O ritual do
banho nos acompanha desde que nascemos. Mal saímos do ventre materno e somos
banhados, ao se estabelecer uma ação higiênica providencial, é bem verdade, mas que dá início a
uma realidade que manteremos até o último dia de vida, ou seja, o nosso corpo precisa
dessa profilaxia, constantemente.
Sem
consciência alguma, o primeiro banho e os subsequentes por um longo tempo, nem causam tanta
estranheza pela questão do contato com o elemento da água, visto que imersos estivemos em líquido no ventre materno, por meses.
Contudo, à
medida que a vida avança e passamos a ter as nossas primeiras percepções, tal ato
passa a conter outros contornos. Por exemplo, as primeiras sensações de conforto e
desconforto ante o choque com a água, ao falar primeiramente de temperatura,
logicamente.
Entretanto, o
contato com produtos também provocam sensações. Haja vista a questão olfativa,
ao mencionar higienizadores tais como: sabonete, shampoo, cremes hidrantes, pomadas e talco, quando o aroma
perfumado de tais produtos nos fazem associar a ideia do banho a uma sensação
prazerosa.
Não só por
isso, mas o contato com a água, geralmente induz o bebê ao fator lúdico,
estimulado pelos adultos a interpretar isso como uma brincadeira como um fator
agregado e não apenas a visar o aspecto da higiene.
Bem, nem
todo mundo gosta do contato com a água, é verdade, mas a tendência principalmente
em um país de características tropicais como o Brasil, é a de logo associarmos
tal contato com o efeito refrescante.
Houve época
que os shampoos, mesmo os infantis, ainda não haviam desenvolvido fórmulas que evitassem que certos componentes químicos causassem ardência ocular. Sou dessa época e portanto,
da minha geração para trás, fui um bebê que associava a lavagem dos cabelos à
dor e reclamava, via choro, quando a mamãe insistia em passar aquele líquido
desagradável na minha cabeça, ao chorar, mesmo antes que acontecesse o
inevitável e claro que eu sei que a minha mãe esmerava-se para não deixar
acontecer, ao aplicar pouca quantidade e assim tentar inibir o contato do produto
com os meus olhos.
Todavia, revelara como algo muito interessante, pois já havia portanto a associação de ideias
mesmo nos primeiros meses, hoje eu sei, pois apena por olhar o tubo do shampoo, eu já sabia que
aquele líquido causar-me-ia um transtorno desagradável.
Fim do banho
e o ritual do enxugamento era bom, igualmente. O contato com a toalha felpuda,
o posterior ritual da colocação da vestimenta limpa e cheirosa, o rápido pentear, visto que
pouco cabelo havia, enfim, tudo agradável.
Algo igualmente muito
engraçado, certamente que o comportamento dos adultos, notadamente a mãe que era a principal
agente desse ritual, mas de outros tantos igualmente, que pareciam alegres quando
tudo consumava-se. Revelava uma sensação alívio da parte deles, que instaurava-se entre todos, como se uma
missão difícil acabasse de ser cumprida e todos rejubilavam-se ante a
conquista.
E você ali,
a ser elogiado por estar limpo e cheiroso, não deixava de reforçar o signo do
banho como algo além do necessário para o ser humano, mas absolutamente
prazeroso e digno de nota entre todos.
Quando
crescemos fica óbvio que um mundo sem a incidência de odores fétidos é desejado pela maioria, mas
o banho torna-se algo menos glamorizado, ao adentrar uma rotina, como se ligar o piloto
automático... ou você concebe a ideia de elogiar alguém, ou ser elogiado pela iniciativa
de tomar um banho?
Bem, em
certos casos, dá até para pensar na ideia...
Hahahahahah adorei!!! Mas pera lá...na nossa época não tinha shampoo Johnson, só tinha o sabonete! e vc nunca foi esfregado de toalha, rapidamente??? sua mãe não tinha unhas compridas que, inadvertidamente, as vezes arranhavam? rss ótimas, lembranças...o último comentário, muito engraçado...
ResponderExcluirQue maravilha que tenha gostado da abordagem desta crônica !!
ExcluirAgora, sobre o Shampoo, já existia sim...mas como descrevi, não havia uma linha infantil com fórmula que evitasse componentes que gerassem ardência nos olhos. Portanto, usávamos shampoos normais de adultos que haviam no mercado e estes nem esses eram pensados para evitar tal malefício às vistas. Muitos anos depois, quando começaram a surgir shampoos não agressivos aos olhos, isso foi objeto de propaganda da indústria dos cosméticos e logo a Johnson lançou a linha da "Turma da Mônica" para a criançada não chorar mais no banho...
A questão da unha longa feminina da mamãe a arranhar-me, nunca aconteceu comigo, mas você tem razão, isso é um fato, no geral.
E sobre o último comentário...tem uns tipos que quando tomam banho, muito de vez em quando, merecem que comemoremos !!
Eu só tenho lembrança de minha mão penteando minha "juba", era um horror, muito cabelo e cacheado, e quanto a elogio por tomar banho é engraçado mesmo, o elogio que recebemos agora é pelo perfume. "Nossa, como estas perfumada(o)!"
ResponderExcluirAdoro quando o leitor motiva-se a lembrar de suas próprias experiências pessoais. Um dos objetivos dessa linha de crônicas que tenho lançado, visa isso mesmo, ou seja, despertar a auto reflexão, acionando a memória mais remota de cada um, e ao olhar para a primeira infância, buscar a emoção das primeiras descobertas da vida, que geralmente esquecemos, mas que são muito importantes.
ExcluirSobre o que falou ao final do seu comentário, tem toda a razão ! Tornou-se clichê exaltar perfumes quando os sentimos vindo dos outros.
Grato por ler e comentar !!
Eu continuo associando o banho a prazer e relaxamento, com óleos, xampoos, cremes cheirosos, um momento particular maravilhoso!!����
ResponderExcluirExcelente !!
ExcluirSão poucas as pessoas hoje em dia que pensam no banho como um momento de relaxamento e prazer proporcionado pela água e contato com os variados aromas dos cosméticos. A tendência é tomar banho automaticamente e com toda a pressa, como se isso fosse um estorvo a nos atrapalhar no cumprimento das tarefas básicas do cotidiano.
Super grato por ler e postar seu comentário !!
Oi, Luiz
ResponderExcluirMuito interessante o teu artigo.
Fez-me voltar ao passado.
Eu não me lembro muito bem. Minha mãe falou que lavava meus cabelos com sabão de coco!!! Segundo ela, os cabelos ficavam ótimos. Macios e com cheiro de coco.
Se tinha shampoo Johnson, eu não sei. Mas, para filha de operários, devia ser caro.
Eu não encaro, atualmente, o banho com um momento relaxante, porque tem que ser rápido, para não gastar muita água. rs*** Mas, adoro tomar banho!!!
Parabéns, pelo artigo.
Que bom que gostou, minha amiga Janete!
ExcluirDe fato, não existiam shampoos infantis com aromas adocicados e propriedades que inibissem a ardência nos olhos, antigamente. Usava-se o shampoo de adultos que não tinha a preocupação dos fabricantes em evitar irritação nas vistas, ou o que você disse, sabão de coco (diga-se de passagem uma solução muito boa), ou ainda, o sabonete comum.
Tem razão, não havia pensado nisso, fora o banho de imersão na tradicional banheira com água parada, nos dias atuais pensar no banho como uma experiência de prazer é proibitiva, com a questão da economia de água que se faz premente como ação de cidadania.
Super grato pela participação sempre gentil !!