sexta-feira, 3 de março de 2017

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 49 - Por Luiz Domingues

Inicio doravante o texto suplementar da minha autobiografia na música, ao trazer as atualizações em adendo ao texto que ficou focado nos meus quarenta anos de carreira na música, entre abril de 1976 e abril de 2016, inteiramente publicado neste meu Blog 2, no formato de micro capítulos, no Blog 3 em formato maior, adaptado para livro impresso e boa nova, o livro em si, já está a caminho, em plena fase de diagramação e lay-out, neste mês de março de 2017.  
Outra boa nova, se estou a escrever adendos, é sinal de que sobrevivi aos problemas graves de saúde que tive em 2015 e 2016, e sobretudo, continuei a trabalhar e gerar mais histórias da carreira musical para acrescentar ao texto geral. 
E convenhamos, depois do que passei, principalmente em 2015, em termos de saúde, eu comemoro cada segundo que vivo a mais e tento aproveitá-los ao máximo.  
Para seguir a ler a história da minha trajetória com Os Kurandeiros, recapitulo o final do capítulo 48, o último que escrevi anteriormente, onde comentava sobre o Projeto "Sunday Blues" no Templo Clube, que iniciara-se em janeiro de 2016, mas que lastimavelmente não teve um bom prosseguimento. 
Sigo daqui, a enfocar o que Os Kurandeiros fizeram até abril de 2016, um material que acrescentei ao texto do livro impresso, para complementar o texto bruto a dar sentido ao período, e assim fechar o conceito dos quarenta anos, mas só agora vou acrescentar ao Blog 2, pois no 3, já consta, exatamente pela adequação ao livro. Segue abaixo: 
Bem, a ideia do projeto ("Sunday Blues", no Templo Clube), foi boa, mas precisava de ajustes, muitos por sinal. Tanto foi assim que a apresentação marcada para o domingo subsequente foi cancelada, com a ideia da casa preparar-se melhor para o andamento do projeto.
Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar, em 13 de fevereiro de 2016. Foto 1: Jani Santana Morales, Foto 2: Rogério Utrila e Foto 3: Lara Pap
Seguiu-se a esse fato, uma nova apresentação no Santa Sede Rock Bar, em 13 de fevereiro de 2016. Dimas Zanelli, ex-baterista do Made in Brazil, e a cantora Tatiana, apareceram para uma participação especial. Cerca de quarenta pessoas estiveram presentes naquela noite e foi bem animado. 
Voltamos ao Templo Club para dar prosseguimento ao projeto dominical, desta feita a ter como convidado o nosso velho conhecido, Edu Dias. Ao dar um show de simpatia e interação com o público, Edu divertiu-se como sempre, mas sobretudo divertiu o público com o seu bom humor e carisma inquestionáveis. 
Um resumo da apresentação d'Os Kurandeiros com o gaitista & vocalista, Edu Dias, no Projeto "Sunday Blues", no Templo Clube, em 14 de fevereiro de 2016 
Foi uma apresentação ótima d'Os Kurandeiros com este amigo como convidado especial, mas com os problemas da casa não solucionados. Pelo contrário, foi bastante desanimador verificar que nada havia mudado concretamente e pelo contrário, havia piorado no sentido de que o técnico de som da casa, que montara o equipamento com uma lentidão digna de uma tartaruga sob soníferos poderosos na primeira apresentação, na verdade faltara ao segundo dia, e neste terceiro, também não aparecera, a caracterizar abandono de emprego. 
Edu Dias a abrilhantar o Projeto "Sunday Blues" com Os Kurandeiros no Templo Clube. 14 de fevereiro de 2016. Fotos: Lara Pap
Nada a ver conosco tal situação trabalhista ali delineada, mas o fato foi que isso causara-nos um desgaste tremendo e sobre as duas apresentações em que ele não compareceu, a montagem do equipamento de PA fora feita pelo dono da casa, e que fizera-o nos estertores da situação partir para o cancelamento, já com público dentro da casa a esperar. 
Em suma, se tratou de uma situação insustentável. Portanto, infelizmente o projeto foi cancelado, uma grande pena. Contudo, poucos meses depois verificamos que ali mesmo naquela casa, um projeto igual foi montado, mas com outros produtores e artistas envolvidos e assim nós ficamos chateados por sentimo-nos preteridos, ao nos dar a impressão que havíamos sido usados como uma cobaia de laboratório, pois fomos descartados a seguir, para que outros artistas usufruíssem da mesma ideia. 
Como os novos “inquilinos” da casa eram amigos nossos de longa data e sei que não o fizeram com deliberada intenção de usurpar a nossa ideia original, isento-os de qualquer culpa, mas já em relação aos dirigentes da casa, só posso dizer que o sentimento foi de que lhes desejamos que fossem felizes a rezarem no seu “Templo”...
Voltamos ao The Boss da Vila Madalena, para mais uma apresentação no início de março (dia 5). Desta feita, não houve no entanto nenhuma euforia desmesurada como ocorrera na ocasião anterior. Cerca de trinta pessoas assistiram-nos e se não houve euforia, ao menos o padrão de conter muitas entradas aconteceu de novo, sob uma labuta forte. 
Tenho uma lembrança pueril e que nada tem a ver com a nossa apresentação, e nem mesmo com a casa em si. Sendo uma região de enorme profusão de bares, restaurantes e casas de shows, a Vila Madalena propiciava situações dessa monta, como eu vou contar. 
Pois bem, assim que cheguei, coloquei o meu equipamento dentro da casa e sem nada a fazer a não ser esperar os companheiros, sentei-me na porta do estabelecimento, em um estratégico e lúdico banco ao estilo de praça pública que a casa mantinha na sua porta, para conversar com os funcionários da mesma, notadamente os manobristas. 
Quase em frente ao The Boss, havia (há ainda) uma outra casa noturna e que abrira bem cedo, a organizar uma festa. Eu enxergava o entra e sai de pessoas desse estabelecimento e parecia estar a acontecer uma festa particular ali, pois eu vi pessoas a chegarem com pacotes embalados em forma de presente no lugar e a dirigirem-se a uma parte alta, na verdade a se tratar de uma laje ao ar livre, onde uma banda tocava. 
A tocar Pop-Rock, MPB e também a mesclar com Reggae ocasionalmente, a tal banda soava bem, a demonstrar que era formada por bons músicos. O curioso foi verificar a presença de diversas pessoas que eu vira a chegar nesse outro lugar, no período da tarde, muitas horas depois, já quando a nossa própria apresentação já havia encerrado-se na casa onde tocamos e com tais pessoas completamente embriagadas pela calçada, a denotar o longo período em que ali ficaram a embebedarem-se. 
Com uma maioria esmagadora de meninas bem novas e bem vestidas, a denotar ostentarem um nível social mais elevado, cada pessoa ali em seu estado etílico ao início da madrugada, apresentara-se de uma forma lastimável e nessa hora, de uma forma muito egoísta eu sei, pensei no quanto fui poupado de sofrer ao não ter filhos e passar por esse tipo de preocupação na vida com os meus supostos pimpolhos a frequentarem as ditas "baladas".
Os Kurandeiros no The Boss, no dia 5 de março de 2016: Kim à esquerda, Carlinhos Machado ao fundo e eu, Luiz Domingues, doze dias antes de voltar à mesa cirúrgica, por isso estar a tocar sentado e com a hérnia gástrica a me incomodar bastante. Foto: Lara Pap
No dia 17 de março, eu estava na mesa cirúrgica de um hospital novamente, mas desta vez, a operação foi muito mais tranquila e a recuperação mostrou-se infinitamente mais amena. Livre da hérnia gástrica que ganhei de presente após as duas cirurgias de 2015, mas ainda a sentir certos incômodos e também infelizmente avisado pelos médicos que seria assim mesmo e o organismo demorou para fazer tudo voltar ao normal. Corpo humano, enfim, o negócio foi cuidar bem da máquina.
Presentes na entrevista do programa "Brazucas do Rock", com o comunicador Rudi Barbieri. Da esquerda para a direita: Rudi Barbieri (encoberto); Kim Kehl, Luiz Domingues e Carlinhos Machado. Eu estava nesse dia a completar vinte poucos dias depois da minha terceira cirurgia, e a recuperar-me. Foto: Lara Pap
Uma nova intervenção de internet ocorreu-nos, quando fomos convidados a participar de uma longa entrevista em um programa de rádio virtual chamado: “Brazucas do Rock”, em 7 de abril de 2016. Quando o Kim comunicou-me o endereço onde operava tal estúdio, eu dei risada, pois representara menos de cem metros da minha residência e sem a necessidade de se atravessar a rua sequer, a bastar virar à direita na esquina da padaria e andar minimamente. 
Bem recebidos pelo comunicador Rudi Barbieri, a conversa foi bem descontraída, com direito à execução de inúmeras músicas. Eis o link para ouvir tal programa:
Houve a seguir, uma nova passagem pelo “templo” (aí sim!) hippie da zona norte, em 9 de abril de 2016, com cinquenta pessoas a assistir-nos no Santa Sede Rock Bar, e Edu Dias a passar pela casa para uma participação rápida e sempre prazerosa para nós. 
Os Kurandeiros em ação no Santa Sede na primeira foto e a se confraternizarem-se com um dos proprietários da casa, Cleber Lessa. Fotos: Lara Pap

E assim fechou-se abril de 2016 para os Kurandeiros de Kim Kehl!
Está encerrado parcialmente o relato sobre minha história na banda Kim Kehl & Os Kurandeiros, a cobrir o período até abril de 2016, exatamente para dar vazão ao texto do livro:"Quatro Décadas de Rock", que se propõe a focar nas quatro décadas iniciais da minha carreira. 

Daqui em diante, amigo leitor, siga a ler normalmente a partir do capítulo 50, apenas com a ressalva de que dali em diante, o texto fará parte de um outro livro impresso em construção que denominar-se-á: "Mais Rock Depois dos Quarenta". 

Grato por ler esta história até este ponto, e siga normalmente com os novos capítulos sobre a minha trajetória com Kim Kehl & Os Kurandeiros.

                                         Foto: Lara Pap
Continua...  

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