quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 89 - Por Luiz Domingues

Osvaldo Vicino e Wilton Rentero conversam com Laert Sarrumor (via laptop). Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 5 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Clicks: Luiz Domingues  

No domingo subsequente, dia 5 de fevereiro de 2023, nos reunimos novamente na residência do Osvaldo Vicino. Tal ensaio ocorreu mais uma vez com a participação virtual do Laert, e como um quarteto, trabalhamos firme na harmonização da balada soul, "1969", quando chegamos a um ótimo resultado. Mais do que isso, fechamos um mapa definitivo, já a antecipar a fase posterior do projeto, quando estabelecemos que definiríamos o mapa das quatorze músicas, já a visar a elaboração dos arranjos definitivos.

Na primeira foto, Laert Sarrumor diretamente da videoconferência via laptop. Na segunda, Osvaldo e Laert a interagir durante o ensaio.  Na terceira, Osvaldo Vicino, sentado, Laert atravé s do laptop e eu (Luiz Domingues), no comando da selfie. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 5 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Clicks: Luiz Domingues  

O Wilton nos mostrou uma ideia de solo de introdução, desta feita ligeiramente diferente da elaborada anteriormente e que nos agradou muito. E nós também combinamos de manter a ideia surgida anteriormente, sobre um solo final com outra resolução harmônica e a pensar em gravação para disco, possivelmente para ser encerrado com o efeito do "fade out".

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues) e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 5 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Automático 

Fizemos filmagens das partes da canção de uma forma separada e com essa predisposição, preparamos uma base para o Laert poder analisar e experimentar a métrica da melodia durante os dias posteriores, dali até o próximo ensaio, marcada para a semana subsequente. 

Laert Sarrumor a se comunicar pela via virtual e assim participar do trabalho, ativamente. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 12 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

Foi dessa forma que avançamos para o próximo encontro que ocorreu no dia 19 de fevereiro, e novamente contamos com a participação virtual do Laert para tal ensaio. Dizimamos mais algumas dúvidas em relação à balada Soul, "1969", embora nesse dia em específico, o mau tempo ocorrido em São Paulo e sobretudo em São Vicente, de onde o Laert falava, prejudicou em demasia a nossa comunicação pela internet e assim, nós resolvemos abreviar o encontro virtual e prosseguimos no esforço presencial entre o trio de cordas da banda. 

Laert Sarrumor a interagir com Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 19 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues 

Dessa forma, mesmo com a comunicação truncada, nós conseguimos chegar em um determinado ponto no qual a fase "B" do projeto ficou quase encerrada a faltar pequenos detalhes para tal. Portanto, tal perspectiva nos animou bastante, no sentido de que mesmo que tenha sido lento o processo desde 2020, quando resolvemos resgatar as músicas que compusemos nos anos setenta, enfim conseguimos construir um corpo com começo, meio e fim para as quatorze canções que conseguimos resgatar em meios aos escombros arqueológicos mais profundos de nossas próprias lembranças, ou seja, ao contarmos apenas com remotos lampejos de memória, foi um trabalho árduo.

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 19 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Automático

É bem verdade que quase nada fizemos em 2020, por conta do momento mais agudo da pandemia. E só conseguimos uma continuidade mais firme a partir do final do primeiro semestre de 2021 em diante, quando ao menos a contar com a primeira dose da vacina contra o vírus da Covid-19, nos sentimos um pouco mais seguros para mesmo com muitos cuidados análogos, voltarmos a promover ensaios em estúdios. Mesmo assim, com apenas um ensaio semanal, geralmente dominical e com muitas faltas decorrentes de problemas de saúde apresentados por cada componente ou mesmo por causa de problemas pessoais a incluir impedimentos de locomoção por quebra de nossos respectivos automóveis em algumas ocasiões, o processo teve as suas postergações pontuais e inevitáveis. 

Quando chegamos ao ponto de termos quatorze músicas com mapa, comemoramos, certamente, mas ainda havia muito trabalho pela frente. Muitos ajustes básicos ainda careciam de apuro, principalmente em relação à divisão, métrica e conclusão de melodias e isso também incluiu a questão das mudanças nas letras, inevitáveis em alguns casos, dada a constatação de que certas criações nossas dos anos setenta, soavam evidentemente bem ingênuas, no sentido óbvio da nossa condição juvenil à época.

E sim, a fase subsequente do projeto a apontar para a elaboração dos arranjos definitivos seria trabalhosa pela sua natureza intrínseca, no entanto, eu particularmente estava com a percepção de que havíamos enfim criado uma dinâmica nesse ínterim, a sugerir um entrosamento de banda ativa, ou seja, algo além de uma reunião nostálgica a esmo. Portanto, essa interação adquirida por tantos ensaios nos garantira um nível um pouco mais avançado, que supostamente nos asseguraria a possibilidade de uma maior rapidez para se concluir a fase "C" do projeto e já a avançar para a fase "D" com pré-produção para entrar em estúdio.

Em suma, nesse ponto de fevereiro de 2023, só por vislumbrar tal perspectiva, já se justificou todo o esforço até então empreendido,  mesmo com a postergação por conta da pandemia e tudo o mais que veio a se mostrar como empecilho nesse período. 

E para reforçar tal conceito, penso que todo o empenho que tivemos ao longo de três anos pelos quais estivemos juntos nos anos setenta, em meio à falta de técnica, vivência, noção de mercado e falta de recursos, foi dignificada quase cinco décadas depois, pois tornara-se emocionante para os quatro "grisalhos esquizóides do século XXI", estar a conversar sobre tais trâmites como uma possibilidade real para ser concretizada a médio prazo, isto é, algo do qual jamais chegamos perto nos anos setenta, porque nessa fase remota da nossa história, nós só ficamos movidos pelo sonho, porém longe da realidade plausível.

Continua...

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