Mostrando postagens com marcador Rolando Castello Jr.. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rolando Castello Jr.. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 16 de julho de 2019

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 330 - Por Luiz Domingues

Conforme o combinado previamente, reagrupamo-nos para realizarmos enfim o último show da Patrulha do Espaço, em 2019.

Mantivemos apenas contato protocolar ao final de fevereiro de 2019, para combinar a logística que adotaríamos para esse esforço final e dessa maneira, ficou acertado que encontrar-nos-íamos na cidade de Curitiba no dia 28 de fevereiro de 2019. Rolando Castello Junior e Marta Benévolo já estavam hospedados na capital paranaense, há alguns dias. Eu, Luiz Domingues e Rodrigo Hid voamos para Curitiba, na manhã desse dia citado, uma quinta-feira e chegamos com tranquilidade ao hotel em que hospedar-nos-íamos, no bairro do Batel, por volta de onze horas da manhã. 

Esteve marcado um ensaio para nós, no estúdio Old Black, localizado no mesmo bairro e como nos meses de dezembro e janeiro e ao longo de fevereiro inteiro, nenhuma sugestão de música diferente fora feita para prepararmos, fomos ao ensaio com a certeza de que o repertório base desse show, constituir-se-ia do básico que tínhamos feito nos show anteriores dessa turnê final.

Eu, Luiz Domingues, em meio ao ensaio da Patrulha do Espaço no estúdio Old Black de Curitiba, em 28 de fevereiro de 2019. Click, acervo e cortesia de Marta Benévolo

Chegamos tranquilamente ao estúdio Old Black e fomos bem recepcionados pelo seu gestor, o simpático músico, Renato Ximú. Ensaiamos o repertório base, deixamos algum material disponível para um possível pedido de "bis" para a plateia e recebemos a visita de amigos. 

O proprietário do estúdio, que também é curador de grandes espaços para shows na cidade, alguns músicos e entre eles, o jovem, Beppe Fumagalli que de uma forma entusiasmada falou-nos sobre a sua banda, chamada, "Newholly", influenciada pelo Rock Bubblegum sessentista em 100%, segundo ele. Trocamos contato e ele prontificou-se a enviar-me o seu material para que eu ouvisse com calma em São Paulo, assim que voltasse.

Mais flagrantes da Patrulha do Espaço a ensaiar no estúdio Old Black, de Curitiba-PR, em 28 de fevereiro de 2019. Clicks (1 e 2), acervo e cortesia: Marta Benévolo. Click 3: Renato Ximú

Já anoitecia, quando o ensaio encerrara-se e apesar da conversa agradável ali estabelecida, com pessoas importantes da cena paranaense, estávamos cansados, portanto, voltar para o hotel tornou-se uma necessidade premente. 

E assim o fizemos, quando pudemos então recuperar as forças e estarmos prontos para uma pequena viagem, mediante percurso rodoviário, para a cidade de São Bento do Sul, em Santa Catarina, onde ficaríamos hospedados, a visar o show no Festival Psicodália, a realizar-se na cidade vizinha de Rio Negrinho-SC.

Dessa forma, na manhã do dia 1º de março de 2019, a van contratada para levar-nos, estacionou na porta do nosso hotel em Curitiba. Alguns minutos depois, eis que o casal amigo, ultra solícito e simpático, formado por Cristiano e Lorena Costa, chegou. Eles viajariam conosco e certamente que Cristiano seria um misto de roadie e road manager nessa empreitada. 

Além do mais, haveria por suprir a banda com farto material fotográfico e com imagens, o que seria muito enriquecedor para nós, sem contar com a simpatia do casal, sempre encantadora.

Flagrante da banda a viajar de Curitiba, para São Bento do Sul e Rio Negrinho, ambas em Santa Catarina. 1º de março de 2019. Alojados no primeiro banco: Cristiano e Lorena Costa, no segundo banco: Rolando Castello Junior e Marta Benévolo e no terceiro banco: eu, Luiz Domingues e Rodrigo Hid. Click (selfie), acervo e cortesia de Cristiano Rocha Affonso Costa 

Foi uma viagem muito tranquila, chegamos bem em São Bento do Sul-SC e assim que fizemos o check-in no hotel, tivemos tempo de sobra para explorarmos o entorno, com direito a uma visita feita em uma padaria próxima e compras em um supermercado. 

A nossa partida para o local do show, distante cerca de quinze Km dali, estava marcada para às 23 horas. O nosso soundcheck estava marcado para a meia noite e o show, para as duas e meia da manhã, logo após o término do show da Elza Soares, que realizar-se-ia em um outro palco. Enfim, foi o tempo suficiente para o descanso, nos arrumarmos e ainda esperar por um bom tempo para partirmos, enfim.

Assim, saímos na hora combinada e mediante uma viagem rápida, chegamos ao local do festival, uma imensa área semi rural, quando impressionei-me pelo seu tamanho e boa organização, aparentemente. 

Salvo um pequeno vacilo da produtora encarregada de cuidar de nossa comitiva, que deveria ter embarcado conosco em nossa van, assim que chegamos à portaria e a nos conduzir com maior segurança ao bastidor do nosso palco, mas que por não fazê-lo, deixou-nos momentaneamente à deriva, eis que mediante o apoio de outros funcionários do festival, chegamos com relativa rapidez. 

Instalados no camarim, fomos muito bem recebidos pelos produtores designados para atender-nos e logo, o acesso ao palco foi liberado para fazermos a preparação e um soundcheck muito tranquilo, com a cortina cênica fechada e com toda a atenção do grande público voltada para o palco adicional, onde o show da veterana estrela da MPB, Elza Soares, já estava para iniciar-se. 

Assim que Elza começou o seu show, fomos autorizados a iniciar a nossa preparação. Bem assistidos pelos técnicos do PA/monitor/iluminação, ali disponíveis para atender-nos, foi tudo a contento.

O amigo, Jardel, que fora roadie em nosso show na cidade de Ponta Grossa-PR, cerca de um ano antes, esteve presente e junto ao Cristiano, auxiliou-nos na montagem. 

Uma fato desagradável ocorreu, mas não fora culpa deles, técnicos, exatamente. Ocorreu que havia um único praticável disponível para usarmos na bateria e como o Rolando usa costumeiramente, dois bumbos, seriam precisos dois, para o seu Kit ficar bem instalado. 

O motivo de haver só um praticável para nós usarmos, foi bizarro. O que aconteceu, foi que a produção da Elza Soares havia solicitado uma enorme quantidade de praticáveis e assim, estavam a usar no outro palco, uma quantidade absurda, em torno de vinte e sete praticáveis e por isso, houvera sido reservado apenas um para o nosso show, o que descumpriu o nosso rider técnico enviado previamente, pois é lógico que os produtores locais estiveram avisados sobre o kit de bateria ser grande. 

Enfim, a produção da Elza Soares deve ter pressionado e assim, não tivemos outra solução a não ser montar a bateria no nível do piso. De certa forma, também seria charmoso, pois atuaríamos como bandas de Rock sessentistas que não costumavam suspender a bateria no palco, então, tudo bem.

Flagrantes da apresentação do show, que ficou dividida entre o personagem, Cris Rock, que fora o nosso convidado,e uma Drag Queen, hostess do festival. Patrulha do Espaço no Festival psicodália, em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Click, acervo e cortesia: Herman Silvani (foto 1) e Liza Bueno (foto 2)

Apesar da hospitalidade, eu observei os detalhes e a tão propagada aura "hippie" desse festival, não estava assim bem delineada, em minha percepção. 

Talvez por eu não ter andado pelo campo como um todo e ter ficado somente naquele bastidor e no palco onde tocamos, e por ser no período noturno, eu não senti uma atmosfera contracultural, vintage ou retrô, ali naquele ambiente e pelo contrário, a impressão que eu observei foi outra, como se nas entrelinhas, fosse mais um festival alternativo, quiçá sob orientação "indie", em que alguns sinais contraculturais fossem misturados com ícones modernos e em certos aspectos, a estabelecer equívocos de avaliação da parte de seus seguidores. 

Por exemplo, fomos interpelados por um "Drag Queen", que pediu-nos a permissão para ser o mestre (ou maestrina, como queira), de cerimônias a apresentar-nos. Aceitamos, sem preconceito, mas ao mesmo tempo, o que teria a ver com um show de Rock, exatamente?

Então, eis que o personagem, Cris Rock, que faria a nossa apresentação por nossa vontade, teve que dividir as atenções iniciais com este/esta senhor/senhorita. Tudo bem, a apresentação do Cris Rock foi o que esperávamos a motivar o público, mas a Drag Queen, apesar de não desapontar, mesmo por que devia estar acostumada com performances, realmente pareceu-me deslocada do contexto, primeiro por não fazer a menor ideia de quem fôssemos nós e segundo, por confundir o clima de uma plateia de show de Rock com uma festa gay, com a qual ela devia estar habituada a animar. 

Por exemplo, ao insistir em chamar as pessoas da plateia como: "senhoras", não considerou a hipótese que tal expectativa em enxergar o mundo apenas pelo prisma feminino, foi exclusivamente sua e que, sem nenhum preconceito de nossa parte, mas apenas a constatar, isso destoou do espírito Rocker que ali deveria ser observado, sem subterfúgios. 

Ainda bem que o Cris Rock aliviou essa estranheza e o público entendeu melhor a sua manifestação, muito mais condizente para conosco. 

As cortinas fecharam-se novamente após esse prelúdio discursivo e cerca de poucos segundos depois, ao som de nossos primeiros acordes, com a canção, "Meus 26 Anos", abriram-se e mediante a explosão de luz, um show de Rock iniciou-se, enfim...

Continua...

domingo, 30 de dezembro de 2018

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 328 - Por Luiz Domingues

Quando aproximei-me da coxia, que naquele espaço, na verdade, era (é) algo improvisado, visto não ser um teatro, mas um enorme salão, a banda já estava pronta para iniciar o set. Foi a homenagem à mais recente formação da Patrulha do Espaço, que atuou por quatro ou cinco anos unida, com a falta apenas do guitarrista, Danilo Zanite, que mudara-se há quase um ano para a Holanda e neste caso, foi substituído pelo guitarrista Chronophágico, Marcello Schevano. 

Tal formação tocou três temas mais pesados: "Deus Devorador" (do álbum: Patrulha'85), "Rolando Rock" e "Riff Matador", estes últimos, temas mais modernos, do disco: "Dormindo em Cama de Pregos", de 2012.

O início do espetáculo, com a formação mais próxima da banda nos anos dez do século XXI. Foto 1: O ótimo baixista, Daniel Delello, em destaque. Click, acervo e cortesia de Marcelo Crelece. Foto 2: Marcello Schevano e Rolando Castello Junior em ação. Foto 3: Daniel Delello e Marta Benévolo em ação. Foto 4: Rolando Castello Junior em destaque, com a mão de Marta Benévolo, a frente. Clicks (2; 3 & 4), acervo e cortesia: Wan Moraez. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP, em 3 de novembro de 2018

Formação excelente e que dignificou essa fase mais atual da Patrulha do Espaço, naturalmente que deu o recado com grande resposta do público. 

Eis que chegou a hora para executar a quarta música e a culminar com a minha entrada, Luiz Domingues e Rodrigo Hid. Formação Chronophágica reunida e reforçada pela presença de Marta Benévolo, tocamos quatro músicas, com apenas uma ("Robot"), que não foi uma composição da nossa formação. Eis que iniciamos com "São Paulo City" (CD ".ComPacto"), "Nave Ave" e "Ser", do CD "Chronophagia" e a já citada "Robot", do álbum, "Patrulha'85". 

Tocamos com muita energia e deu para sentir a comoção do público, que respondeu com euforia e muito sentimento. E apesar de não termos tido muitos ensaios, pois apesar de que houveram ocorrido três dias de preparação, pelo fato de termos tantos convidados, os ensaios não foram minuciosos, na verdade a dar tempo para se passar cada música em uma, no máximo, duas vezes cada uma, com pouco polimento, portanto, pelo pouco tempo de preparação que tivemos, a qualidade da execução ao vivo, até surpreendeu-me.

O show em curso com a formação Chronophágica em ação! Foto 1: Luiz Domingues em destaque. Click, acervo e cortesia: João Pirovic. Foto 2: Rodrigo Hid e Luiz Domingues em ação. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa. Foto 3: Luiz Domingues, Rodrigo Hid e Marta Benévolo em ação! Foto 4: Rolando Castello Junior em destaque! Foto 5: Rodrigo Hid e Marcello Schevano em destaque! Clicks (3, 4 & 5); acervo e cortesia: Marcelo Crelece. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP, em 3 de novembro de 2018

Foi quando mais um convidado especial foi chamado ao palco. Eis que o grande, Gabriel Costa veio tocar o seu super competente baixo na música "OVNIS" (LP "Patrulha 4", de 1984). Participação brilhante, sou fã dele como um super músico, Ser humano excepcional e nada mais apropriado do que ele a tocar a canção, "OVNIS", sendo um físico por formação e grande entusiasta de astronomia e ufologia. 

Voltei a seguir e com a formação Chronophágica, como base, recebemos mais convidados especiais. O vocalista da voz impressionante, Rogério Fernandes, entrou para cantar: "Berro", conosco. 

Gosto muito dessa canção, pois ela é de uma fase da banda em que eu não atuei, mas fui admirador do trabalho e tornei-me amigo de seus componentes, ali bem no início dos anos oitenta. 

Mais que isso, essa canção, que é uma composição do igualmente grande, Ivo Rodrigues (A Chave e Blindagem), tem o elo forte com o Rock setentista. Trata-se de uma bela balada, com letra muito poética e tem um final que é deveras emocionante a evocar as mais belas tradições perdidas no Rock, daí o meu apreço pessoal e sempre que a toquei, irremediavelmente deixei-me levar pela emoção que ela gera naturalmente e desta feita, não foi diferente.

Mais alguns momentos do show. Foto 1: o convidado especial, Rogério Fernades, em ação. Click, acervo e cortesia: Marcelo Crelece. Foto 2: Rodrigo Hid e Rogério Fernandes em ação! Click, acervo e cortesia: Ana Amb. Foto 3: Marta Benévolo e Rogério Fernandes em ação! Click, acervo e cortesia: Dean Claudio. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP, em 3 de novembro de 2018

Ainda com Rogério no palco, um outro convidado especial foi chamado a apresentar-se conosco: Xando Zupo, excepcional guitarrista, compositor e meu companheiro por quase dez anos no "Pedra". 

Com ele e Rogério a cantar, executamos o tema: "Serial Killer", que é uma música gravada por Xando, quando este foi membro da banda, no início dos anos noventa. Mais próximo do Funk-Rock setentista do que do Hard-Rock oitentista, foi agradável tocar tal tema. 

E a seguir, sem o Fernandes, mas com o Zupo ainda no palco, Rodrigo Hid foi para os teclados e comandou o vocal e com essa esta formação Chronophágica + Xando Zupo, executamos de uma forma inédita a canção: "Livre Como Você", peça que gravamos para fazer parte do CD "Z-Sides", trabalho solo do Xando, lançado em 2003. 

Canção com forte característica Hard-Rock setentista, mas com nuances em adendo, tais como a Power Ballad com teor Pop e doses de Southern-Rock e Funk-Rock, trata-se de uma bela peça e eu fiquei muito feliz por tocá-la ao vivo, por ser uma canção rara dentro da discografia da Patrulha do Espaço e do próprio, Xando Zupo. E a execução foi muito boa, com bastante balanço e uma desenvoltura bastante convincente.

Flagrantes da participação de Xando Zupo, conosco. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP, em 3 de novembro de 2018. Foto 1: Rolando Castello Junior a saudar o público. Click, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia. Foto 2: Xando Zupo, Luiz Domingues e Rolando Castello Junior ao fundo, na bateria. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa. Foto 3: Xando Zupo e Marcello Schevano na linha de frente, com Rolando Castello Junior, ao fundo, na bateria. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa. Foto 4: Marcello Schevano e Rodrigo Hid em ação. Click, acervo e cortesia: Wan Moraez. Foto 4: Xando Zupo em destaque! Click, acervo e cortesia: Wan Moraez
Assista acima, a execução da canção: "Robot". Patrulha do Espaço ao vivo no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP, em 3 de novembro de 2018. Filmagem : Bolívia & Cátia

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=NBRevMD33BY

Continua...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 324 - Por Luiz Domingues

Bem, nós soubemos que um soundcheck seria inviável, pois o festival estava em pleno curso e programaram-nos para tocar no horário de uma hora da manhã. Portanto, a se configurar como cerca de dezesseis horas apenas naquele instante, quando chegamos à cidade, o jeito foi repousar no hotel e nem daria para pensar em conhecer a cidade, visto que chovia e fazia um frio considerável.

Pois muito bem, foi o que fizemos. E no horário combinado, cerca de meia noite, lá estava a comitiva reunida dentro da van e mediante GPS, fomos ao local do show, que mostrou-se um clube com uma pequena dimensão, encravado em um mini bosque charmoso, apesar da condição atmosférica não mostrar-se nada favorável naquele instante, para uma melhor avaliação in loco. 

A experiente produtora, Manu Santana, que estava conosco na condição de convidada, no entanto, tomou a dianteira para facilitar a nossa logística ali e foi providencial contar com a sua força de trabalho eficaz. 

Chegamos perto ao local e de fato haviam muitos jovens a circularem pelo local e assim que descemos e fomos em direção ao camarim, eis que cercaram-nos e eu culminei em desgarrar-me da comitiva, momentaneamente, quando fui bastante assediado para tirar fotos e ouvir elogios rasgados ao trabalho e o quanto estavam contentes por estarmos ali. Ora, como não ficar gratificado em exercer na prática, aquela máxima preconizada pelo grande, Milton Nascimento? Pois é, o artista tem que estar aonde o povo está... 

A aguardar o início do show, enquanto os preparativos da troca de set up em relação à atuação da banda anterior para a nossa, fosse concluída, Algum fã sinaliza-me nesse momento do click. Patrulha do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13 de outubro de 2018. Click, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa

Fui o mais simpático possível, deixei-me fotografar, conversei, mas se eu não tomasse uma atitude, ficaria retido ali e então, tive que pedir licença e procurar o camarim. 

Não era um clube com grandes dependências, mas essa dispersão deixou-me sem orientação momentânea. Errei o caminho em princípio e senti-me como um componente da banda fictícia/humorística, "Spinal Tap" a procurar o camarim em meio ao público, mas eis que logo o descobri. 

Bem, o improviso gerado pela mudança de endereço, ficara visível, pois deveria ter sido um festival com grande proporção, mas ali naquele pequeno clube, o bastidor bem mais modesto, fez-me recordar dos anos noventa, quando eu toquei no Pitbulls on Crack e enfrentei diversas maratonas assim, com muitas bandas a apresentarem-se em clubes de média proporção. Tudo bem, foi pela força das circunstâncias, não fiquei incomodado. 

As pessoas responsáveis pela produção do festival, mostraram-se solícitas e esforçaram-se para proporcionar-nos o máximo de conforto e suporte, que foi possível. 

Uma constatação apenas desagradável, assim que chegamos ao ambiente, uma banda se apresentava naquele instante e o seu repertório era tão somente baseado em covers. Enquanto aguardamos a nossa vez, uma outra apresentou-se a seguir e a tocar covers e assim que encerramos, outra entrou no palco e ... mais covers internacionais. 

Ora, tudo bem, eram bons músicos a executarem covers oriundos do cancioneiro do Rock setentista em predominância, ou seja, é sempre agradável ouvir Led Zeppelin e contemporâneos dessa estirpe, mas alto lá: desde que instalado confortavelmente em sua casa, a ouvir os discos dos artistas originais, não é mesmo? 

Um festival com tantas bandas e a conter uma banda da tradição da Patrulha do Espaço e outras com razoável fama (Carlos Daffé, Os Replicantes, Brasil Papaya) e um monte de outras bandas ali escaladas para participarem e sem uma única música autoral sequer, no seu set list? 

Fiquei desapontado com tal predisposição do festival, ainda mais ao saber que este contava com o apoio público estadual e federal, ou seja, o fomento à cultura não sendo melhor aproveitado. E por falta de artistas locais bons, não foi. Espalhados por Santa Catarina, eram/são muitos e só para citar alguns poucos dessa ocasião: Epopeia, Os Depira, Das Aranha, Liza Bueno, o guitarrista, Pevê etc. 

Nada contra os garotos que tocaram, mas um festival deveria existir para dar espaço para artistas mostrarem o seu trabalho autoral e não a se revelar como um mero ambiente para baladas, ainda que o set list proposto, fosse agradável aos meus ouvidos Rockers e vintage.

Flagrantes do nosso show. Patrulha do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13 de outubro de 2018. Click, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa

Bem, sem soundcheck, mas a contar com a boa vontade da equipe responsável pelo som e o providencial apoio do amigo, Cristiano, tudo foi montado com relativa rapidez e eficácia. 

Em poucos minutos, nós iniciamos o nosso show e este transcorreu com muita energia. Não houve ali presente uma super multidão como fora projetada pelos idealizadores do festival, mas quem esteve ali, vibrou muito e ocorreu uma comovente interação da parte de um grande contingente que aglomerou-se em frente ao palco e cantou todas as músicas com todo o vigor de seus respectivos pulmões. Chegamos a ficarmos impressionados e mais ainda por constatarmos que eram bem jovens, com a aparência de terem nascido bem depois da fundação da nossa banda, quiçá fossem crianças ainda quando vivemos a formação Chronophágica da nossa formação.  

Mais flagrantes do show. Patrulha do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13 de outubro de 2018. Click, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa

Fomos a tocar com essa resposta sensacional, houve uma boa margem para improvisos, interação com a plateia (com a distribuição de alguns brindes da parte da banda) e todo mundo ficou feliz ali. 

No palco, o som se provou compactado. Não foi uma monitoração dos sonhos, mas o técnico deu o seu melhor ali, ao mostrar-se solícito às nossa reivindicações. Teve uma pressão boa e no meu caso, toquei em um amplificador exótico cujo nome nem recordo-me. Não era "handmade", tampouco alguma marca e modelo clássico que fosse facilmente identificado, entretanto, apesar desse exotismo todo, eu consegui extrair peso e timbre, portanto, fiquei satisfeito. 

E o Rodrigo, apesar de ter à sua disposição um amplificador de segunda linha, extraiu um som espetacular, o que despertou até comentários de outros músicos ali presentes. De fato, ele foi feliz no ajuste, pois que em via de regra é difícil tirar som de um combo Marshall Valvestate. 

Missão cumprida em Caçador-SC, encerramos com comoção e pedido de bis. Foi uma ovação e ficamos contentes, certamente.

Missão cumprida, uma das últimas dessa nave ave... Patrulha do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13 de outubro de 2018. Click, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa
 
Voltamos para o hotel, extenuados. Apesar do conforto da van e da direção ultra segura da parte do motorista, Mauro, a verdade foi que a viagem cansara-nos. 

Bem, descansamos bem e no domingo por volta de onze horas da manhã, pusemo-nos a circular rumo a Curitiba. Nesta altura, eu e Rodrigo já sabíamos que não voltaríamos através de avião para São Paulo e já estávamos conformados com a ideia de viajarmos no uso de um ônibus de linha. 

Mas quando vimos a opção mais próxima para ônibus leito, ser possível apenas para a alta madrugada de segunda-feira, decidimos enfrentar o ônibus tradicional. 

Despedimo-nos dos amigos e dito e feito: com chuva e bastante frio na rodoviária de Curitiba, eis que entramos no bólido das 19 horas e assim, cansados, mas com vontade acentuada para voltarmos logo para a casa, foi por volta de 1:30 da manhã que eu entrei em minha residência em São Paulo, enfim, e senti-me feliz por ter cumprido mais uma etapa nesse esforço final para que essa banda repousasse no hangar, definitivamente. 

Próxima parada: Sesc Belenzinho, em São Paulo City, o último show na terra natal dessa banda...

Nos bastidores do pós-show: Eu (Luiz Domingues), Cristiano Rocha Affonso Costa e Marta Benévolo. Patrulha do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13 de outubro de 2018. Acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa. Click: Lorena Rocha Affonso Costa

Continua...