sábado, 8 de junho de 2013

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Lily Alcalay) - Capítulo 44 - Por Luiz Domingues

Nem é preciso dizer que a Lily ficou furiosa com tal situação deflagrada, e assim, dispensou o guitarrista, "J", no camarim, após o show. Testemunha da cena inteira, o Renato Consorte Filho absteve-se em comentar sobre o "J", elegantemente, aliás, e limitou-se a aceitar o convite para integrar a trupe, ali mesmo no camarim, e tornar-se dessa forma, o novo guitarrista da banda de apoio, dela. Esse show ocorreu no dia 23 de setembro de 1982, uma quinta-feira.
Nunca mais tive notícias do guitarrista, "J". Mas lembrei-me dele diversas vezes, pois esse caso foi citado muitas vezes na minha sala de aulas, quando tornei-me professor, anos depois. Sempre que quis enfatizar a importância em tocar-se ao vivo, a estabelecer um equilíbrio com os estudos, eu citava o "J", como exemplo. Enfatizei aos alunos, que só estudar, não bastava. Músico "virtuose de quartinho", que não sobe no palco, fica prejudicado em seu desenvolvimento. Toca e conhece muito, mas na hora decisiva, falha miseravelmente, como um principiante.
E quanto ao trabalho da Lily Alcalay, ainda fiz uma última apresentação com ela, pois não haveria tempo para arrumar-se um substituto. Foi na verdade um Festival de MPB universitário, promovido pela PUC. A Lily defendeu uma música em uma eliminatória, que foi realizada no Tuquinha. Isso ocorreu no dia 19 de outubro de 1982. Nesse dia, acompanharam-na : eu (Luiz Domingues); Cido Trindade, e Renato Consorte Filho. O saxofonista, Anselmo, não esteve presente. A música defendida chamava-se, "Cadamanhã" (tudo junto, propositalmente), que aliás, foi o nome do show que realizamos duas vezes, anteriormente. Foi uma boa performance, e a música classificou-se. Mas eu não participei da final. 
Para encerrar, soube que o Renato Consorte Filho tornara-se fiel escudeiro dela, ao entenderem-se muito bem, e assim, ele permaneceu no projeto, por mais tempo. O Cido Trindade evadiu-se a seguir, também. Alguns anos depois, ouvi uma notícia mal contada a dar conta que a Lily houvera falecido, entretanto, não tratava-se de uma notícia oficial, mas sim um boato.
Era bom o seu trabalho. Para o leitor situar-se, eu diria que lembrava o trabalho de cantoras como, Joyce; Jane Duboc e Olivia Byington, e com harmonizações jazzísticas à lá Djavan, que era a grande moda em voga, na moderna MPB do início dos anos oitenta.
E assim foi esse meu trabalho na banda de Lily Alcalay. Apenas três apresentações, mas com histórias.

http://umquetenha.org/uqt/?p=9523

Encontrei uma matéria na internet, cujo link está acima, que menciona sobre a carreira positiva que ela construiu ao longo desses anos todos. Ela fez bastante shows, gravou um CD em 2002, teve músicas suas a compor trilhas para espetáculos de dança, e venceu vários festivais. Radicou-se em Fortaleza, onde angariou muita simpatia. Pelo que li, foi uma artista respeitada na cena de Fortaleza. Infelizmente, ela deixou-nos em fevereiro de 2003, vencida pelo câncer, para confirmar a notícia que eu recebera, mas não tinha a certeza sobre a sua veracidade.

Continua...

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