quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Impessoalidade - Por Telma Jábali Barretto


As antigas folhinhas, calendários, traziam o dia Primeiro do ano como Confraternização Universal, algo como se nesse dia recém-vivido, nos víssemos como irmãos, fraternos...quem sabe trégua em meio às nossas contendas. Bem verdade que, sem elas, impossível chegar a essa laureada paz entre os povos... Que diferenças existem é evidente e claro, mas o saber fraternizar em meio a elas é quando, verdadeiramente, exercemos a capacidade de respeito e, mais que respeito, amor! Que tipo de empenho seria se fôssemos todos iguais?!... Já somos, naturalmente, propensos a admirar aquilo que nos parece confortável, conhecido, parecido e seguro, por inércia e puro comodismo e são os diferentes que cobram de nós pensar, buscar entender ou... numa mais delicada hipótese, achar caminhos em nossa reserva de memória como contrapor, rebater... pronta e rapidamente! 
Bem mais além desse nosso funcionar, praticamente automático, subexiste um grandioso empenho que é primeiro necessário conhecer, vindo depois o valorizar?!...e aí e sim!!! buscar vivenciar o que é a impessoalidade, equanimidade, onde, de início, contato com a barreira de vencer, de fato, quanto somos separativistas, seletivos e pelos mais diversos trajetos, com as mais incríveis formas de criar empecilhos a tudo e a todos rotulando e saindo daí, simples e puramente, catalogando de quem somos, seremos, ‘amiguinhos’, próximos, solidários, compreensivos, capazes de encobrir deslizes e enaltecendo diante de quem afiaremos nossas garras, ainda de prontidão, deixando aflorar a pouco bondosa natureza instintiva, da condição animal não tão vencida em nós, naqueles mecanismos reativos de agressão/defesa como se a mais eminente batalha de vida ou morte a nos espreitar, trazendo a chama que trai qualquer aprendizado, ainda racional, pouco apoiado num sentimento de real irmandade. 
Que nossa humanização continue sendo almejada, buscada e estimulada, trazendo cada vez mais, consciência àquilo devemos iluminar, para transpor fantasiosas e pouco verdadeiras noções de confraternizar numa perseverante conquista de nós mesmos, desenvolvendo olhar compassivo diante de pequenas ambivalências que nos habitam para, com veracidade, honestidade madura, fazermos a conquista de uma nova percepção de convivência pacífica que passa bastante longe da passividade ou conivência com o engano, mas que, a todo instante, incansável e perene, vigoroso investimento na clareza, transparência, daquele tipo de justiça impessoal, imparcial, nem promotor e nem defensor, que só mesmo o Amor, em seu estágio mais pleno, oferece! E que a Unidade aconteça em nós, com qualquer e outro próximo... por nós e pelo outro!!!

 
Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira civil, é também uma experiente astróloga; consultora para a harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga. Nesta reflexão, a colunista aborda a questão da impessoalidade nas relações humanas.

4 comentários:

  1. Nossa .....que lindo! ....Olhar compassivo diante das ambivalências...
    Um pequeno manual para o exercício do amor pelo outro e por nós mesmo.

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  2. Se não entendermos as próprias ambivavências...?!...como entender e aceitar as dos demais?!... até para "amar ao próximo como a si mesmo" existe aí uma medida proposta.
    Gratidão pela leitura e comentário! _/\_

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  3. Sim entender as próprias ambivalências... olhar para dentro de mim próprio e perceber a multiplicidade que ali instalei...ah! que luta a cada momento para me tornar UNO com Espírito Universal.Tomar consciência... inicio do caminho.

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    1. Sim...essa percepção é o início de tudo.
      Percebê-las dentro de nós, assim respeitaremos as nossas e alheias batalhas dentro do contexto tão amplo de que somos parte e cocriadores...
      Gratidão! Na mas tê!

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