Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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Osvaldo Vicino a gravar o violão folk. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 2ª sessão. 16 de julho de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")
E assim se procedeu, pois logo após eu ter encerrado a gravação do baixo, decidimos gravar os violões, antes mesmo das guitarras e foi mais uma decisão acertada de nossa parte em termos de planejamento.
De fato, foi estudada a colocação de um violão folk e também do violão de 12 cordas e logicamente que os nossos guitarristas, Osvaldo Vicino e Wilton Rentero, pensaram bastante sobre as diferentes opções de execução dos violões, exatamente para que ambos fossem bem distinguidos entre si.
Coube ao Osvaldo gravar os dois instrumentos e ele o fez com bastante desenvoltura. Facilitou demais o trabalho dele, o fato de termos acertado sobre a nossa predisposição de termos gravado a guia antes da bateria ser gravada e não simultaneamente como teria sido o mais usual como metodologia tradicional de estúdio. Dessa forma, com a "cozinha" oficial inteiramente gravada no "beat" correto do metrônomo e a conter a guia da voz e dos outros instrumentos como referência, em suma, foi fácil para ele se ambientar e gravar muito bem.
Osvaldo Vicino a gravar o violão Folk da música "Serena". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 2ª sessão.16 de julho de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")
Sobre o violão de 12 cordas, a sonoridade desse instrumento encorpou a base de tal maneira que nos empolgou e mais do que isso, a soma dos dois violões, tocados com batidas diferentes, ficou rica enquanto proposta de arranjo e conferiu à canção, aquela sonoridade Folk-Rock a la Secos & Molhados que de certa forma nos valera como referência, ou seja, ficamos muito empolgados quando ouvimos a prova de estúdio com os dois violões somados ao baixo e bateria.
Osvaldo Vicino a gravar o violão de 12 cordas da música "Serena". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 16 de julho de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")
Contentes com o resultado dessa segunda sessão ao providenciarmos o baixo e dois violões para garantir a base sólida da canção, e mesmo que ainda estivesse previsto no arranjo que teríamos guitarras e apoio de teclados igualmente para compor a base harmônica da canção, o fato cabal foi que já na segunda sessão a canção nitidamente ganhara uma feição espetacular.
No entanto, além da excelência musical que tivemos, também fomos céleres, e por conta disso, ainda aproveitamos para dar início aos trabalhos a visar muitos detalhes pensados para as guitarras.
Na sala técnica a escutarmos o resultado do dia. Na primeira foto: Wilton Rentero, Osvaldo Vicino e Carlinhos Machado. Na segunda foto: Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues) e Carlinhos Machado. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")
1) "Serena" - 2ª sessão - Violão Folk - 16 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues
Eis o vídeo para assistir no YouTube: https://youtu.be/DBnwEsF7y5o
2) "Serena" - 2ª sessão - Audição do Violão Folk - 16 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues
Eis o vídeo para assistir no YouTube: https://youtu.be/ZHY6hy8M8ZI
3) "Serena" - 2ª sessão - Violão de 12 cordas - 16 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues
Eis o vídeo para assistir no YouTube: https://youtu.be/24qG9INwfNs
Na mesma semana, conseguimos agenda para marcar a 3ª sessão e aí, seguimos a gravar bases e solos de guitarra, além de alguns contrasolos.
Bem, eis que mais uma vez eu recebi o convite vindo através do simpático, "The Uncle" (Lincoln Baraccat), para participar de mais uma ação com, a sua banda, "Uncle & Friends". Desta feita, a proposta foi diferente das ocasiões anteriores, no sentido de que não tratar-se-ia de uma apresentação em alguma feira popular de rua, como houvera anteriormente ocorrido, contudo, a configurar-se como uma apresentação em estúdio.
A proposta seria tocarmos três músicas ao vivo, a gravá-las como um ensaio ao vivo e uma das canções, ganharia uma filmagem, também a ser usada posteriormente como um promo instantâneo para o YouTube ou qualquer outro portal de vídeos, semelhante. Enfim, uma perspectiva alvissareira. Fui informado que as canções escolhidas foram: "Hey, You", "O Sol e Você" e "Muito Estranho".
Então, eu fui comunicado previamente que seria um evento a contar com outras duas bandas, e neste caso, absolutamente dentro do nosso convívio, visto que no caso dos grupos: Caio Durazzo Trio e Mesa do Rock, formado por membros que também costumavam tocar com Lincoln "The Uncle" Baraccat, obviamente que transformou o evento em uma ação entre amigos, na acepção do termo. Ótimo, a tarde agradável mostrou-se garantida.
Alguns dos muito amigos presentes neste evento. Na porta do estabelecimento V8 Studio, pela ordem: a produtora, Vanessa Anchieta, guitarrista, cantor e compositor, Fernando Ceah e o fotógrafo, Marcus Vinicicius Troyan. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 em São Paulo / SP. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Lincoln "The Uncle" Baraccat
O local em questão, revelou-se muito interessante, a tratar-se de um estúdio de gravação e ensaio, acoplado em um estúdio de tatuagem e a portar-se por conseguinte, como um mini centro cultural, na prática, a tornar tal evento, como algo muito agradável.
A anotar-se mais pontos positivos, tal estabelecimento, chamado como: "Estúdio V8" em outro aspecto agradável a envolvê-lo, deu-se com a sua localização. Em uma esquina agradabilíssima, presente em um quadrante do bairro do Ipiranga, na zona sudoeste de São Paulo, tal estabelecimento realmente impressionou-me por tais sinais, no entanto, houve mais um adendo nessa equação: a extrema simpatia com a qual eu fui tratado pelos seus mandatários e funcionários, cativou-me por completo.
Isso, aliás, foi uma constante, do momento em que cheguei ao estabelecimento, até a minha partida, já no avançar da noite. E mais uma observação, ali encontrei inúmeras pessoas conhecidas, que foram atraídas pelas três bandas em ação, Portanto, assunto não faltou nas inúmeras rodas formadas por amigos em que eu inseri-me, com muito prazer, para conversar em meio à quente tarde paulistana de final de inverno.
Uma surpresa ocorreu, quando Lincoln Baraccat convocou-me para uma reunião de emergência, visto que haveria uma surpresa não anunciada previamente. Ele marcara a filmagem de um vídeoclip, bem simples, com câmera única e filmagem direta, sem maiores requintes, a focar em um blues de sua autoria, chamado: "Velho Lobo Mau". A ideia seria apenas contar com a banda a dublar o áudio gravado em estúdio por outros músicos, mas creio que daria até para tocarmos a música, verdadeiramente, sem mesmo conhecê-la o suficiente, visto que tratou-se de um blues com harmonia tradicional e portanto, sem maiores dificuldades. Fomos avisados também que uma garota viria para fazer parte da filmagem, a atuar como atriz. Tudo bem, não haveria nenhum empecilho para que não cumpríssemos tal tarefa com facilidade.
Durante a apresentação do trio, "Mesa do Rock", a cantora superb, Amanda Semerjion canta, com dois rapazes atrás dela, e não identificados. O guitarrista, Marcello Pato também esboça estar a cantar informalmente, com a sua sua esposa, a produtora, Gigi Jardim a dançar (a usar chapéu vermelho). O guitarrista/cantor & compositor, Fernando Ceah está ao lado de sua namorada, a produtora, Vanessa Anchieta (encoberta) e o músico extraordinário, Roy Carlini, toca sentado, a usar óculos escuros. Uncle
& Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 em São Paulo / SP. 15
de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Lincoln "The Uncle"
Baraccat
Bem, Caio Durazzo Trio entrou em ação, a gravar três músicas de seu repertório e mais uma filmagem extra. Do lado de fora, mas com o estúdio a trabalhar com janelas abertas, configurou-se então, praticamente uma apresentação ao vivo, mesmo por que, a casa estava bem cheia com a presença dos convidados das três bandas e dada a simbiose ali estabelecida, na verdade o público foi formado por amigos em comum de todos.
O som da banda soou de uma forma muito agradável e eu fiquei bem perto da janela a receber o seu impacto direto, por um bom tempo, a apreciar bastante a performance muito energética desse super trio versado pelo som Rockabilly, bem cinquentista. Veio a seguir o "Mesa Rock", que trata-se de uma formação intimista a apresentar violão, bateria e voz, a justificar o nome do combo, visto que a intenção dos seus componentes seria brincar com as mesas de samba, sempre protagonizadas por apresentações acústicas e improvisadas, mas neste caso a trabalhar com o Rock, no mesmo conceito. Outro super grupo formado por amigos, eu também apreciei assistir e ouvir os petardos que esse trio jovem e super talentoso ali detonou. Bem, chegada a hora, eis que Uncle & Friends foi convocado a entrar no estúdio e realizar a sua performance...
Chegamos juntos à Praça da República, na tarde de 10 de agosto de 2019, a bordo do automóvel do Carlinhos Machado, eu (Luiz Domingues) e Kim Kehl. Apesar de haver já no meio da tarde um público gigantesco ali presente para assistir os shows, tivemos um apoio muito bom da equipe de segurança terceirizada pelo evento, para rapidamente sermos conduzidos ao camarim.
Uma banda tocava a todo o vapor o repertório do Raul Seixas, com desenvoltura e o público estava a cantar juntamente, visivelmente emocionado. Tal clima, sinceramente eu já esperava, pois qualquer manifestação que seja realizada a evocar a memória de Raul Seixas, provoca a comoção, visto que o seu público permanece enorme e muito fiel, praticamente ao constituir-se em mais que um séquito de admiradores do artista em questão e da sua obra, mas a portar-se no limiar de uma torcida uniformizada de um clube de futebol, senão como uma seita, no bom sentido do termo, ao levar-se em consideração a devoção pela qual idolatram o Raul, ao ponto de perpetuá-lo como artista.
Esse é um caso sério, visto que é público e notório que artistas que foram até mais populares do que ele em termos midiáticos, após perecerem, caíram no esquecimento à medida que os seus fãs envelheceram e estes também partiram desta vida e em muitos casos, bem antes desse fenômeno ocorrer, no entanto em relação ao Raul Seixas, muito pelo contrário, a sua imagem mostra-se absolutamente viva e preservada por uma multidão que não o abandona nunca.
Chegamos ao camarim e os simpáticos seguranças, um casal para ser específico, foram rápidos em advertir-nos a não deixarmos objetos pessoais perto da ponta da lona que sustentava a tenda improvisada como camarim, visto que pessoas em situação de vida a viver sem teto, estavam a tentar furtar o que podiam nesse camarim e nos demais ao lado, montados para os outros artistas.
Neste caso em específico, revelou-se como uma situação triste a constatar-se sobre o estado do centro da cidade, ao estar a cada dia mais degradado, fator que faz com que há anos, inclusive, eu evitasse caminhar por ali e somente dirigir-me a tais logradouros, se fosse absolutamente necessário.
Na contrapartida, tirante esse problema com furtos a ocorrerem pela ação de braços inconvenientes que poderiam surgir abaixo da lona, o tratamento foi ótimo por conta dos seguranças e dos demais funcionários da produção, que foram muito solícitos para conosco.
Antes do show, no camarim. Da esquerda para a direita, na foto 1: o histórico guitarrista d'Os Panteras", Carlos Eládio, Renata "Tata" Martinelli e Edy Sar. Na foto 2: Renata "Tata" Martinelli e o ótimo fotógrafo, Weber Japoneis. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Acervo e cortesia: Weber Japoneis. Click (foto 1): Weber Japoneis. Click (foto 2): autor desconhecido
A banda que precedeu-nos, entrou no palco e tocou igualmente com bastante fluidez e até trouxe em sua formação um mini naipe de metais, a enriquecer a sua sonoridade. E também chamou-me a atenção quando eu ainda estava no camarim, foi que eu pude ouvir que o seu vocalista chamou ao palco uma atração especial, a cantora/atriz, Mariana de Moraes, a participar em duas ou três canções e entre elas, a música: "Gita".
Imediatamente eu estabeleci uma reminiscência pessoal, ao recordar-me de uma passagem ocorrida em 1986, quando eu tocava com A Chave do Sol e encontramo-nos com Mariana Moraes nos estúdios da TV Cultura de São Paulo, quando participamos do programa: "Panorama", então apresentado pelo jornalista, Maurício Kubrusly.
Nem conversamos nessa ocasião, mas eu recordo-me bem dela a assistir a nossa entrevista e participação ao vivo e nós também termos assistido a sua participação.
Bem, terminada a apresentação dessa boa banda que precedeu-nos, fomos chamados ao palco.
Flagrantes do show! Foto 1: Kim Kehl e Edy Star. Foto 2: Renata "Tata" Martinelli a ser filmada por um fotógrafo. Foto 3: Edy Star em destaque. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o
Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em
10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Carol Mendonça
Enquanto nos preparávamos, vimos que um dos organizadores do evento, faria uma apresentação acústica e singela ao cantar uma canção do Raul Seixas. Tal intervenção não estava prevista inicialmente, mas eu compreendi inteiramente o caráter emocional de sua parte em querer também expressar o seu tributo ao Raul e assim, de uma maneira rápida, ele cantou com delicadeza uma canção.
Na contrapartida dessa manifestação tão emocional, uma nota zero precisa ser dada para certos elementos da plateia que o hostilizaram bastante, talvez por estarem em adiantado estado de embriagues e frustrados pela queda da adrenalina, visto que quatro bandas de Rock já haviam apresentado-se com grande energia, e assim, uma pausa para uma apresentação acústica na base da voz & violão causou-lhes um desconforto.
Bem, nem mesmo uma plateia formada por fãs do Raul Seixas e por extensão, supostamente ligados em outro tipo de conexão com o Rock vintage, gerou necessariamente um público a demonstrar uma postura mais aberta a apreciar sonoridades mais leves, um fator que fora bastante comum nos anos setenta. Observei com pesar a hostilidade de alguns mais exaltados a manifestarem-se com essa impaciência e para agravar ainda mais, tratou-se de uma canção do Raul, enfim. Ainda bem, não foi algo generalizado e dessa forma circunscrito à cinco ou seis pessoas em meio à mais de três mil ali presentes, mas certamente que chateou-me tal atitude da parte desses incautos.
Tudo pronto, iniciamos com o tema instrumental criado pelo Kim a insinuar diversas canções do Raul em um mini pout-pourri, com muita energia. Seguimos com a canção d'Os Kurandeiros, "Pro Raul", que no set list, o Edy descreveu como: "Raul foi para o Beleléu", por conta do que canta-se no seu refrão.
E a seguir, entramos com muito balanço em "Toca Raul" e "Como Vovó Já Dizia". Edy entrou em seu estilo grandioso, versado pela sua experiência e influência em torno das tradições do teatro de Revista de outrora.
Apesar de termos realizado um único ensaio, o entrosamento no palco demonstrou que ao contrário, não houvera um hiato tão grande entre essa apresentação e a última que fizéramos juntos em 2018. O som no palco estava robusto, apesar do inexistente soundcheck ter sido substituído por uma parca passagem prévia e em festivais ao ar livre, é sempre difícil que não seja realizado de uma outra forma.
Foto 1: Luiz Domingues. Foto 2: Michel Machado. Foto 3: Edy Star. Foto 4: Carlinhos Machado. Foto 5: Kim Kehl. Foto 6: Renata "Tata" Marinelli. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o
Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em
10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Sol Rodrigues
Seguimos em frente com muita energia nos Rocks sessentistas, "Rua Augusta" e "O Bom" e avançamos pelas músicas do LP "Sociedade da Grã Ordem Kavernista", e evidentemente que este álbum haveria de ser um objeto de culto daquela massa formada por fanáticos adeptos de Raul Seixas. Não deu outra, houve um frenesi quando executamos: "Sessão das Dez", "Êta Vida" e "Quero Ir".
Foto 1: Luiz Domingues. Foto 2: Kim Kehl. Foto 3: Michel Machado. Foto 4: Renata "Tata" Martinelli. Foto 5: Edy Star. Foto 6: Carlinhos Machado. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o
Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em
10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Weber Japoneis
Quando iniciamos a execução de "Maluco Beleza", eis que notamos que o Edy havia saído do palco. Como essa ausência não fora combinada, ficamos apreensivos em princípio, talvez a considerar a hipótese que Edy estivesse com algum desconforto de ordem física e buscou ajuda nos bastidores, mas ao mesmo tempo, sem deixar transparecer a nossa estupefação ao público e pelo contrário, a minha lembrança remete ao fato de que criamos um improviso dos mais agradáveis para esticar a introdução, até que a situação ficasse esclarecida entre nós.
Pois eis que ouvimos a voz de Edy no monitor a iniciar a cantoria e tudo ficou sanado e entendido. Pois ele fora rapidamente ao camarim, trocara de roupa e munido de um microfone sem fio, surgiu pela lateral do palco, acompanhado de um segurança e caminhou em direção ao público. Ótimo, mesmo tendo sido algo feito sob improviso total, a ideia foi muito boa e assim, quando a música atingiu o seu clímax, mediante a intenção gerada pelo seu refrão, ele estava no meio da plateia a cantar junto ao povo.
Bem, foi bonito como efeito dramático do show, mas ao mesmo tempo preocupante, visto que em determinado instante, a euforia sempre impensada em meio a uma multidão, deu trabalho ao segurança para que não esmagassem o Edy com o excesso de ímpeto gerado nessa massa, mas experiente, assim que percebeu que a situação poderia sair de controle, Edy bateu em retirada e após passar pela grade de segurança, apressou-se em voltar ao palco e encerrar a interpretação da canção, conosco.
Foto 1: Edy Star e Kim Kehl. Foto 2: Renata "Tata" Martinelli e Kim Kehl. Foto 3: uma bela panorâmica da banda em ação no palco. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o
Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em
10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Weber Japoneis
Tocamos, "O Crivo", do repertório solo de Edy, um tema versado pelo puro Blues-Rock e que sempre propiciava-nos o conforto para transitarmos por uma especialidade d'Os Kurandeiros, além de igualmente ser uma canção a conter uma letra maliciosa, escrita pelo Raul Seixas e cuja brincadeira que o Edy sempre estabelecia ao vivo, caiu como uma luva para aquele tipo de público.
"Rockixe" e na sequência, "Al Capone", gerou a esperada euforia dos fãs do Raul e em seguida, Renata "Tata" Martinelli entrou em cena para cantar divinamente, a bela balada, "A Maçã", ao provocar a imediata interação da plateia, que veio junto com a banda, sem
titubear
Renata "Tata" Martinelli em ação, com Luiz Domingues, ao fundo. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o
Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em
10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis
A seguir, Renata permaneceu conosco e assim tocamos: "Ainda Queima a Esperança". Confesso que subestimei a reação, por antecipação, ainda no ensaio, visto que achei que tal escolha houvesse sido algo exagerado, no sentido de ser uma canção obscura gravada por uma cantora popularesca de um passado remoto e somente pelo fato do Raul a ter composto, tal referência soou-me superficial.
No entanto, o desinformado ali fui eu, visto que notei enquanto tocávamos, que muitas pessoas da plateia a cantarolavam, a denotar que aquele público realmente era aficionado ao ponto de conhecer não apenas a obra do Raul, em todos os seus meandros, mas também ao deter o profundo conhecimento das inúmeras canções que ele escreveu para alimentar artistas obscuros e populares, visto que ele foi por muitos anos, antes de estourar como um artista solo, um executivo de gravadora.
Muito bem, houve uma razão de ser e assim tocamos a canção da cantora, Diana, com muito respeito e certamente com uma vestimenta mais Rock'n' Roll.
Edy Star em destaque, com Luiz Domingues, atrás e de costas e Carlinhos Machado ao fundo, na bateria. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o
Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em
10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis
Tocamos a seguir, o ótimo som, "Rock'n' Roll é Fodaço", do último álbum de Edy, com direito a mini solos de cada membro da banda e a conter as habituais brincadeiras do Edy na hora de apresentar-nos, individualmente. Emendamos com "Rock das Aranhas", com a voz do Kim no comando, como acontece normalmente nos shows d'Os Kurandeiros e em seguida, mais um improviso ocorreu.
Edy Star e Carlos Eládio em destaque. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o
Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em
10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis
Eis que Carlos Eládio, ex-integrante da banda de Raul Seixas nos anos sessenta, "Raulzito & Os Panteras", foi convocado a participar e ali no calor da indefinição sobre o que tocaríamos com ele, o Kim sugeriu, "Metamorfose Ambulante", que nós não tocaríamos naquele show, por uma solicitação do Edy, visto que essa canção fora executada por quase todas as bandas que apresentaram-se anteriormente e ele não quis repeti-la.
Nessa circunstância especial, nós tocamos e foi bastante prazeroso ter Eládio, um músico histórico, a cantar conosco.
Eis que iniciamos uma saborosa versão Country-Rock para: "Let Me Sing" e encerramos com bastante contundência, com "Sociedade Alternativa", a gerar um coro que ecoou forte na Praça da República, certamente a produzir emoção entre as pessoas ali presentes que comungam com as ideias libertárias, oriundas da concepção do saudoso, Raul.
Foto 1: uma visão do palco pela retaguarda. Foto 2: Kim Kehl e Edy Star com a perspectiva do público. Foto 3: o Power-Trio d'Os Kurandeiros a confraternizar-se após o término do espetáculo. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o
Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em
10 de agosto de 2019. Acervos e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap
Missão cumprida e com muita satisfação, foi um ótimo show, com emoção, boa performance no palco e encontros muito prazerosos nos bastidores. Aliás, encontrei-me com muitos amigos queridos nos bastidores e pude enfim conversar com a cantora, Mariana Moraes, que muito simpática, falou-me sobre os seus projetos artísticos, mais focados na música do que o cinema, na atualidade.
E assim foi, noite de 10 de agosto de 2019, com cerca de três mil pessoas na plateia, que cumprimos mais um bom show d'Os Kurandeiros, com Edy Star e reforçados por Renata "Tata" Martinelli e o ótimo percussionista, Michel Machado.
"Toca Raul" (Zeca Baleiro)/"Como Vovó Já Dizia" (Raul Seixas) - Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Filmagem: Fátima Costa
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=udJbwN0_yzw
Mini especial com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, no Festival: "O Início; o Fim e o Meio" na Praça da República, centro de São Paulo-SP, em 10 de agosto de 2019. Filmagem: Celso Giannazi
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=_zPy5oySLng
Na semana subsequente, novamente fomos agraciados com duas músicas a serem executadas no programa: "Só Brasuca", da Webradio Crazy Rock. E assim, entre 17 e 23 de agosto de 2019, as canções: A Noite Inteira" e "Anjo do Asfalto", estiveram presentes nessa seleta programação.
Ao final de julho, nós recebemos a notificação que haveria um show sob grande proporção ao ar livre, a ser realizado na Praça da República, no centro de São Paulo e que Edy Star, o grande astro com o qual realizáramos uma boa turnê, no ano de 2018, solicitara a nossa inclusão para a realização de tal espetáculo.
Ora, que boa oportunidade para revivermos aquele repertório com o qual lidamos com muito prazer em 2018 e a conter como espinha dorsal, as canções de Raul Seixas, além de algumas outras provenientes dos álbuns do próprio, Edy e certamente, dos Kavernistas, grupo onde Edy foi membro, assim como o próprio Raul, igualmente.
Esse evento foi concebido para fazer parte de uma celebração em torno da memória de Raul Seixas, justamente ao se completar trinta anos de seu falecimento e nesses termos, vários grupos tocariam canções do Raul e o show teria como encerramento o espetáculo de Edy Star & Os Kurandeiros.
Edy sugeriu que incluíssemos as canções: "A Maçã" e "Ainda Queima uma Esperança", ambas do Raul, para que a nossa convidada especial, a cantora, Renata "Tata" Martinelli, pudesse atuar conosco, ainda que através de duas canções, apenas, visto que ela já havia firmado outro compromisso na mesma data e tornara-se impossível atuar em nosso show durante o tempo inteiro, ou seja, uma grande pena para todos.
E há por destacar-se que no caso da canção: "Ainda Queima uma Esperança", apesar de ser uma composição do Raul, na verdade esta foi um peça escrita por ele, sob encomenda para ser usada no disco de uma cantora popular, chamada: Diana, em 1971. Portanto, mesmo com a embalagem popularesca em que tal peça revestiu-se em sua gravação original, evidentemente que mediante a nossa interpretação, haveria por tornar-se mais robusta, com um tratamento mais Rock a extrair-lhe o ranço popularesco.
Um ensaio foi marcado para o dia 8 de agosto de 2019, no estúdio Curumim, pertencente ao nosso amigo, Fernando Ceah e ali, com a presença do nosso querido amigo, Michel Machado à percussão, fizemos um ótimo apronto, ao colocarmo-nos em ordem para o show do dia 10.
O Link abaixo direciona para uma filmagem feita pelo amigo, Fernando Ceah, enquanto ensaiávamos em seu estúdio, Curumim. Contém um trecho da canção: "Sessão Das Dez", do Raul Seixas.