Apesar dessa euforia toda pela profusão de
coisas que vivenciávamos à época, incluso os progressos da banda, havia um
ponto de preocupação. O nosso baterista, Fran Sérpico, demonstrava ser o músico da
banda que menos evoluía em comparação aos demais e isso era um claro reflexo de seu menor
entusiasmo.
Tal fator preocupava-nos, pois estávamos por dar o máximo de nós, e
ele parecia não ter a mesma energia, disposição. Mas enfim, sempre acabávamos
a relevar, ao atribuir a fatores escolares e / ou familiares. Sim, porque na idade
em que estávamos, essas questões norteavam o nosso livre arbítrio, ou falta de,
na verdade. Com exceção do Laert, que já caminhava para os seus dezoito anos de
idade, todos nós estávamos sujeitos às amarras familiares, e a banda corria
riscos em perder membros, em casos de mudança de humor de nossos respectivos
progenitores...
Mas, chegamos à conclusão de que no caso do
Fran Sérpico, não havia esse tipo de impedimento, mas sim uma certa apatia
pessoal da parte dele. Talvez apatia seja uma palavra muito forte.
Digamos que o entusiasmo dele tivesse uma graduação menor em relação aos outros
quatro. Dessa forma, convocamos o Osvaldo Vicino
para conversar sob forma reservada com Fran, que era seu primo e assim,
esclarecer o seu posicionamento.
Outro fato ocorrido nesse mês de maio, foi
que o Wilton Rentero mostrou-nos um som de viola, com nítida influência
nordestina, que havia composto. Na época, o Alceu Valença fazia sucesso com
seu disco ao vivo, que convenhamos, era (é) visceral e com “pegada de Rock”, visto
que sua banda na ocasião, era praticamente o "Ave Sangria" inteiro, uma ótima
banda nordestina de Hard-Rock, que mostrava-se um tanto quanto obscura no sudeste / sul do país,
mas que Rockers mais antenados, conheciam e apreciavam.
Infelizmente, o Osvaldo e o Fran rejeitaram
essa sonoridade, por radicalismos, mas sob votação, eu e Laert apoiamos o
Wilton. Desse riff de baião inicial, surgiu "Revirada", uma música com letra forte do Laert, a atacar a ditadura, ainda que com os devidos disfarces
metafóricos que havia aprendido a usar com Chico Buarque, principalmente.
E com uma parte "B", bem Rock'n Roll, composta posteriormente pelo Laert, eis que tornar-se-ia o nosso maior trunfo no repertório, nos meses seguintes.
Continua...
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