Nesses meses
iniciais de existência, tudo é absolutamente fascinante, e também confuso. Formas,
cores, luzes, pessoas...
Não demora a
se chegar em um estágio onde os adultos penduram artefatos coloridos no seu berço
e propositalmente, colocam objetos ao seu alcance. O momento de experimentar a
sensação tátil de segurar tais peças chegou e agora não apenas você é livre
para manuseá-los a vontade, como também torna-se questão de tempo e força, para
descobrir o prazer do livre arremesso.
Se somos acrobatas
pela habilidade de colocarmos o pé na cabeça, ao estabelecermos uma autêntica performance
circense, também somos bons na prova do arremesso de disco ou dardos...
Instigantes
são os formatos desses objetos. Vai demorar para identificarmos e decorarmos os
nomes e os seus correspondentes na vida real. Sim, porque a ideia em via de
regra, é a de que tais pequenos volumes simulem seres vivos e/ou objetos que existam na vida
real, ou que no mínimo façam uma caricatura da realidade.
Bem, pouco
importa nessa fase da vida saber com exatidão o que é um carro, caminhão ou uma espécime do Reino
animal.
Aliás, o que
é um bicho? O que significa um Ser Humano?
Muitos anos depois e poderemos chegar
a questionar a falta de humanidade e o caráter animalesco de certos humanos,
mas isso é preocupação bem para o futuro.
O importante
nessa etapa da vida é explorar os aspectos táteis desses objetos que os adultos
nos fornecem. Alguns são bem coloridos, portanto chamativos. Outros produzem
ruídos engraçados conforme os tocamos e essa é mesmo uma fase de
experimentações a esmo, desprovidos de qualquer senso lógico, nenhuma
conjectura racional a nos basear. Apenas apertamos os objetos e gostamos da
sensação de tal manipulação, pelo contato com a borracha, o material plástico
ou seja lá de que forem feitos.
Gostamos das
suas cores e formas e também dos ruídos que emitem. Ou não, às vezes. Há os que
antipatizamos e não há explicação alguma para tal. Não nessa época.
Simplesmente não simpatizamos com a fachada de um ou outro, simples assim.
A falta de
qualquer vínculo com normas é extraordinária nessa fase da vida. Se não
gostamos, simplesmente o arremessamos para longe. Se o adulto insiste em querer
que gostemos de algo que não nos agrada, basta chorar para mostrar o desagrado.
Passa mais
um tempo, não muito por sinal e já estamos a engatinhar e assim esboçarmos os
primeiros passinhos. Diante dessa possibilidade de locomoção, um novo leque de
oportunidades se abre. Aí começa um
conflito e tanto.
Os adultos
passam a nos repreender, ao alegarem que alguns objetos são liberados para nós manipularmos, mas a maioria dos artefatos que contém formatos interessantes e cores chamativas,
não o são.
Que confusão
isso cria para o nosso entendimento...
Por que não
se pode mexer a vontade no que quisermos? Não foi assim a predisposição até bem pouco tempo atrás?
Pois agora
há sempre um adulto por perto a nos dizer que não devemos pegar a maioria dos
objetos interessantes do Lar.
Não demora,
e o conceito que cerca a palavra “brinquedo”, nos é falado à exaustão. Alguns objetos são brinquedos, mas a maioria não, e os que não o são, em hipótese
alguma podem ser tocados.
No entanto, qual a
diferença entre um brinquedo e o que não um é brinquedo? Essa é a primeira pergunta
que nos ocorre e segundo ponto: se já conhecemos os ditos “brinquedos”, por
que nos impedem de explorar outras possibilidades?
Agora eu sou
adulto e claro que entendo o posicionamento, mas com poucos meses de vida, é
difícil ao extremo entender porque somos estimulados a tocar em certos objetos
e duramente repreendidos se tocamos em outros, considerados inadequados.
Visto pelo
ponto de vista de adulto, isso é inquestionável, claro.
Mas ao pensando na
experimentação livre de quando somos bebês, onde tudo é absolutamente novo e interessante a
nos chamar a atenção, a incompreensível distinção entre o que se pode pegar e o
que não pode, é uma das primeiras angústias da vida.
exatamente isso, meu querido Luiz! Trabalho com os pequenos e sei bem... por isso deixo que eles mexam no meu violão, a vontade! rs...
ResponderExcluirComo mencionei na crônica, uma das primeiras angústias da vida...faz bem, portanto em deixar os pequenos mexerem no violão, explorando a sonoridade e despertando-lhes a curiosidade.
ExcluirSuper feliz com sua atenção e comentário !
Abraço, Tata !!