sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 4 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues

Então, a estreia foi no dia 6 de novembro de 1979, com exatos 13 pagantes na plateia. No dia seguinte, 7 de novembro de 1979, uma quarta, tivemos 16 pagantes. Lembro-me que no segundo dia, o Tato, mostrou-se indignado com o pequeno público registrado na noite anterior, e assim foi distribuir filipetas na biblioteca anexa ao Teatro, para reforçar a divulgação e ali eu aprendi uma lição.
Isso porque ele pediu-me ajuda para entregar tais filipetas, e quando estávamos na biblioteca, a bibliotecária chefe perguntou-nos como havia sido a noite anterior, e eu respondi ingenuamente que havia sido "fraca". O Tato ficou bravo comigo e deu-me uma admoestação verbal depois, ao dizer-me que eu jamais deveria falar a verdade em uma questão assim. -"Para o artista, sempre foi maravilhoso... aprenda isso".

No terceiro dia, quinta, 8 de novembro de 1979, 23 pessoas pagaram ingresso. Aí na sexta-feira, dia 9 de novembro de 1979, ficamos animados por verificar que formara-se uma fila significativa na bilheteria. Foram 89 pagantes, segundo o borderô do teatro e como resultado prático, muito maior entusiasmo, com aplausos e assovios de uma plateia mais numerosa.


No sábado, dia 10 de novembro de 1979, quando pensamos que iria chegar ao clímax, apenas 55 pagantes compareceram. Já no domingo, dia 11 de novembro de 1979, 17 pessoas pagaram ingressos.

O show tinha uma musicalidade agradável. As canções eram boas, o Tato tinha uma ótima voz, e com técnica, visto ser professor de canto, entre outras atividades.
Mas seus trejeitos cênicos eram exagerados em alguns momentos. 

Não foi uma ou duas, mas várias vezes, flagrei pessoas a debochar em determinadas partes onde ocorriam tais excessos. Por exemplo, de última hora, às vésperas da estreia, ele resolveu acrescentar uma música do Gilberto Gil, chamada "Super-Homem, a Canção". Nesse tema, dava uma exagerada na performance, por motivos óbvios, para quem conhece o teor da letra dessa música. Outro ponto era logo na terceira música, onde simulava um strip-
tease, e ficava em cena a usar um figurino bem feminino.

Nada contra, inclusive a androgenia faz parte do universo de uma vertente do Rock que eu aprecio, o chamado Glitter Rock (ou Glam-Rock) dos anos setenta e se aprecio Bowie; Bolan & Cia, seria até contraditório ter uma visão machista / reacionária sobre tal intenção cênica, mas dentro de um outro contexto, era um tanto quanto diferente a concepção. Nós três da banda, achávamos exagerado, mas o show era dele, o que poderíamos fazer ?

Continua...

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