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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 86 - Por Luiz Domingues

Da esquerda para a direita: Eu (Luiz Domingues), Osvaldo Vicino e Wilton Rentero. Ensaio do Boca do Céu em 30 de dezembro de 2022. Still de vídeo. Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino 

Tivemos uma sucessão de cancelamentos de ensaios motivados por problemas de saúde de todos os representantes do trio de cordas da banda (cada um de uma vez), e também por um problema meu de agenda meu em outra ocasião, quando fui me apresentar com a banda do meu amigo Lincoln Baraccat ("Uncle & Friends"), e em outra data por conta de problemas que o Wilton Rentero teve para resolver em sua casa de praia, motivado pelo mau uso do imóvel, observado da parte de um inquilino dele. Em suma, foram cinco semanas sem grandes avanços no projeto do resgate.

Até que finalmente, nos estertores do ano de 2022, nós conseguimos agendar um ensaio para o dia 30 de dezembro, mais uma vez realizado na residência do Osvaldo Vicino, e desta feita, fechamos mais algumas ideias para o Baião-Xaxado-Rock, "Revirada". Fechado o mapa provisório da música e já a acrescentar algumas ideias para anexar ao futuro arranjo definitivo, ficamos contentes pelos adendos novos sugeridos.

Na mesma configuração da foto anterior. Ensaio do Boca do Céu em 30 de dezembro de 2022. Still de vídeo. Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino

No mesmo dia, trabalhamos um pouco com a bela balada do Laert, "Instante de Ser", mesmo cônscios de que o Laert sinalizara dúvida sobre a harmonia da canção e ainda não surgira uma oportunidade para que ele pudesse rever conosco tal quesito. Entre nós, no entanto, ficou acertado que valeria a pena insistirmos para avançar mesmo com tal pendência, exatamente para que pudéssemos evoluir outros aspectos da criação de um arranjo, notadamente a parte rítmica e a se buscar um padrão de sincronia criativa e complementar entre as duas guitarras.

Ainda ao final do apontamento, o Wilton nos mostrou ao ukulelê, uma ideia para a abertura da canção folk, "Desprogramação", mas na verdade, ele desejou mesmo nos explicar que haveria uma segunda parte para essa abertura, fruto de uma criação sua de muitos anos atrás, para um canção de sua autoria e inédita. Neste caso, ele nos disse que poderíamos usar a parte "A" da sua criação para usarmos como abertura para "Desprogramação".

Na mesma configuração da foto anterior. Ensaio do Boca do Céu em 30 de dezembro de 2022. Still de vídeo. Acervo e cortesia: Wilton Rentero

Em suma, chegamos ao final de 2022 com o sentimento de que havíamos fechado a parte B do resgate em sua parte bruta de criação de mapas provisórios de trabalho, com a devida ressalva das pendências sobre as dúvidas do Laert a respeito das músicas "Instante de  Ser" e "Desprogramação" (em torno da harmonia ambas), e sim, o Blues-Soul, "1969", que realmente não conseguimos estabelecer um rumo, dada a questão do áudio enviado pelo Laert, ainda em 2021, não ter reunido as melhores condições para que pudéssemos construir um esqueleto harmônico como base. 

E sim, também restou a nossa dúvida sobre o Laert desejar ou não que incluíssemos a música: "Na Minha Boca" nesse repertório, pelo fato desse samba ter sido gravado pelo Língua de Trapo de forma oficial nos anos oitenta, apesar de ter sido uma música nascida dentro da história do Boca do Céu nos anos setenta e dessa forma, todos nós termos o sentimento de pertencimento sentimental desse tema, à nossa banda.

Na mesma configuração da foto anterior. Ensaio do Boca do Céu em 30 de dezembro de 2022. Still de vídeo. Acervo e cortesia: Wilton Rentero

Dessa forma, ficou combinado de que logo no primeiro ensaio de 2023, nós nos dedicássemos com todo o afinco para eliminar as últimas pendências dessa fase e iniciássemos a parte C do projeto, ou seja, a fecharmos o arranjo definitivo das canções e iniciarmos a fase de pré-produção de um álbum, até que enfim!

Falei aos companheiros sobre essa determinação e nesta altura do resgate, esse horizonte se tornara visível nesse ponto. Dessa forma, eu e eles também, na mesma sintonia, não apenas nos prontificamos a dar esse passo adiante, como ficamos felizes por constatar que apesar da lerdeza imposta por tantos fatores alheios à nossa vontade (pandemia mundial da Covid, agendas conflitantes etc), nós saímos de uma festiva reunião de congraçamento em 2020, para um projeto de resgate inimaginável para uma banda que se extinguira em 1979 sob condições modestíssimas, e que até então, não apresentava nenhum indício de que poderia voltar a gerar novidades em pleno século XXI. 

Osvaldo Vicino e Wilton Rentero a trabalhar. Ensaio do Boca do Céu em 30 de dezembro de 2022. Still de vídeo. Acervo e cortesia: Wilton Rentero

Em suma, já foi uma grande vitória termos chegado até aqui e a perspectiva de coroamento do esforço, já visível nesse ponto, nos animou ainda mais. Que 2023 fosse o ano no qual o legado dessa banda, uma meta tão sonhada naqueles anos entre 1976 e 1979, haveria de ganhar uma dimensão palpável. Sendo assim, estivemos agraciados, nós, os outrora Rockers adolescentes e sonhadores de 1976, e neste ponto, a nos constituirmos de senhores grisalhos no avançar da terceira idade, porém, não menos Rockers convictos do que fôramos nos anos setenta. Os grisalhos esquizóides do século XXI!

Continua

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 80 - Por Luiz Domingues

Ficamos então na expectativa de reunir o quarteto original para promovermos uma série de ensaios de ajustes, principalmente no campo harmônico, para sedimentar as músicas da fase B do projeto. Mas enquanto a agenda dos quatro componentes não achara uma brecha de comum conveniência, marcamos enfim mais um ensaio para o trio de cordas avançar com outras músicas e assim ocorreu no estúdio Mecanix da Vila Sonia, zona sudoeste de São Paulo.

Ali nos encontramos e avançamos com a música "Desprogramação", uma lembrança incrível que o Laert teve, ao nos mostrar de memória, praticamente a melodia das suas partes inteiras e a letra em quase 90%, pelo menos. 

Mediante a boa harmonização que o Wilton proveu-nos mediante o áudio que Laert nos enviara a cantarolar, fomos em frente e construímos uma base muito interessante. O estilo ficou exatamente o que pensáramos, ou seja, aquela linha de Folk-Rock muito sessentista, inspirada no "Lovin' Spoonful" como eu deduzira, por percepção afetiva.

Tal ensaio ocorreu no dia 12 de junho de 2022, e dali em diante, ficou mais uma vez pré-combinado a realização de ensaios com o quarteto reunido para se dedicar à questão harmônica, principalmente da música: "Instante de Ser"

Abaixo, eis o esboço da letra de "Desprogramação", a faltar apenas dois versos que o Laert não conseguiu se recordar inteiramente e que certamente haveríamos de preencher nesta versão de 2022 que construíamos nesta específica ocasião. 

Continua...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 74 - Por Luiz Domingues

Estávamos felizes por chegarmos ao final de 2021, com pandemia e tudo, mediante o resultado de seis músicas da safra de 1976-1977, resgatadas com corpo e mapa a delinear a existência de começo, meio e fim para cada uma delas. Planejávamos preparar mais uma canção, no caso, "Revirada", mas dadas as circunstâncias da logística, resolvemos fechar o ano com seis músicas recuperadas, a registrar: "Serena", "Centro de loucos", "O Mundo de Hoje", "Mina de Escola", "E o que Resta é a Canção" e "Serena".

Osvaldo Vicino na primeira foto e Wilton Rentero na segunda em um momento de aguardo pelo início do ensaio. Boca do Céu no estúdio Lumen, localizado na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, em 5 de outubro de 2021. Clicks e acervo: Luiz Domingues  

O próximo ensaio que promovemos foi no estúdio Lumen da Vila Mariana, no dia 5 de dezembro de 2021, quando filmamos para uso interno a versão das três músicas citadas acima, para que somadas às filmagens das três anteriores, pudéssemos enviá-las ao baterista Nelson Laranjeira, para que ele as escutasse e consequentemente se preparasse para participar de um ensaio no formato de quarteto.

Particularmente eu fiquei bastante contente por verificar que mesmo com a pandemia e mediante espaçados ensaios, nós tenhamos construído esse alicerce primordial e neste momento tivéssemos enfim essa constatação clara sobre o desenvolvimento do grande resgate proposto em 2020.

No momento do pós-ensaio, da esquerda para a direita: Eu (Luiz Domingues), a comandar a selfie, Osvaldo Vicino e Wilton Rentero.  Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo em 5 de dezembro de 2021. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

Outra boa novidade foi no campo da preservação do material, quando através de um material salvo pelo Wilton Rentero, nós conseguimos resgatar alguns vídeos feitos durante o primeiro e festivo reencontro de 2020, com a formação original da banda, completa, presente no estúdio Espaço Som do bairro de Pinheiros em São Paulo, no dia 15 de fevereiro de 2020. 

Tal preservação do material coincidiu com uma fase em que eu começara a organizar o meu canal de YouTube, portanto, veio muito a calhar para que fizessem companhia ao histórico vídeo da rara aparição do Boca do Céu, filmada em junho de 1977, para compor o início de uma playlist dedicada exclusivamente à banda em meu canal.

Boca do Céu - Reencontro de ex-componentes - 15 de fevereiro de 2020 - Estúdio Espaço Som/SP - Música: Trecho de "Boeing 723897" (Allan Terpins/Dudi Guper/Tico Terpins). Filmagem e cortesia: Fran Sérpico. Apoio e cortesia na produção: Wilton Rentero. Fotos do reencontro: Marcos Kishi. Boca do Céu: Osvaldo Vicino: Guitarra e Voz, Laert Sarrumor: Voz, Wilton Rentero: Guitarra, Luiz Domingues: Baixo. Músico convidado: Nelson Laranjeira: Bateria

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=XA6G4EPGpww

Boca do Céu - Reencontro de ex-componentes - 15 de fevereiro de 2020 - Estúdio Espaço Som/SP - Música: trecho de "Mexico Lindo" (Tico Terpins). Filmagem e cortesia: Fran Sérpico. Apoio e cortesia na produção: Wilton Rentero. Fotos do reencontro: Marcos Kishi. Boca do Céu: Osvaldo Vicino: Guitarra e Voz, Laert Sarrumor: Voz, Wilton Rentero: Guitarra, Luiz Domingues: Baixo. Músico convidado: Nelson Laranjeira: Bateria

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=u2MXLe7nMYI

Boca do Céu - Reencontro de ex-componentes - 15 de fevereiro de 2020 - Estúdio Espaço Som/SP - Música: outro trecho de "Mexico Lindo" (Tico Terpins). Filmagem e cortesia: Fran Sérpico. Apoio e cortesia na produção: Wilton Rentero. Fotos do reencontro: Marcos Kishi. Boca do Céu: Osvaldo Vicino: Guitarra e Voz, Laert Sarrumor: Voz, Wilton Rentero: Guitarra, Luiz Domingues: Baixo. Músico convidado: Nelson Laranjeira: Bateria

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=fVkA5q2sNLg

Boca do Céu - Reencontro de ex-componentes - 15 de fevereiro de 2020 - Estúdio Espaço Som/SP - Música: Trecho de "São Paulo By Day" (Tico Terpins). Filmagem e cortesia: Fran Sérpico. Apoio e cortesia na produção: Wilton Rentero. Fotos do reencontro: Marcos Kishi. Boca do Céu: Osvaldo Vicino: Guitarra e Voz, Laert Sarrumor: Voz, Wilton Rentero: Guitarra, Luiz Domingues: Baixo. Músico convidado: Nelson Laranjeira: Bateria

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=ixKQb6h8SJ4

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, Nelson Laranjeira, Osvaldo Vicino e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo em 12 de dezembro de 2021. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Mara

O próximo ensaio que realizamos foi importante para demarcar uma nova fase dentro do resgate que planejamos. Isso porque nós marcarmos mais um apontamento para o estúdio Lumen da Vila Mariana, mas desta feita a contar com a presença do baterista Nelson Laranjeira para atuar conosco. 

Como eu já expliquei anteriormente dentro deste relato autobiográfico, quando surgiu a ideia de resgatarmos as músicas do nosso repertório de 1976-1977, sabíamos que o nosso baterista original, Fran Sérpico não atuaria conosco, mas ele mesmo indicara o seu cunhado que foi durante décadas, baterista atuante em bandas cover a se apresentarem pelo circuito da noite paulistana. Portanto, seria um elo familiar que ele, Fran Sérpico, manteria para a formação ficar ao máximo perto da original, dos anos setenta.

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, Nelson Laranjeira, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo em 12 de dezembro de 2021. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Mara

Dessa forma, eis que no dia 12 de dezembro de 2021, recebemos a gentil persona de Nelson Laranjeira que se prontificou a ensaiar, aprender a tocar as músicas que já havíamos fechado um corpo inicial e participar de mais um ensaio para que nos colocássemos preparados para gravar um ensaio com uma melhor qualidade sonora a fim de mostrarmos o material ao Laert Sarrumor, para que ele iniciasse a sua interação conosco.

Ensaiamos e conseguimos passar quatro músicas e filmá-las
com a atuação do baterista Nelson Laranjeira, ainda que tais filmagens ficassem expostas apenas no âmbito interno para a nossa consulta, sob uma primeira etapa e quem sabe, no futuro servissem para serem usadas em um possível documentário sobre o resgate do trabalho da nossa banda dentro desse longo hiato entre os anos setenta e o ano de 2020 quando resolvemos de fato empreender tal esforço.

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, Osvaldo Vicino, Nelson Laranjeira, e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu no estúdio Lumen de São Paulo em 12 de dezembro de 2021. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Mara 

Dessa forma, conseguimos filmar "Serena", "Centro de Loucos", "O Mundo de Hoje" e "E o que Resta é a Canção" e com a bateria atuante, o sentido do pulso nos deu muito maior segurança e por conseguinte, oportunidade para que o trio das cordas atuasse com maior desenvoltura. E mais que isso, nos deu uma visão boa de que os nossos esforços ao longo dos seis meses em que trabalhamos no ano de 2021 e alguns esforços pontuais feitos em 2020, com pandemia e tudo, houvessem valido a pena. Estávamos no bom caminho, essa foi a conclusão nesse ponto do final de 2021.   

E por motivos pessoais em torno de um impedimento, eu mesmo tive que desmarcar o ensaio que faríamos no dia 19 de dezembro de 2021, e assim, a ideia de gravarmos as seis músicas iniciais do projeto de resgate que gravaríamos com o formato de ensaio no estúdio Mecanix, ficou postergada para a primeira data possível de 2022. 

Diante dessa realidade, foi um prejuízo pequeno em face ao que havíamos construído durante o ano de 2021 e claro, a se levar em conta todas as dificuldades decorrentes da pandemia de 2020-2021 e também pelos impedimentos pessoais de cada um para manter uma logística bem estruturada, a manter a periodicidade dos ensaios.

Portanto, assim fechamos o ano de 2021, com um avanço significativo do projeto de resgate do nosso material de 1976-1977 e a elevar a esperança de que em 2022, haveríamos de chegar ao ponto de ser possível cogitar uma gravação efetivamente e assim, finalmente concretizarmos o sonho que não alcançáramos nos anos setenta, para registrar o material autoral do Boca do Céu com um disco da nossa banda, até que enfim.

Sob a lente da fotógrafa Ana Fuccia, aí estou eu (Luiz Domingues), a usar a camiseta do Boca do Céu e a segurar em mãos a almofada com a foto da nossa banda em um momento de 1977. Almofada confeccionada por Amanda Fuccia

Continua...

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 140 - Por Luiz Domingues

Lizoel Costa
Lizoel Costa mostrava-se o mais engajado na música, quando o conhecemos no segundo semestre de 1979. Enquanto os demais eram estudantes de jornalismo a envolver-se com a música, ele já colocava-se como um músico profissional que estudava jornalismo. Através dele, tive oportunidades para ganhar dinheiro como músico, quando este impulsionou-me por diversos trabalhos avulsos que realizei, através de suas indicações. Tais histórias bizarras que vivemos juntos nesses trabalhos, estão relatadas nos capítulos dos "Trabalhos Avulsos".

O Lizoel era uma figura muito agradável no convívio, e certamente entre todos os membros, o que mais ligara-se em questões estratégicas de construção de carreira. Enquanto os demais divagavam a sonhar com o sucesso, mas sem planificação objetiva alguma, ele enxergava na frente, sempre a pensar na estratégia, em aproveitar as oportunidades, contatos etc.


Nessa época em que o conheci, décadas antes da Internet tornar-se aberta e popular, ele costumava carregava em sua bolsa, um caderno com centenas de nomes e números de telefones de músicos. Tratava-se de um cadastro que organizara, e de onde vivia a indicar instrumentistas e cantores para diversos trabalhos. Sempre procuravam-lhe a perguntar : -"Lizoel, preciso de um guitarrista para tocar tal estilo de música"...; -"preciso de um saxofonista para tocar Jazz"; "preciso de uma cantora de MPB"...

Ele parecia uma agência de empregos ambulante... e assim, ajudou muita gente a colocar-se no mercado e garantir o pão nosso de cada dia. Quando voltei à banda em 1983, a sua veia natural para a logística e construção de carreira, estava ainda mais aguçada. Tivemos muitas conversas nesse sentido, e certamente que aprendi muito com ele. Depois que o Língua de Trapo deu uma parada, por volta de 1988, ele engatilhou um trabalho com o ex-Secos & Molhados, Gerson Conrad, na verdade, ambos formaram uma banda : "Banda Nacional", mas que não teve longa carreira, infelizmente. Na volta do Língua de Trapo, no início dos anos noventa, ele já não fazia parte da nova formação, e estava de volta à sua cidade natal, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde por muitos anos foi um radialista com sucesso. Inclusive, falei com ele em 2006, ao visar divulgar o CD de estreia do Pedra, recém lançado na ocasião. Com minha entrada na vida virtual em 2010, reativamos o contato através da extinta Rede Social Orkut, de onde soube que havia mudado-se para Brasília e trabalhava na ocasião, como assessor de imprensa do Conselho Federal de Odontologia.

Infelizmente, tivemos uma péssima notícia sobre o Lizoel Costa, em 2014. É com muito pesar, que anuncio que ele faleceu no dia 7 de maio desse ano, em sua cidade natal, Campo Grande / MS, aos 58 anos de idade, vítima de uma aneurisma cerebral. Fico com as lembranças boas do tempo em que trabalhamos juntos no Língua de Trapo, além de alguns trabalhos paralelos em que ele mesmo encaixou-me, dentro daquela prerrogativa citada anteriormente, a exaltar a sua capacidade para abrir portas para diversos músicos poder trabalhar e ganhar dinheiro. 

Em 9 de maio de 2014, o programa, "Rádio Matraca", realizou um programa especial em sua homenagem, que está disponível em arquivo permanente na Internet, através do Link abaixo, no site da emissora USP FM / 93.7 de São Paulo. 

http://www.radio.usp.br/programa.php?id=20

Abaixo, o Link da Folha de São Paulo, a anunciar o seu falecimento :

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/05/1451596-morre-aos-58-anos-o-musico-lizoel-costa-da-banda-lingua-de-trapo.shtml

Abaixo, o Link da Revista Rolling Stone a noticiar também o falecimento do Lizoel Costa :

http://rollingstone.uol.com.br/noticia/morre-lizoel-costa-da-banda-lingua-de-trapo/

Vá em paz, velho amigo e muito obrigado por tudo, "Bitcho" !

Pituco Freitas

Antonio "Pituco" Freitas, era um rapaz com potencial vocal espetacular, quando o conheci em 1979. Mas no início, mostrava-se sério, compenetrado. Assim foi a apresentar-se nos primeiros tempos difíceis da banda, até que um fato inusitado do destino mudou a sua perspectiva artística. Graças ao nervosismo em enfrentar cinco mil pessoas em meio a um festival universitário de MPB, realizado na cidade de Bauru / SP, em 1980, transformou-se completamente, e dali em diante, explodiu como um frontman com enorme desenvoltura cênica, praticamente a tornar-se um ator performático em cena.

Como pessoa, um colega excepcional; amigo; prestativo e solidário. Por meio indireto, foi o responsável por eu ter conhecido o baterista, José Luiz Dinola (por conta de seu irmão, o guitarrista, Pitico Freitas), com o qual fundei e atuei com A Chave do Sol.
Pituco  Freitas vive no Japão há muitos anos, onde sedimentou uma carreira como cantor / violonista e compositor, quando voltou às suas raízes como um intérprete "sério", para deixar o humor de lado, mas a encantar os nipônicos com a sua Bossa Nova muito bem tocada e cantada. 

Laert Sarrumor

Laert "Sarrumor", claro, sempre foi o centro irradiador, o grande dínamo da energia criativa da banda, e assim, o tem sido até hoje, e sempre será. Agradeço-o por ter levado-me ao "Grupo de Poesia e Arte Faculdade Cásper Líbero", quando inseriu-me em um novo núcleo, de onde eu supostamente não fazia parte , inicialmente. De certa forma, graças a tal gesto de amizade de sua parte, garantiu que a semente do Boca do Céu germinasse, para dar início a uma nova cria, que só um ano mais tarde, tornar-se-ia assim, o Língua de Trapo. 

Como já disse, fomos encontrando-nos posteriormente nesses anos todos, após a minha saída do Língua de Trapo, em 1984, em muitas circunstâncias. Por divulgar outros trabalhos meus, com outras bandas em que fui componente, no seu programa de Rádio (Rádio Matraca / USP FM); encontros fortuitos em lugares inusitados (encontros de rua, como até em uma papelaria, certa vez); bastidores de shows; e pelo fato dele ter afeiçoado-se ao Pedra e ter assistido muitos shows dessa banda, da qual eu fui componente, de 2004 a 2011 e 2012 a 2015. Estive em festas de aniversário dele, e mantemos um ótimo contato permanente, pelas Redes Sociais da Internet.

Quando encerrei o texto bruto da minha autobiografia referente ao Boca do Céu, aqui no meu Blog 2, mandei-lhe imediatamente o Link para que ele lesse tudo. Vivo a instigar-lhe para que escreva a sua autobiografia também. Ele, que já escreveu livros com muito sucesso (foi best-seller absoluto por várias semanas, inclusive), e tem o traquejo, faria / fará, um trabalho magnífico. Todavia, em conversa reservada, disse-me que ainda reluta em dar início. De minha parte, tem o meu apoio total, e nas partes onde nossas respectivas trajetórias cruzam-se, eu adorarei ter o ponto de vista dele sobre o Boca do Céu e o Língua de Trapo, bandas onde atuamos juntos. E revelo um dado que considero pertinente, e sei que isso não o aborreceria : na época do Boca do Céu, ele mantinha o hábito em escrever um diário. Portanto, munido dessas anotações, ele tem tudo para escrever tal história com muito maior riqueza de detalhes do que eu fiz, pois as minhas anotações de apoio resumiram-se a datas de shows; locais e respectivo público presente, além de formação da banda e uma ou outra ocorrência especial.

Bem, é isso...  falei sobre todos os músicos que foram componentes nas duas passagens em que eu estive na banda; os membros honorários que muito contribuíram para o sucesso dela, e de todos os que estiveram mais diretamente ligados à sua produção. Agradeço a cada um, pela oportunidade em ter feito parte dessa história. Último capítulo dessa importante etapa de minha trajetória musical. A encerrar, peço desculpas pelas saídas que tive de efetuar, e pelas mágoas e transtornos decorrentes desses dois atos desagradáveis que cometi contra a instituição, Língua de Trapo. Sinto orgulho por ter feito parte dessa história. 

A banda está em atividade até os dias atuais (no ano de 2016, quando encerrei o texto bruto da autobiografia, o Língua de Trapo estava prestes a participar da premiação do Grammy Latino, nomeado em várias categorias pelo seu último e ótimo álbum, lançado nesse ano, denominado : "O Último CD da Terra"). Espero que assim prossiga por muitos anos, para arrancar as gargalhadas sinceras do público, e também para fazê-lo pensar, pois o humor do Língua de Trapo não é o popularesco, mas sim o de poder reflexivo. Quando o Língua de Trapo provoca risadas nas pessoas, elas riem de si mesmas, refletidas no espelho, ao ver que a sociedade e o poder político e econômico, são meramente reflexos da nossa própria mentalidade. Riem, mas pensam a seguir. 

Meu muito obrigado a todos que estiveram comigo nessas duas etapas de minha carreira. Meu muito obrigado ao Laert "Sarrumor" Julio Pedro Jesus Falci, um artista genial que conheci em um dia em 1976, e que graças ao seu talento e perseverança, deu-me a mão, e puxou-me a sair de um sonho impossível para a realidade da música e da arte. Vida longa ao Língua de Trapo !

Daqui em diante, a minha autobiografia na música segue com os capítulos dos "Trabalhos Avulsos", que realizei, fora das bandas oficiais onde atuei.

domingo, 3 de novembro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 120 - Por Luiz Domingues


Ficamos instalados em um apartamento de aluguel, típico para turistas. Mas em um belo ponto de Ipanema, muito próximo da Praça General Osório, onde aos domingos ocorria a tradicional Feira Hippie, desde os anos sessenta. Equivalia à Feira da Praça da República, de São Paulo, onde os Hippies sobreviviam, a vender artesanato; roupas e quinquilharias em geral. Mas, assim como a feira paulistana, a carioca também estava decadente em em plena Era oitentista, embebecida pela oposição sistemática, era até incompreensível que ainda existisse, anacronicamente. 

O apartamento ficava na Rua Visconde do Pirajá, via famosa e estratégica do bairro, paralela à Av. do mar, a Av. Vieira Souto. Desta feita, o apartamento era bem maior e melhor do que o habitáramos no bairro de Copacabana, dois meses antes, e estrategicamente perto da Gávea, onde faríamos os nossos shows.

O nome do Circo armado, era : "Circo Planetário" e obviamente pelo fato em ficar ao lado do famoso planetário, naquele bairro. Ficava também perto do Campus da PUC carioca, e da famosa, "Pedra da Gávea", que encantou músicos britânicos do Rock setentista, tais como Rick Wakeman e Steve Hackett. No primeiro show, conseguimos ter a audiência de cem pessoas. Não foi nada espetacular, mas por tratar-se de um dia de semana, foi comemorado pelos contratantes, como um êxito. 

É bom destacar, que tratava-se do fim do outono no Rio de Janeiro, e para os padrões cariocas, as noites estavam "frias", e assim, desacostumadas com temperaturas amenas, as pessoas tendiam a ficar mais caseiras. O equipamento de som e luz teve qualidade, e o palco mais uma vez fora alugado da parte daquele freak cabeludo e loiro, que alugava para todo mundo no Rio de Janeiro. Portanto, mais uma vez a fazer uso de amplificadores e caixas Fender da velha guarda, a qualidade sonora do baixo, e das guitarras e teclados, foram ótimos. O Circo estava bem montado, com tudo de primeira qualidade e certamente o plano de seus donos fora atrair a juventude burguesa e bem nascida da zona sul, a fim de subtrair um pouco da clientela do Circo Voador, que era sedimentado e badalado na cidade, mas bem mais rústico, em todos os aspectos.

O primeiro show ocorreu no dia 6 de junho de 1984, mas na verdade, nós chegáramos ao Rio, na manhã da segunda-feira, dia 4 de junho. Portanto, na terça, dia 5, ficamos praticamente com um dia livre, ao menos para a maioria, pois lembro-me apenas do Laert, e mais um ou dois voluntários, ter visitado a Rádio Fluminense, em Niterói, para uma entrevista, com o intuito em divulgar o nosso show. 


Todos os demais dispersaram e eu resolvi explorar o bairro. Fui ao "Jardim de Allah"; caminhei pela Rua Barão da Torre e circulei na Praça General Osório, até que encontrei um pequeno e aconchegante mini Centro Cultural. Entrei para explorá-lo e descobri que no cineclube em anexo, haveria uma sessão do filme longa-metragem : "Bete Balanço", recém lançado, naquela ocasião. 

Aventurei-me a assistir, comprei ingresso e com não mais que vinte pessoas na pequena sala, assisti essa película, que retratava bem o ambiente carioca oitentista, e a euforia gerada pelo BR-Rock 80's. Não era e nunca será a minha predileção (aliás, muito pelo contrário, eu era e sempre serei antagônico para tal estética), mas assisti resignadamente, ao tolerar o fato de que estava ali no meio do turbilhão oitentista, e nada poderia aspirar, a não ser torcer para acabar logo o pesadelo pós-punk... pelo bem da verdade, nesse caso em específico, não fora nada insuportável, pois o Barão Vermelho mostrava-se muito mais perto do meu espectro, do que qualquer outro ícone oitentista. E a micro turnê, só começou mesmo no dia 6 de junho de 1984, conforme já citei...



Continua... 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 112 - Por Luiz Domingues



E os dias posteriores marcariam o fim dessa fase minha com o Língua de Trapo, no palco do Teatro Lira Paulistana. Foram os últimos shows da temporada, e a seguir partiríamos para uma série de shows avulsos ou mini temporadas em outros lugares, fora shows pelo interior de São Paulo, cidades do ABC, e uma volta ao Rio de Janeiro. Eu voltaria ao Lira Paulistana muitas vezes, mas com A Chave do Sol, doravante. 

Os últimos shows no Lira ocorreram nos dias 27, 28 e 29 de abril de 1984, sendo que no dia 29, com as tradicionais duas sessões. Como resultado de público, no dia 27, oitenta pessoas estiveram presentes. Já no sábado, dia 28, duzentas e oitenta pessoas. E finalmente no domingo, dia 29, na 1ª sessão,  cento e dez pessoas e na 2ª sessão, duzentas e quarenta pessoas, assistiram-nos. Terminada a temporada, tivemos alguns dias de folga e alguns compromissos com rádio e TV. A próxima parada seria uma mini turnê pelo interior de São Paulo, com shows nas cidades de Votuporanga e São José do Rio Preto.
Continua...

domingo, 6 de outubro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 72 - Por Luiz Domingues

Chegou enfim a nossa vez. A nossa participação não teria como ser a normal, realizada em teatros, e por ser um show com uma hora de duração, também não poderia ser uma apresentação de choque, simplesmente. Então, mantivemos a característica normal de choque, mas com um repertório mais elástico. E houve o velho dilema do público não habituado à dinâmica mais intimista da banda, quando possivelmente não entenderia a proposta de sátira e humor do trabalho. Em festivais desse porte, com público muito numeroso, a tendência é de haver frisson, só quando o artista é muito conhecido, e o domina pelo carisma natural que a fama proporciona.
Por outro lado, eu não senti nenhuma preocupação de meus companheiros, com tal possibilidade. Os demais estavam seguros e dessa forma, também relevei essa preocupação. Quando entramos no palco, havia um público com aproximadamente dez mil pessoas, segundo estimativas dos organizadores. Foi bastante gente, claro, mas a expectativa deles da produção fora reunir cinquenta mil, portanto, dava para ver no semblante dos produtores, um misto de aflição e frustração. Fora óbvio que estavam a amargurar um prejuízo mastodôntico, mas não foi por falta de aviso da parte de muitas pessoas, que carnaval não combina com festivais, por mais que existam pessoas que detestem o carnaval, rol do qual incluo-me.
Então, o palco estava montado de frente para uma colina um pouco acentuada, onde naturalmente as pessoas acomodaram-se como se fosse um anfiteatro. Começamos a tocar e o som estava bom no palco, no tocante aos monitores. Pituco e Laert encenavam as suas performances normais, como se fosse show de teatro, e a banda tocava com tranquilidade, ao fazer as suas encenações, também. O público reagia bem. Claro que as dez mil pessoas não estavam a vibrar, mas até onde a minha vista alcançava, eu notava pessoas a dançar e rir das sátiras, aliás, a reação normal esperada em um show do Língua de Trapo.
O show pôs-se a avançar, e deu para notar que o céu estava a ficar muito escuro. Um típico vento de chuva começou, e por ser uma fazenda no interior, o odor ficara ainda mais característico, com aquele aroma de terra. Quando estávamos a executar a canção, Xingu Disco", a última música do Set List, o vento intensificou-se, e foi possível sentir a agitação dos técnicos, ao correr para cobrir com lona, o P.A. e os equipamentos de palco, o dito, "backline".
Foi quando de-repente, percebi que o piano elétrico do João Lucas, parou de soar no meu monitor. Mas eu estava empolgado, a tocar bem na ponta do palco e a fazer poses, por sentir-me um "Rock Star", e assim, nem preocupei-me em olhar o que estava a acontecer, pois imaginei ter sido uma pane rápida no amplificador que alimentava o piano elétrico, e assim, um roadie solucionaria prontamente, por ter sido um cabo a falhar, ou problemas no Direct Box. Continuei a tocar e logo sumiu a guitarra do Lizoel Costa, no monitor. Cáspite, naquela fração de segundos percebi enfim que algo mais grave estava a acontecer. Quando olhei para trás, vejo o Naminha a levantar-se da bateria e nesse instante, o Pituco e o Laert a gritar comigo, para que eu saísse rápido do palco ! A ventania estava a ficar muito forte, e um spot de luz caiu muito perto da minha cabeça, a espatifar-se no palco !
Por alguns centímetros não fui atingido e se acertasse, poderia ter ferido-me gravemente, ou mesmo produzido o óbito, pois tratou-se de uma peça pesada, e a depender de onde atingisse-me, na cabeça ou no pescoço, eu simplesmente não estaria a escrever esta história.
Corremos para o camarim, que fora na verdade um espaço improvisado como picadeiro de circo, armado com uma gigantesca lona. O show estava no fim e não ficamos frustrados, mas o final foi bem desagradável e frustrante, é claro. O publico não tinha onde abrigar-se e naquele campo aberto, ficou a suportar a chuva da maneira que pode.
Por um lado, o clima de "Woodstock" estava a ser instaurado pelo batismo de chuva e barro, a honrar a sua tradição, mas vou contar-lhe : a lama que formou-se, decorrente dessa tempestade, não tinha nada de glamorosa, e o público ficou à mercê de uma sujeira incrível, fora a umidade, desconforto e uma série de outros incômodos inerentes. E como a estrada vicinal que conduzir-nos-ia para fora da fazenda, até o hotel em Bauru, também ficara intransitável, fomos aconselhados a esperar na tenda dos artistas ou dentro do ônibus da produção. Foram longas horas de espera e ... calma que vem mais histórias por aí, dessa aventura em Águas Claras !
Continua... 
 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 25 - Por Luiz Domingues


Ainda  a falar sobre a prática das dublagens de TV...
Pois é... passam mil coisas na cabeça, do tipo : estou a fazer papel de tolo; estou a ser ridicularizado; ninguém vai levar a minha música a sério, ao assistir-me a fazer esta palhaçada...
No entanto, um fator precisa ser levado em consideração : muitas pessoas, para não dizer a maioria, quando miram um artista a dublar, nem pensam nesses questionamentos, e apreciam a música, e o artista etc.

A questão da praticidade dos técnicos de TV, é muito discutível, se levar-se em consideração que nas décadas de cinquenta e sessenta, a TV era incrivelmente mais tosca, com uma tecnologia precária, e no entanto, abundavam programas de TV com música ao vivo e sob muita qualidade artística. Portanto, tal prática a privilegiar a simplificação total, é uma tremenda de uma desculpa esfarrapada...
São poucos que os questionam esse formato, e no final das contas, apesar dos pesares, eu preferia mil vezes fazer uma dublagem, do que não aparecer na TV, e ficar anônimo com minha dignidade a fazer-me companhia... mas como isso é muito relativo, no entanto, esse conceito eu tinha naquela época, pois hoje em dia, acho que a dignidade artística vale mais do que aparecer a realizar essa pantomima desagradável em programas popularescos, que não acrescentam-lhe nada.
Continua...

sábado, 26 de janeiro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 19 - Por Luiz Domingues


Foi um choque de profissionalismo que recebi nessa minha volta ao Língua de Trapo. Aprendi muita coisa, e levei esse Know-how para a Chave do Sol, em muitos aspectos. No tocante a equipamentos, o Língua de Trapo não possuía absolutamente nada. A praxe da banda era alugar tudo, P.A. e equipamento de palco (backline). Como geralmente o contratante responsabilizava-se em pagar por tudo, sempre tínhamos um equipamento com boa qualidade no palco, e P.A. do mesmo nível. Foram raras as ocasiões em que tivemos um equipamento ruim para trabalhar.

Geralmente eu usava amplificadores Fender, Hiwatt, e na pior das hipóteses, Duovox, uma linha de luxo da Giannini, que era incrivelmente boa. A banda tinha cacife para fazer tais exigências. 
E eram previstas em contrato, a especificar as nossas necessidades técnicas. Convenhamos, para um show das características que fazíamos, era imprescindível ter som e luz de qualidade, para a proposta da banda ser bem assimilada pelo público. No contrato, havia especificados três ou quatro marcas de amplificadores e caixas que seriam aceitas, para o contratante ter opções.
As raras vezes em que deu errado, foi por quebra de contrato, o que deixava o nosso empresário, uma pilha de nervos. E em relação ao P.A., a mesma coisa. Esse documento técnico chama-se, "Rider", além do "Input list", que sempre devem seguir, ambos, anexados ao "Mapa de Palco" (onde desenha-se a posição da banda no palco), e o "Mapa de Luz", onde o projeto de iluminação preparado pelo iluminador da banda, é especificado.
Continua...