Na porta do teatro, dentro do shopping, o totem eletrônico sinalizou a apresentação das duas bandas: Boca do Céu na abertura e Os Kurandeiros como atração principal. Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho RaroO relato sobre a preparação do palco e camarim foi cansativo, não apenas para Os Kurandeiros, mas também para o Boca do Céu. Nos capítulos referentes ao Boca do Céu, eu já relatei esse pormenor, mas vale a pena destacar novamente dois aspectos pelo viés d'Os Kurandeiros.
Primeiro que todo shopping que se aventura a manter um teatro em suas dependências e no caso desse em específico, havia a presença de duas salas dessas características, além das muitas destinadas ao cinema, deveria se preocupar para montar uma estrutura especialmente destinada a facilitar a entrada e saída de equipamentos, além de destinar um espaço para a comitiva dos artistas e pessoal das equipes técnicas poder estacionar seus carros, vans ou ônibus, com facilidade e sem ônus, afinal estão ali a trabalhar e não usufruir do Shopping.

Eu posso entender que o shopping em si não previu a possibilidade de conter teatros na sua estrutura de serviços oferecidos e por conseguinte, na planta original preparada pelos arquitetos, não tenha constado tal equipamento e suas necessidades especiais e no caso, espaciais, no sentido amplo do termo. Portanto, quando imaginou-se as salas de cinema tão somente, a estrutura de estacionamento foi concebida para atender exclusivamente a clientela habitual do estabelecimento, e sobre as mercadorias todas advindas da manutenção dessas salas e abastecimento da sua respectiva "bombonière" e serviço de limpeza, estas ficaram atendidas pela doca de entrega de mercadorias, sem maior transtorno.
Mas para abrigar apresentações musicais ou teatrais, no mínimo, deveria ser permitido estacionar os carros particulares dos partícipes de forma gratuita e permitir o uso de carrinho de apoio para se transportar todo o equipamento. Mas não foi o que ocorreu, pois o protocolo que nos entregaram em formato de manual, advertiu-nos que nenhum veículo ficaria isento de cobrança de taxa de estacionamento, a nos tratar como clientes comuns do shopping e pior ainda, que estava vedado o uso de carrinhos de apoio e assim, todos os instrumentos, amplificadores e objetos de cena e/ou camarim, deveriam ser transportados na mão, e mesmo caixas que contivesses rodinhas de apoio, não poderiam ser usadas, sob a alegação de não incomodar os usuários do estabelecimento.
Em suma, deveríamos seguir as normas impostas para todos os lojistas, ou seja, para se usar carrinhos de transporte dentro da casa, isso somente seria permitido antes da abertura para o público, ou seja, das 8 às 10 horas da manhã. Caso contrário, poderíamos entrar pela "doca" e carregarmos toda a nossa pesada bagagem na mão, literalmente e a enfrentarmos um longo percurso, pois o shopping era enorme e o caminho até o teatro, penoso nesse aspecto.
Para agravar, estávamos sem apoio de roadies nesse dia (as duas bandas, inclusive), portanto, sob tais condições insalubres, os membros das duas bandas ficaram bem chateados, a reclamar da falta de sensibilidade da parte dos dirigentes do estabelecimento.
E o outro aspecto que eu devo mencionar, é que a nossa sorte ante tal revés logístico, deu-se no sentido de que as duas bandas estavam irmanadas e assim, na base do mutirão solidário, apesar da agrura generalizada, conseguimos minimizar o desconforto e como uma espécie de consolo, ficamos a saber que após o término do espetáculo, o shopping permitiria o uso dos carrinhos de apoio, pelo fato de estar fechado ao público, e assim a melhorar a operação de retirada do equipamento.
Para amenizar ainda mais toda essa canseira, foi muito boa a recepção da equipe técnica de PA e iluminação do teatro, além da sua equipe de curadoria, e que não tinha relação com a direção do shopping. Esses rapazes não tinham obrigação de nos ajudar, mas de pronto se uniram a nós no mutirão e isso facilitou essa extenuante ação.
Aliás, enquanto caminhávamos lado a lado pelos compridos corredores e com os braços a carregar pesados equipamentos, esses profissionais tecerem duras críticas à direção do shopping, pois sofriam igualmente por não haver flexibilização dessas regras e ao contrário de nós que estávamos a usar o teatro pela primeira vez, eles lidavam com tal empecilho toda semana, de quarta a domingo.
Os Kurandeiros a preparar seu soundcheck, com o fotógrafo e film-maker, Moacir Barbosa de Lima ("Moah"), da produtora Bicho Raro a caminhar embaixo do palco. Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Bem, finalmente com todos ali presentes e todo o material pronto para ser montado no palco, tal preparação foi muito eficaz pelo apoio da equipe técnica. O soundcheck ocorreu de uma forma super eficaz e quando estávamos a passar a música "Sou Duro", justamente a última e para que o nosso convidado especial, Laert Sarrumor pudesse se aprontar conosco, eis que caiu a energia elétrica do shopping.
Chovia torrencialmente naquele instante e sabíamos que esse risco existia. O gerador entrou em ação imediatamente, mas apenas para garantir a luz de serviço e elevadores, portanto, ficamos apreensivos sobre a possibilidade do soundcheck para o Boca do Céu não ser feito e pior ainda, o iminente cancelamento dos dois espetáculos e também da minha tarde/noite de autógrafos do meu novo livro.
Na mesma configuração da foto anterior. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero
A energia voltou, enfim, deu para concluir o nosso soundcheck, o Boca do Céu fez o seu exercício igualmente e o prejuízo maior ficou para eu mesmo, no sentido de que ficou apertado o horário para cumprir as minhas obrigações musicais com as duas bandas e realizar a minha tarde/noite de autógrafos. Nesse aspecto, tive tempo apenas de ir rapidamente ao camarim, vestir um blazer e devidamente caracterizado como um escritor, correr para o mezanino do teatro, onde tal ação ocorreu.
Na primeira foto, o totem a demarcar a minha tarde/noite de autógrafos de meu livro autobiográfico em seu volume I. Nas fotos posteriores, aspectos da mesa da lojinha d'Os Kurandeiros que ficou muito sortida nessa noite. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Ana Cristina Domingues Por sorte, tive mais uma vez o apoio da produtora d'Os Kurandeiros, Lara Pap, que disponibilizou a loja ambulante d'Os Kurandeiros para a vendagem do meu livro novo recém lançado. Mais do que isso, meus livros anteriores ficaram à disposição também para ser adquiridos pelo público, além de discos d'A Chave do Sol, do Língua de Trapo e camisetas do Boca do Céu, ou seja, unidos aos discos e toda gama de produtos de souvenirs d'Os Kurandeiros, logicamente, a loja ficou bem robusta. E ao lado, a mesa do autor ficou colocada para eu atender os fãs, amigos e familiares que ali comparecerem para prestigiar o evento como um todo.
Eu, Luiz Domingues, a receber os amigos, colaboradores, fãs e familiares durante a minha tarde/noite de autógrafos. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Michel Camporeze TeérSobre a tarde/noite de autógrafos, eu preparei um relato em separado a detalhar como foi, portanto, convido o leitor a acompanhar neste blog e texto esse também alojado no meu blog 3.
A empresária do Boca do Céu, Marcia Oliveira e a minha irmã, Ana Cristina Domingues, também ajudaram muito e assim, o fato de eu ter chegado com um certo atraso à ação, não comprometeu em nada essa muito prazerosa atividade paralela que ali cumpri.
Kim Kehl e Renata "Tata" Martinelli como convidados do Boca do Céu ao final de seu espetáculo. Os Kurandeiros no Teatro Jardim Sul Experience de São Paulo. 20 de setembro de 2024. Click, acervo e cortesia: Wilton RenteroFui da mesa de escritor direto para o camarim e me preparei rapidamente para subir ao palco com o Boca do Céu. Na última música, Kim Kehl e Renata "Tata" Martineli foram convidados a subir ao palco e juntos, tocamos a música "Concheta" do Língua de Trapo.
Rápido intervalo, com o tempo para que eu e Carlinhos Machado, componentes em comum das duas bandas apenas trocássemos de figurino no camarim e assim, Os Kurandeiros subiram ao palco. Com as cortinas fechadas, nos preparamos muito rapidamente e dado o sinal, Laert Sarrumor nos apresentou e ainda com as cortinas fechadas, quando os primeiros acordes do tradicional tema instrumental de abertura dos nossos shows já estavam a ecoar.
Continua...