terça-feira, 3 de março de 2020

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 63 - Por Luiz Domingues

Eis que o grande dia chegou! Após quatro décadas, a formação mais clássica do Boca do Céu estaria novamente reunida, enfim, para uma grande confraternização. 

Foi por volta das 15 horas do dia 15 de fevereiro de 2020, que eu encontrei o guitarrista, Wilton Rentero, em uma estação do metrô e de lá, fomos juntos ao estúdio que alugáramos para encontrarmo-nos com os demais companheiros. No caminho, falamos sobre mais reminiscências a envolver a nossa banda e igualmente a respeito de tantas aventuras "freaks" que compartilhamos no tempo em que convivemos como companheiros de banda & sonhos, e sobretudo pela amizade que ali vivenciamos. 

Chegamos com uma boa antecedência ao estúdio e continuamos a conversar animadamente, quando eis que vemos adentrar o salão lounge/bar do estúdio, a persona de Osvaldo Vicino. Foi muito bom estar com ambos a conversar enquanto aguardávamos os demais e eu observei com alegria, o fato de nós três estarmos a segurarmos instrumentos em mãos, um fator que não cumpríamos juntos, desde 1978, quando da saída do Wilton da nossa banda.

Eu mal podia acreditar, Wilton Rentero e Osvaldo Vicino, juntos novamente, após um longo hiato a contabilizar 42 anos (1978-2020)! Ensaio/Reencontro do Boca do Céu no Estúdio Som de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2020. Click e acervo: Luiz Domingues 

Uma vez já instalados na sala de ensaio, que fora liberada para iniciarmos os nossos preparativos pessoais, eis que surgiu o nosso baterista, Fran Sérpico, no recinto. 

Que alegria, não o via desde 1978, igualmente! Pois conversamos animadamente por alguns minutos, enquanto o seu cunhado, o simpático, Nelson Laranjeira, chegou, convidado que fora para participar do nosso ensaio informal.

Fran Sérpico e Luiz Domingues a conversar, após tantos anos! Ensaio/Reencontro do Boca do Céu no Estúdio Som de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2020. Click, acervo e cortesia: Marcos Kishi

Laert Sarrumor, o nosso genial cantor e compositor, foi o último a chegar. 

"Consummatum est", o Boca do Céu estava finalmente reunido, após tantos anos. Muitas histórias para relembrar e celebrar, teríamos a confabular, certamente, e assim procedeu-se, mesmo que estivéssemos a cumprir igualmente a nossa tentativa de relembrarmos as nossas antigas composições e também empreendêssemos a recreação, ao tocarmos as músicas do Joelho de Porco, previamente combinadas entre nós.

Nas duas primeiras fotos, Fran Sérpico e Laert Sarrumor a conversar novamente, após 42 anos (1978-2020). Na segunda foto, o baterista, Nelson Laranjeira, que cooperou com o nosso ensaio informal. Ensaio/Reencontro do Boca do Céu no Estúdio Som de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2020. Click e acervo: Luiz Domingues 

Tocamos as músicas do Joelho de Porco e divertimo-nos muito, pois além da nossa recreação pura e simples, há por considerar-se que estávamos todos felizes pelo reencontro em si, portanto, o prazer em estarmos a tocar novamente como uma banda, foi muito acentuado. 

E houve mais um fator importante, pois o Joelho de Porco, foi, entre outras tantas, uma forte inspiração para a nossa banda nos anos setenta, no calor dos acontecimentos que cercava-nos culturalmente naquela ocasião, portanto, este valor adicional esteve contido em tocarmos tais canções. 

Melhor ainda, foi lembrarmos diversos trechos de nossas canções e que prazer foi tocar e cantar, a dar suporte com backing vocals, a canções que eu não nutria mais esperança de resgatá-las.

Na primeira foto, o guitarrista, Osvaldo Vicino, o mais primordial elo da formação do nosso grupo. Na segunda foto, Laert Sarrumor a cantar e expressar a sua alegria pelo reencontro. Na terceira foto, o guitarrista, Wilton Rentero, em claro momento de satisfação em meio ao ensaio. Ensaio/Reencontro do Boca do Céu no Estúdio Som de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2020. Clicks, acervo e cortesia: Marcos Kishi                       

E assim foi, lembramo-nos de "Serena", "Astrais Altíssimos", "Diva", "Mina de Escola", "O Mundo de Hoje" e alguns fragmentos de "Instante de Ser". 

O baterista, Nelson Laranjeira, fora avisado que tratar-se-ia mais de uma confraternização e que a configurar-se como um ensaio truncado, visto que o objetivo seria tentar relembrar e tornar tais fragmentos de memória, passíveis em serem tocados, sob uma primeira instância. Simpático, ele logicamente queria tocar sem interrupções e mesmo assim, teve a devida paciência para entender o caráter excepcional do nosso reencontro.

O guitarrista, Wilton Rentero, na primeira foto. Eu, Luiz Domingues a usar um baixo bem parecido com o "Gianinni" que usava em 1977, na foto 2! Na foto 3, eu (Luiz Domingues), Laert Sarrumor e Wilton Rentero. Na quarta foto, Osvaldo Vicino e Wilton Rentero no primeiro plano, com Laert Sarrumor ao fundo e eu (Luiz Domingues) sentado, mas visível apenas por detalhe. Ensaio/Reencontro do Boca do Céu no Estúdio Som de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2020. Clicks, acervo e cortesia: Marcos Kishi

Encerramos a parte musical e antes de partirmos para o restaurante Degas, onde jantaríamos e continuaríamos a nossa confraternização, mediante a ajuda providencial do meu amigo, o fotógrafo superb, Marcos Kishi. Pois Kishi ajudou-nos a concretizar uma ideia lançada pelo Laert, em conversação travada no grupo de Whatsapp do Boca do Céu, previamente, e assim, eis que fizemos um foto comemorativa, com os cinco membros da formação mais clássica de 1977, a simular a foto promocional que tiramos nesse mesmo ano. 

Sob a orientação de Kishi, eis que posamos no corredor do estúdio, a imitar a foto de 1977 e tal documentação tornou-se histórica, igualmente, para a nossa banda!

A foto promocional de 1977, em comparação com a recriação de 2020! Ensaio/Reencontro do Boca do Céu no Estúdio Som de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2020. Foto 1: Acervo Boca do Céu. Click: Adelaide Giantomaso (possivelmente). Foto 2: Click. acervo e cortesia: Marcos Kishi 

Incrível, a banda reunida, a empreender a mesma postura fotogênica. Em 1977, éramos adolescentes e naturalmente, quando preparamo-nos para a foto, não poderíamos imaginar que repetiríamos a mesma configuração, quarenta e três anos depois. 

Em 2020, mais robustos e bem grisalhos, naturalmente, mas eis os cinco componentes do Boca do Céu, ali novamente reunidos e felizes, certamente, por tal oportunidade.

Nas duas primeiras fotos, a confraternização pós-ensaio. Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, o convidado especial, Nelson Laranjeira, Fran Sérpico, eu (Luiz Domingues) e Osvaldo Vicino, com Laert Sarrumor à frente. No lounge/bar do estúdio, na primeira: Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues), Laert Sarrumor e Osvaldo Vicino. Na foto quatro: Marcos Kish, Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues), Laert Sarrumor e Osvaldo Vicino. Ensaio/Reencontro do Boca do Céu no Estúdio Som de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2020. Clicks acervo e cortesia : Marcos Kishi. Foto 4: Click automático. 

Bem, Fran Sérpico teve um compromisso pessoal e o seu cunhado, Nelson Laranjeira também despediu-se e partiu. Fomos então para o restaurante Degas e ali, com a companhia de Marcos Kishi, seguimos a conversar, relembrar inúmeras passagens ocorridas com a nossa banda e fatos análogos que vivemos na época. Ao final, Marcia Oliveira, esposa do Laert Sarrumor e empresária do Língua de Trapo, juntou-se à nós.
No restaurante Degas, localizado no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Na ala esquerda, eu (Luiz Domingues), Marcia Oliveira e Laert Sarrumor. Ao lado direito, Osvaldo Vicino no canto superior e Wilton Rentero. Ensaio/Reencontro do Boca do Céu no Estúdio Som de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2020. Click, acervo e cortesia: Marcos Kishi 

Após tal encontro, fortaleceu-se o sentimento e mais do que isso, a predisposição de promovermos novas reuniões/ensaios para resgatarmos as nossas músicas e ficarmos abertos para até imaginar uma apresentação ao vivo e quiçá, a gravação do máximo de músicas que pudéssemos relembrar e assim, enfim, legarmos um registro sonoro do Boca do Céu ao mundo.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário