quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 16 - Por Luiz Domingues

Essa rejeição do riff nordestino, era fruto do radicalismo juvenil de Osvaldo e Fran. Não recrimino-os de forma alguma, pois haviam muitos rockers que eram radicais nesse sentido, durante os anos setenta. Era coisa de garotos que éramos em 1977, e no caso deles, por terem seu espectro de gostos musicais mais fechados, do que os demais. Eu era mais aberto, pois apreciava a MPB, via Caetano; Gil; Novos Baianos, entre outros, e portanto, estava mais acostumado à essa sonoridade.
Mas essa pequena crise logo dissipou-se, pois a música ficou muito boa. De certa forma, é a mesma fórmula que o Pedra seguiria em 2010, quando lançou "Queimada das Larvas nos Campos Sem Fim", onde existe uma parte “A”, bem calcada na sonoridade nordestina, e uma “B”, contrastando, com nítida pegada de Hard-Rock setentista. Além do mais, "Revirada" tornou-se rapidamente no nosso carro chefe, muito importante em festivais que participaríamos logo a seguir. 
Sim, considerando que era uma banda criada com músicos que estavam na verdade aprendendo a tocar, dá para louvar-se essa característica de diversidade, que atingiu em apenas um ano.
Claro, haviam desníveis. No início, só o Osvaldo sabia tocar um pouquinho e os demais eram estaca zero. Com a entrada do Laert, deu-se um salto de qualidade, com ele trazendo composições muito avançadas para o nosso nível baixíssimo de musicalidade. Isso fez-nos crescer, evidentemente.
E com a entrada do Wilton Rentero, que fazia aulas de violão clássico, o nível subiu ainda mais, puxando a banda para a frente. A questão da diversidade foi mérito do Laert, que enxergava na frente, sem dúvida. 
Continua...

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