a incentivar e agraciar Edy e nós, como banda. E com tal sinergia estabelecida, certamente que tudo melhora e assim, foi um show bastante animado.

Foto 1: Edy Star. Foto 2: Luiz Domingues. Foto 3: Carlinhos Machado. Foto 4: Michel Machado. Foto 5: Renata "Tata" Martinelli. Foto 6: Kim Kehl. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Sala Olido de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Weber Japoneis

Além da canção, "A Maçã", que a Tata Martinelli interpretou tão bem (ao ser muito aplaudida pela plateia), acrescentamos mais um número: "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", outro clássico do Raul Seixas. 

Encerramos o show com uma apoteótica interpretação do tema: "Sociedade Alternativa", que levantou o público, literalmente, ao gerar uma euforia acima da nossa expectativa. Sob aplausos efusivos e um pedido sincero por um bis, que não pudemos retribuir, pois o horário ali do teatro mostrara-se rígido, saímos felizes do palco.

Foto 1: Michel Machado. Foto 2: Kim Kehl. Foto 3: Carlinhos Machado. Foto 4: Renata "Tata" Martinelli, com Michel Machado, ao fundo. Foto 5: Luiz Domingues. Foto 6: Edy Star. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Sala Olido de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Weber Japoneis

No camarim o assédio foi forte e entre tantos conhecidos, recebi a visita de Samuel Wagner, roadie que trabalhara anos comigo ao ter feito parte da equipe de produção da Patrulha do Espaço e também do Pedra, duas bandas pelas quais atuei. 

Grande conhecedor da carreira de Edy e fã de seu trabalho com os Kavernistas, estava eufórico, ao dizer-me que esperava por um bom show, mas fora surpreendido por uma atuação ainda melhor que a sua mais otimista expectativa. 

Que bom, se a média ali presente foi formada por fãs de Raul Seixas, Edy Star e dos Kavernistas, certamente que a opinião do Samuel refletira o consenso geral e isso explicara a demonstração de euforia que sentíramos do público, a reverberar no palco. Foi o melhor show da turnê, até então, e sem demérito algum às edições anteriores, isso foi esperado, na medida em que ali seria certamente o espetáculo a ser encenado sob as melhores condições técnicas, portanto, com produção à altura, claro que o espetáculo cresceria.

Na primeira foto, uma panorâmica do palco. Na foto 2, Renata "Tata" Martinelli em destaque, com Luiz Domingues, ao fundo. Na foto 3, Kim Kehl em ação. Kim Kehl & Os Kurandeiros na Turnê "Toca Raul". Sala Olido em São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Foto 1: Click, acervo e cortesia de Pamela Assis. Fotos 2 e 3: Clicks; acervo e cortesia de Paulo Girão 

Na mesma noite e pelos dias depois, foram muitas as manifestações de agrado da parte das pessoas que assistiram, mediante comentários muito alvissareiros expressos pelas redes sociais da Internet e assim, ficamos muito gratificados e com uma boa perspectiva para o encerramento oficial da temporada, a ser cumprido na semana subsequente, em mais uma Casa de Cultura localizada em um bairro da capital paulistana. 

E como nas duas últimas edições, em um bairro não periférico e sob fácil localização. Eis que visitaríamos a Casa de Cultura do Ipiranga. Missão cumprida no teatro da Sala Olido, no dia 9 de dezembro de 2018, perante cerca de duzentas pessoas.

Eis um especial condensado sobre o show na Sala Olido, em São Paulo:

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=MRZBTB0ysws

Continua...