Paradoxal, contraditório e, às vezes, surpreendentes
são as carências que detectamos num mundo em que os caminhos para
comunicação são abundantes e, em tempo real,
onde quanto mais convivemos, observamos e aprendemos... Aliás, talvez
aí mesmo esteja a resposta: a facilidade, acessibilidade a tantas formas
de contato simplesmente revelam, desmascaram e as nomeiam seus vários
formatos.
Muitos alertas atualmente existem para que o extremo
de exposição não propicie, inclusive, perigos para a própria privacidade
e segurança, mas...literalmente questionamos:
quem está atento a isso quando, se no inverso, uma necessidade absurda
de existir para o outro, seja um especial outro, ou, mais delicado
ainda, qualquer outro que faça eco ao que se dividir, simplesmente expor
ou exibir ?!... O que se esconde de fato atrás
desse comportamento senão uma escancarada ou velada, subliminar
carência ?!... E, sobre isso gostaríamos de convidar para uma reflexão !
Muitas são elas não ?!...e não falamos aqui só das
materiais ou afetivas. Para nos sentir existindo, parece que precisamos
cavar, inventar motivos para que alguém
me enxergue...e, nisso, temos visto muita originalidade. E a que vem ?
Quando partilhamos algo, em qualquer forma de grupo
social, virtual ou presencial, informamos, acrescemos ou esclarecemos ou
ali só puramente mostramos, de’monstramos’
aquilo que nos importa trazer ? Um bem material e de qualquer
importância, um sonho realizado, a chegada a algo pacientemente
construído, adquirido, semeado e florescido e, tal expor a que ou a
quem, quantos beneficiará, proporcionará, tanto objetiva quanto
subjetivamente, num alavancar, estimular, de verdade, espalhando,
reverberando ganhos ?
Porque se não for assim, qualquer fala no
compartilhar visa suprir nossa extrema carência de ocupar um espaço no
olhar do outro, na escuta de meu feito, de que tipo, tamanho
seja, ainda que nada, nada mesmo inspire, ensine ou encante no meu
próximo, que à sua maneira, numa mesma sintonia talvez retorne,
replique, responda percebendo quão similar são as trocas, configurando
um tecer de falatório, blábláblá que retroalimenta barulho
continuado, mantenedor do apaziguado piloto automático, num enganoso
sentimento de que oferecemos, quando, no fundo, bem mais embaixo, só
fazemos manter o público que aplaude, é aplaudido igual, mantendo eco,
criando luzes sobre o palco montado para exibição
fugaz.
Quanto de silêncio é preciso para florescer e como
florescer, se, a todo tempo, estamos pré-ocupados e mobilizados em
expor, contar os rotineiros, triviais, corriqueiros
feitos ?
Quanto energia gastamos, produtora de seguido ruído
dentro e fora de nós, exportando e importando desnecessários (e como
mensurar o necessário para cada um?!...)
imagens, falas e fatos?
Quanto a aprender sobre o bom uso dessa facilidade e
liberdade de comunicação com um maduro filtro capaz de expandir
conhecimento, propiciar melhora na qualidade
de vida, abrir horizontes e acessar novas fronteiras, multiplicadora de
ganhos para todos, levando aos crescimentos definidores de satisfação
interna, material ou espiritual, e, não aprisionadores, ainda mais, num
enredo viciado de brilhos artificiais, pouco
reveladores do real sentido a vida !
Assim, concluímos buscando coerência com o teor do
‘discurso’ trazido, perguntando-nos, no mais íntimo da própria
consciência: a quem imagina possa ter servido
tal reflexão, além de a si mesma ?
Essa, sabemos, talvez devesse ser sempre a prévia
pergunta, antes mesmo de ousar quebrar o sagrado silêncio que é ouro,
como diz o próprio ditado, onde reina absoluta
abundância !!!
Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira Civil, é também uma experiente astróloga; consultora para harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga.
Nesta crônica, fala-nos sobre a questão das carências múltiplas com as quais os seres humanos lidam, mas sobretudo, analisando o dispêndio de energia mal canalizada, muitas vezes no afã de resolver-se cada pendência.
Ansiedade (correndo para o futuro) ou depressão (olhando para ocorrências do passado como um fardo)... Tudo em volta é só espelho de nós!... Abraço
ResponderExcluirSim...entre memórias, culpas e expectativas, deixamos escoar o agora, presente, que pouco absorvido, pouco assimilado, pouco resulta em qualidade, experiência que frutifica.
ResponderExcluirGratidão pelo retorno!_/\_
Como este texto faz eco a atualidade do homem atual, quantas Fedora Abdalas, existem por aí, divulgando qualquer assunto, sem filtro nenhum, um monte de bobagens, e o quanto seria: "Melhor calar-se, que dizer algo que valha mais que o Silêncio"!
ResponderExcluirMuitos são os tipos de silêncio também: omisso, covarde, cúmplice e, muitas vezes uma necessária fala, mas difícil de ser exercida, por trazer algum embate esclarecedor, necessário somos desafiados.
ResponderExcluirImportante que se tenha contínuo critério do quando falar e quando calar e...aí nosso desafio dos dias atuais, porque a todo e qualquer agora, podemos falar, opinar...mas o quanto acreceremos com uma ou outra atitude?!
Abraco e gratidão pelo contribuição! Na mas tê!