sexta-feira, 8 de março de 2013

Autobiografia na Música - Terra no Asfalto - Capítulo 19 - Por Luiz Domingues


Ainda a descrever a banda que vimos a atuar no Victoria Pub, logo que chegamos ao palco principal da casa, eu não acreditei que estava por escutar, "Woman From Tokyo", do Deep Purple,  com um vocal tão sensacional. E a banda tocava com um swing funkeado a la Mark IV, da época do Tommy Bolin. Mas em contraste a isso, vou mencionar, caro leitor : foi desagradável ver essa formação do Terra no Asfalto, desmoronar-se dessa forma.
Todavia, era mesmo frágil a vida de uma banda cover, pois ali o comprometimento fora só para tocar e visar ganhar dinheiro.
Sem a vontade para vencer na carreira, como uma banda autoral, sempre norteia seus esforços, a estrutura de uma banda cover é oca, não tem química. Cada um só pensa em si, e abandona o barco por qualquer proposta de 10 "dinheiros" a mais que seja oferecido. Em uma banda autoral, o artista está a investir em si mesmo, no seu sonho, e por tratar-se de um sonho coletivo, sente-se irmanado, dentro de um espírito de fraternidade, formado por seus pares que buscam o mesmo. Não existe o fator do sonho para uma banda cover, e sonhar é fundamental para quem enxerga a música como um trabalho de arte, e não algo burocrático e meramente construído com a intenção exclusiva em ganhar-se dinheiro. Apesar disso, não quer dizer que não possa haver prazer em tocar, e que não haja amizade entre os componentes. O fato de não haver comprometimento artístico, certamente deixa tudo menos sólido, mas o clima pode ser amistoso, é claro. No "Terra no Asfalto", o clima sempre foi bom, independente das diversas formações que tivemos. Houve ao longo de sua história, uma ou outra indisposição por um motivo ou outro, mas nada muito conflitante, a não ser um fato que ocorreria logo no início da formação de dezembro de 1980 (que por sinal, tornar-se-ia a mais longa e sólida fase dessa banda). No próximo capítulo, falarei sobre os passos adiante do Terra no Asfalto.
Continua...

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