terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 229 - Por Luiz Domingues


Beto Cruz rapidamente começou a trabalhar conosco, pois o tempo urgia. Tínhamos compromissos agendados, e ele precisava adaptar-se à banda, o quanto antes. Em princípio, ele teria que cantar todas as músicas do EP, mais "Luz", do compacto. Eventualmente contaríamos com "Átila", e "18 Horas" no repertório, mas não queríamos carregar muito nos temas instrumentais. O fato dele ser guitarrista, animou-nos, pois além de ser uma possibilidade inédita para a banda, facilitaria e muito o processo de criação de novas canções, pois ele também era compositor e criador de Riffs. 

Em princípio, não cogitávamos que ele tocasse guitarra nos shows, mas tornou-se uma real possibilidade que não descartávamos para o futuro. Ele começou a ensaiar conosco ainda naquela semana e apreciamos muito o astral dele, sob vários aspectos. Além de mostrar-se apto como cantor; guitarrista, e compositor / letrista, o Beto mostrou-se decidido, com personalidade forte. Ele tinha muitas ideias sobre gerenciamento; marketing, e tal demonstração de versatilidade extra musical, agradou-nos bastante. 

E ele sabia exatamente que seria uma oportunidade muito boa que estava a aproveitar, pessoalmente, ao saber dimensionar o tamanho que A Chave do Sol detinha naquele momento, e a possibilidade de crescimento que ostentava. Agimos o mais rápido que pudemos ao providenciarmos uma sessão de fotos imediatamente; um novo release e usamos a mala postal do fã clube para anunciar a notícia oficial de sua entrada na banda. 

O Luiz Calanca lamentou a saída do Fran Alves, e certamente, como produtor fonográfico da banda, enxergou nessa troca, com o novo disco ainda quente, e recém saído da fornalha, um prejuízo e tanto para o seu investimento. Ele teve razão sob esse aspecto, certamente. Mas...o que poderíamos fazer para evitar tal situação ?

Sobre o Beto, as informações que tínhamos foram de que ele tinha tido uma recente participação em uma banda orientada pelo estilo Hard-Rock radicada no interior de São Paulo (Mogi-Guaçu), denominada : "Zenith". Tratava-se de uma boa banda, com bons instrumentistas em sua formação e a contar com composições de bom nível, vide a canção : "Change My Evil Ways", que era do repertório dessa banda, mas como tratava-se de uma composição do guitarrista dessa banda (Zé Carlos Vasconcellos), em parceria com o Beto, este último a trouxe para A Chave do Sol, e assim, nós a gravaríamos ao final de 1987, a constar do LP The Key. 


E antes da passagem pelo Zenith, o Beto Cruz vinha de uma banda a atuar na noite com covers, onde o baixista fora o seu irmão, Claudio Cruz (baixista do Harppia, já a partir de 1986), e um dos bateristas que por ali passou, foi Charles Gavin, que posteriormente foi fundador do Ira, e que depois, integraria a formação dos Titãs.

A orientação musical do Beto, era toda calcada em sonoridades a ver com os anos 1970. Ele apreciavaa coisas boas dos anos sessenta, certamente, mas o que gostava mesmo era das sonoridades setentistas, notadamente em termos de Hard-Rock, como por exemplo o som de bandas como : Led Zeppelin; Bad Company & afins. Em termos vocais, ele gostava muito de Robert Plant e David Coverdale, e dessa forma, saiu a voz rouca de Fran Alves e ganhamos a voz mais "aveludada", talvez mais palatável aos ouvidos do público, que tanto estranhou e rejeitou a voz potente de Fran Alves. Bem, essas foram as primeiras impressões e informações sobre o Beto Cruz que obtivemos logo no início de sua entrada na banda. Teríamos dois shows para cumprir já no início de novembro de 1985, e ambos continham características de shows para um público de grande porte. Ambos geraram histórias... e algumas delas, engraçadas...



Continua... 

2 comentários:

  1. como sempre ,belas Historias contadas por quem sabe falar e escrever e ainda é Musico.Parabens.Ainda bem que vim aqui no iniio do ano para dar continuidade hehehehehehe....Aproveitando o momento Dear Luiz Domingues ,deixei um recado la na sua pag do face,se puder da uma olhada e um feliz ano de 2015 para voce e sua Familia

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  2. Maravilha, amigo Oscar !

    Fico sempre contente por saber que esteja acompanhando com esse entusiasmo, os capítulos da minha autobio.

    Desejo-lhe um excelente 2015, igualmente !!

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