sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A Minha Casa não era o Mundo Inteiro - Por Luiz Domingues





Quando se tem poucos meses de vida estamos todos entretidos em observar tudo e a todos, como óbvia curiosidade de quem busca o entendimento do que representa a nossa própria existência.

Se nessa fase, mal sabemos quem somos e ainda mais que isso, o que somos exatamente, mas apenas sentimos conforto e desconforto a serem definidos pelo puro instinto, nós aceitamos a ideia generalizada de que o mundo é aquele conjunto de cômodos por onde os adultos nos conduzem o tempo todo e que demora um pouco para tomarmos consciência de que se chama: “casa”.
Mas um dia você sai à rua e descobre que existem outros locais e tudo fica ainda mais confuso. Pessoas aos montes, trânsito, ruas, ruídos em frenesi.

Você sente-se seguro porque está sob a custódia daqueles adultos  gentis que agradam-lhe e esforçam-se para dirimirem as suas angústias prementes, mas é muito confuso notar a presença de tantos Seres à sua volta e invariavelmente, estranhos. E ao ir além, assustador, também.
O mundo é bastante colorido, ao se observar as fachadas das construções, carros e as roupas das pessoas. E barulhento, também, certamente.
 
Seja lá o que faziam e eu tinha que estar sempre junto, quando um sentimento nasceu dessas saídas para a extensão do mundo que eu desconhecia: quando voltava àqueles cômodos conhecidos, a sensação era boa demais.
Começou aí provavelmente a sensação prazerosa de associar o “Lar” ao seu porto seguro, lugar para onde sempre sentimos alegria em retornar, mesmo quando a jornada empreendida fora dele, houvesse sido das mais satisfatórias.
 
Sim, o mundo mostrava-se gigantesco e eu nem poderia concebê-lo corretamente ali naqueles primeiros meses de vida. E mesmo que o fosses estimulante sob vários aspectos, não suplantava em nada a sensação de prazer e segurança adquirida pelo costume de estar entre aqueles cômodos conhecidos e acompanhados pelos rostos sempre sorridentes daqueles adultos que faziam tudo para resolver os meus problemas e agradar-me. 

Simples assim... 

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