A energia era total nessa época, e foi assim com determinação e
obstinação por anos a fio. Sempre esforcei-me para manter intacta essa energia
nutrida nessa época, pois fora a minha força motriz.
Meus pais não tinham a
dimensão da importância que eu dava à essa meta nessa época, por isso não tinha
conflitos. Como não era rebelde e não cometia nenhuma
estripulia juvenil, eles achavam que esse negócio de banda e visual de hippie,
era uma fase, e que nos estertores da conclusão do curso colegial, e época de
vestibular, tudo passaria. O clima esquentou no entanto com meu pai, só entre
1979 / 1980. Em 1977 e 1978, as pressões eram mínimas, e tive paz de espírito
para desenvolver-me ao instrumento e sonhar com o sucesso do Boca do Céu,
apesar de que, ao examinar hoje em dia, a banda só evoluiria para valer, se os
cinco membros fossem cem por cento fechados nesse objetivo. Existem exemplos assim na História do Rock.
Mas o Boca do Céu
não tinha essa característica, a começar pelo baterista, Fran Sérpico, que não
alimentava o mesmo objetivo, Infelizmente. Dessa peneira, só eu e o Laert
persistimos mais incisivamente e o Osvaldo de uma maneira mais branda. Wilton
Rentero, soube pelo Laert (em maio de 2011), tornou-se professor.
Osvaldo toca em bandas cover até hoje, mas como hobby, pois trabalha em uma
indústria farmacêutica, e Fran Sérpico tornou-se um executivo (nota : retomei
contato direto com Fran Sérpico em 2012, através da rede social, Facebook, onde
aliás, ele disponibilizou duas fotos raras do Boca do Céu, e fez uma bonita
homenagem pública, a citar-me e ao Laert com muito carinho, ao dizer que tornamo-nos
músicos profissionais de fato e seguimos carreira).
Minha certeza era absoluta
e irreversível. O mesmo vale para o Laert. A diferença entre nós é que ele
nasceu artista, com um talento absurdo, e eu lutei contra a minha inabilidade
para tal. Não quero dizer com isso que o Laert não lutasse, muito pelo
contrário, sua determinação era ferrenha. Só realço que no meu caso, precisei
lutar também contra a minha inaptidão. Só tornei-me músico porque tive muita
força de vontade, visto que tinha talento "zero" para a música. Se eu tivesse
passado por um teste vocacional à época, certamente seria desestimulado a
tentar a carreira artística.
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