sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 325 - Por Luiz Domingues

Ainda em Curitiba, quando estivemos ali pouco dias antes, a visar prolongar a nossa viagem para apresentarmo-nos posteriormente em Caçador-SC, havíamos conversado sobre o repertório que faríamos no último show da história da banda, na cidade de São Paulo, em 3 de novembro. 

Desde o começo dessa turnê, sabíamos e sem nenhum demérito aos outros espetáculos feitos em outras cidades, incluso dois na própria capital paulista, em maio último (na verdade, três, visto que o show que fizemos para gravar a nossa participação no programa radiofônico, "Live on The Rocks", da Webradio Stay Rock Brazil, houvera sido perante um significativo público, no melhor estilo dos programas de rádio de outrora, mediante um auditório lotado), esse derradeiro, em novembro, precisava conter algumas modificações essenciais a promover uma carga emocional condizente com a despedida da banda em sua cidade natal. 

Especulamos sobre haver mais músicas da nossa formação Chronophágica, não para impormos a nossa estética em detrimento a outras fases por quais essa banda passou, mas por sermos a banda base da turnê, portanto nada mais natural para nós três, eu (Luiz), Marcello e Rodrigo, que assim se procedesse. 

O Rolando Castello Junior não haveria por reclamar disso, protagonista igualmente como nós e a Marta, na qualidade de membro mais nova e a representar as últimas formações da banda, também mostrara-se admiradora confessa de nossa formação e por conseguinte, da obra. E claro, a conter um apanhado bom dos discos clássicos da formação Power-Trio com Rolando/Serginho e Dudu. 

E por fim, planejamos tocar algum material dos primórdios, com Arnaldo Baptista na formação, é claro. Seria imprescindível tocar o material inicial, através do seu "Elo Perdido", o mítico primeiro LP. 

Bem, em maio, no show que realizamos na dita "Virada Cultural" de São Paulo, fizemos uma versão emocionante da canção: "Sunshine". Essa peça composta pelo Arnaldo Baptista, faz parte do primeiro álbum, o "Elo Perdido", de 1977 e tem duplo significado, visto que a regravamos com um arranjo ligeiramente diferente, no CD Chronophagia, que foi o primeiro trabalho da nossa formação, lançado em 2000. 

E claro que tal canção credenciou-se naturalmente a fazer parte do último show em São Paulo, mas também cogitamos fortemente incluir: "Sexy Sua", igualmente do primeiro álbum com Arnaldo Baptista e muito executada pela nossa formação, em nossos shows entre 1999 e 2004. 

Além disso tudo, combinamos de executar alguns temas progressivos da nossa formação e nesse caso, a música "Sendo o Tudo e o Nada", tornou-se quase uma certeza, mas também cogitamos a inclusão de: "Terra de Minerais" (CD ".ComPacto", de 2003) e 'Véu do Amanhã", do CD "Missão na Área 13" (de 2004).  

Todavia em tal conversa travada em um quarto de hotel de Curitiba, em 11 de outubro de 2018, eis que o Junior comentou conosco que já havia convidado alguns músicos para participarem do show final em São Paulo e que por conta de tais participações, o repertório teria que privilegiar a presença desses convidados. 

Por exemplo, no caso dos guitarristas, Rubens Gióia e Xando Zupo, a carga emocional pela presença de ambos dar-se-ia pelo fato deles terem feito parte da formação do álbum, "Primus Inter Pares", lançado em 1992. 

Bem, como eu já expressei amplamente em minha autobiografia, em capítulos anteriores sobre a Patrulha do Espaço, eu tenho inúmeras restrições a esse trabalho da banda e creio ser enfadonho repetir tudo aqui. Dessa maneira, ao leitor que não acompanhou desde o início desta narrativa, fica o convite para buscar tal argumentação de minha parte, em tais capítulos anteriores, alojados no arquivo do Blog (ou no índice do livro impresso e/ou E-Book). 

Portanto, a rigor, tal convite obrigar-nos-ia a incluirmos músicas mais pesadas, versadas pela estética do Hard-Rock oitentista e no limiar do Heavy-Metal. Pelo lado pessoal e emocional, eu não tive nenhuma restrição, no entanto, pois achei que por esse lado humano, contar com Zupo e Gióia a participarem, seria bonito para a banda e para eles próprios, como ex-membros da nossa tripulação, por esse aspecto e além de muito justa a homenagem sob mão dupla, eu comemorei também pelo fato de eu ter uma história particular e longa com ambos, como companheiros que foram em dois trabalhos muito significativos da minha carreira, no caso, respectivamente: "Pedra" e "A Chave do Sol". 

Perfeito, tive ambos como colegas em trabalhos tão marcantes, acumulei muitas histórias e sobretudo, gravei três discos com o Rubens e três com o Xando, dos quais, muito orgulho-me como peças artísticas que representam um legado cultural eterno e parte do tesouro acumulado da minha carreira. 

Então, de antemão, o Junior pediu-nos para providenciarmos a preparação de três músicas para dar vazão a estes dois convidados. Uma delas seria: "Gata", um Hard-Rock gravado pelo Rubens Gióia. A outra seria: "Serial Killer, gravada por Rubens Gióia e Xando Zupo, uma música que nunca teve execução ao vivo, pelo que o próprio Junior recordava-se e a terceira música, uma ideia enfim que achei boa, aliás ótima. 

Já a respeito da canção: "Livre Como Você", esta foi uma composição do Xando Zupo, com a participação da Patrulha do Espaço para o seu disco solo, "Z-Sides", lançado em 2003. Toda a história dessa produção da gravação de tal faixa, está amplamente relatada no capítulo dos "Trabalhos Avulsos", correspondente a tal história e basta o leitor procurar no arquivo do Blog. 

E por nunca ter tido uma execução ao vivo com a Patrulha do Espaço, em meio a formação que a gravou (o Xando salientou, no entanto, que a tocou certa vez com uma banda cover, em uma apresentação ocorrida em uma casa noturna e com a participação de Marcello Schevano nessa performance), eis que a ideia do Rolando foi ótima. 

E o fato é que tal canção é muito boa, bem mais amena em termos de sonoridade e mais próxima da nossa realidade Chronophágica e não só por tal demanda de ordem estética, mas eu comemorei a sua inclusão, também pelo exotismo em tocarmos e possivelmente gravá-la para um disco ao vivo, uma canção que fez parte da nossa banda e da nossa formação, mas praticamente manteve-se obscurecida para o grande público, portanto, seria um achado. 

E assim, absorvemos a ideia de que o repertório não seria o que projetáramos inicialmente e que haveria uma certa aura mais pesada para esse concerto final e justamente no berço natal da nossa banda...

Continua...

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