quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 3 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues



E finalmente chegou o dia da estreia...
Tocaríamos cinco dias no Teatro Martins Pena, no bairro da Penha, zona leste de São Paulo. Esse teatro é mais um dos teatros municipais que a prefeitura de São Paulo possui, espalhados por vários bairros da cidade, e muito aconchegante. Fica localizado no centro do bairro, que mais parece uma cidade do interior com suas ruas estreitas, e com o comércio mais contundente, a deixar os outros recantos do bairro para as áreas mais residenciais. O Tato tinha prestígio no meio teatral, por isso, a usar os seus contatos, havia providenciado patrocínio para uma pequena divulgação. 
Nesse caso, tivemos cartazetes; filipetas (hoje em dia, fala-se : "Flyers"...), e cartazes de rua, os chamados, "Lambe-lambe".
Foi a primeira vez que eu estive envolvido em uma produção com uma divulgação assim. Na realidade, isso não representa nada demais, mas para eu que era um principiante, fiquei a considerar-me um vencedor por ver cartazes de rua, quando andava a pé, ou com ônibus, e saber que naquele show anunciado, eu fazia parte como baixista, ou seja uma sensação juvenil e pueril. Mas, nada mau para quem três anos antes, sonhava ser artista, mas sem saber tocar uma nota musical sequer. 

O primeiro show realizou-se no dia 6 de novembro de 1979, uma quarta-feira. Teve 13 pagantes, e o Tato ficou visivelmente irritado com tal resultado pífio. No meio teatral, estava acostumado a lotar teatros, mas na música, era desconhecido praticamente, embora esse fosse o seu maior sonho, ou seja, a consolidação da carreira musical.
Acima : Os irmãos Iso & Tato Fischer, em foto bem mais atual do que o momento que relato, de 1979.

O repertório foi mesclado por canções dele, algumas de seu irmão, Iso Fischer, e alguns números com compositores famosos da MPB e até do Rock (lembro-me de "While My Guitar Gently Weeps", dos Beatles). Ele cantava bem, sem dúvida, tanto que é professor de técnica vocal até hoje em dia (2012), e dominava o palco por ter experiência como ator e diretor, mas exagerava nas performances. 
E no press-release, o Tato fez questão de grafar a palavra "Show", de uma forma aportuguesada, ao mudá-lo para "Chou", conforme também apareceu nas filipetas e nos cartazes lambe-lambe. 

Veja abaixo, a nota no jornal Folha de São Paulo, destacou esse fato :
Continua...

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