sábado, 4 de maio de 2013

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Quarteto Toulon) - Capítulo 35 - Por Luiz Domingues

Mas toda essa pressa não serviu para nada, pois o Chez Bernard culminou em não aceitar-nos, porque esperavam um som intimista ao estilo de uma MPB lounge, e com um Power-Trio Rocker, mesmo esforçando-nos para conter o volume e a pegada, naquele bar isso fora demasiado barulhento para os seus padrões, e certamente que perturbamos as "dez" pessoas que estavam ali presentes...

E assim, só fomos arrumar um emprego, quase um mês, depois, em um restaurante grego, localizado no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, chamado : "Delfos".

A Vilma não era nenhuma grande cantora...pelo contrário, tinha muito pouco alcance vocal, e se não conseguisse ouvir-se bem, tendia a desafinar. Não desafinava grotescamente, mas sempre ficava aquém ou além do tom correto, meio "coma" pelo menos, a causar uma pequena estranheza para nós. Claro, uma sutileza dessas passava despercebida para o público leigo, mas um ouvido mais lapidado, percebia, e não havia como ela superar essa deficiência com o equipamento de P.A. precário que a casa  fornecia-nos.
E o mesmo sucedia-se com a flauta. Não sendo uma grande flautista, mas ainda apenas uma estudante do instrumento, ela fazia solos com várias notas fora da harmonia, por falta de conhecimento teórico de harmonia, ou na maior parte das vezes, por não ouvir-se direito. A primeira apresentação no restaurante Delfos, foi no dia 14 de agosto de 1981. Havia cerca de sessenta pessoas presentes no recinto, e pior que um bar, tocar em restaurante foi uma experiência terrível, no sentido de convivermos com a ausência absoluta de atenção...
A cada final de música, o silêncio mostrava-se constrangedor em relação à banda, e só era quebrado pelo movimento dos garçons e pelas pessoas a conversar nas mesas...

Desde a primeira apresentação, o gerente incomodou-nos com a questão do volume. Chegava a ser cômico ele a sinalizar-nos para diminuir, mesmo com a banda a estar sob patamares de baixo volume, constrangedores, até, principalmente para o Cido Trindade. Tocar bateria nessas circunstâncias, é uma tortura para o baterista. Mesmo ao considerar-nos "barulhentos", fomos contratados para tocar fixo, às sextas e sábados.


Continua...

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