domingo, 9 de dezembro de 2018

Advento - Por Telma Jábali Barretto


Advento... Que espécie de advento esperamos ? Vivemos num adaeternum, expectativa de um grande acontecimento, chegada ou fato que nos eleve a algum suposto paraíso...Um grande ser (físico ou espiritual...?!...), um portal, uma iniciação ou qualquer situação mágica que lá, naquele idealizado lá, nos coloque, instantaneamente... do minuto antes para o seguinte, num piscar de olhos... Próximo há 2000 anos atrás assim aconteceu...e, mesmo lá, naquele tempo, muitos não comemoraram como se, também assim, tivesse sido?!... Ainda há quem afirme, hoje, questione mesmo aquela vinda e o que tenha provocado... Igual há cem anos e o mesmo na virada do milênio... E, sim! muito viemos conquistando! Como não perceber e constatar ?!... Ainda que estejamos bem aquém das lições já ouvidas e não, totalmente, assimiladas, seguimos avançando ! 

Nossa humilde teoria (e teorizar costuma ser bem fácil, verbalizar mais... momento atual que, para tudo, temos voz !) passa pelo óbvio: os aparecimentos reveladores abundam ao longo de nossa vidinha, mas, dar sentido a eles, na prática, no pleno exercício rotineiro, exige o que mais tememos: mudança! Primeiro na própria atenção com que olhamos para os fatos, pessoas e nós mesmos... E não que não queiramos, necessário se faz, também, vencer a incrível inércia, piloto automático e zona de conforto para, enxergando, detectando, o campo minado que pisamos, não consintamos numa permanência lerda, pouco decidida, preguiçosa... aí então, só vencido esse primeiro sentimento conhecido (e quanto...) começaremos os diferentes passos. Cuidadosos, receosos e, via de regra, mesmo percebendo aos poucos, oscilaremos entre vícios que nos absorvem, dragam no automático e anseios libertadores a insurgir, despertar, estimular a que vençamos a normose, mesmice... provável, começando a trazer descontentamento. 
A cada dia uma assombração / fantasia a nos alcançar, reconvidando em nova aparição que continuemos investindo naquilo que o advento propiciou de vislumbre...ou, ainda, mostrando outros e diferentes... E, aí está o contínuo e encantador jogo da vida: se, perseverantemente, nos mantivermos, se bem nos conhecermos, onde deliberamos chegar, aprimoraremos a experiência, fazendo valer o insight, iniciação... aprofundaremos e daí mesmo tiraremos a essência, assinando e comprometendo-nos mais... Caso sigamos cada novidade, nunca chegaremos a saborear cada fruto, reconhecendo cada perfume sem nunca tê-los absorvido, assimilado... numa contínua insatisfação, à espera de outro e novo milagre... Re inventar em meio ao conhecido, cobra de nós mais primor, atenção... 
Cansamos facilmente das diferentes teorias porque enquanto não as experimentamos, não as respeitamos... não as retivemos na alma... e, com tal, continuarão sendo bonitas teorias, arquivadas numa memória pouco produtiva, não enriquecida pela magia da vivência. E, em nossa manutenção da segurança, enchendo o peito de confiança, afirmaremos que continuamos na busca... que não desistimos do intento, num passar superficial por inúmeras condições, circunstâncias sem delas beber da fonte... Sem nunca chegar ao âmago ! Desistimos das aparições, encantamentos que outrora nos encantaram ?!...Não !!! Motivaram, mas morrem na praia por falta de retroalimentação, que essa deve acontecer de dentro para fora, inverso do advento propiciador do starter, e, esse, SIM ! já cumpriu sua função: despertar ! Sair, então, do espectador e bem usar o efeito revelador, exige de nós o tal empenho coerente, sem trairmos a aparição, numa denodada conquista de nós, dando espaço para o desabrochar em que o abrir das pétalas de nosso lótus sejam ações conscientes, saindo do processo, puramente ,passivo e buscando encontrar o compasso da dança entre o agir e o fluir, atentar e aquietar... Quanta inovação será necessária a cada etapa, a cada terreno desconhecido desbravado, mergulhando ... com diversas respirações e pulsares, até aqui, estranhos, assenhorando-nos de outros terrenos internos. Aí começamos a desvendar os surgimentos interiores e os chamativos externos que, antes, nos mantinham à expectativa dos acontecimentos fora de nós, parecem bem menos convidativos... Aí e sim!!! a aparição, iniciação, terá, finalmente, cumprido sua função! Que o ano novo venha muito além dos fogos do 31... trazendo, principalmente, beleza e colorido de quem se move numa esperança consolidada nas pequenas conquistas da trajetória, sabendo honrar os próprios propósitos num significativo e continuado alvorecer! Que assim seja... na mas tê!

Telma Jábali Barretto é engenheira civil e também uma experiente astróloga; consultora para harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga. Neste artigo, fala-nos sobre o "advento", sob luzes nunca antes vistas.

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