domingo, 4 de novembro de 2012

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 8 - Por Luiz Domingues


Então, sem dinheiro e sem parentes importantes, como dizia o Belchior, criamos uma embalagem inusitada para acompanhar a fita K7 : um saco de papel de supermercado, todo amassado e com um carimbo barato, onde colocávamos o nome da banda e da demo : "Língua de Trapo - Sutil Como um Cassetete". A manufatura desse material foi lenta. A reprodução das fitas ocorreu de forma caseira, feita na residência do Carlos Melo, que possuía um duplo deck; e a confecção das capas, xerocada e com o acréscimo de uma gravata feita com retalho, em forma de língua. Literalmente uma língua de trapo...


Programa do show "Solitário", do cantor, Pituco Freitas, realizado no Teatro Gazeta, em 8 de novembro de 1980 

Nesse ínterim, a encerrar-se aquela série de shows solos, desta vez foi o vocalista, Pituco Freitas, que resolvera apresentar-se. A banda que acompanhou-o foi mais elétrica, comigo no baixo; seu irmão Pitico Freitas na guitarra (ele tinha uma bela Gibson Les Paul, preta); Celso Mojola no piano; e um baterista chamado : Edson "Kiko". O show foi batizado como "Solitário", e foi realizado no Teatro Gazeta, em 8 de novembro de 1980, com um surpreendente público formado por cem pessoas, aproximadamente. 



Esse show ocorreu no inusitado horário das onze horas da manhã, e no mesmo dia, por volta das dezessete horas, o Língua de Trapo participou pela primeira vez de um programa de TV (sem contar o jornalismo da TV Bandeirantes, um mês antes). Tratou-se do programa, Dárcio Campos, da TV Bandeirantes e gravado no próprio Teatro Bandeirantes. Ele era um comunicador brega, que fazia uso de um bordão ridículo : "Geração Shanti", com a mão a gesticular uma saudação “vulcana” do Sr. Spock, do Star Trek...

Íamos ser submetidos a um júri, e para tal, defendemos a música "Tragédia Gramatical". Ao final, vencemos o outro concorrente por três a dois e o voto de Minerva foi da cantora, Elizabeth "Tibet". Seu comentário foi hilário : -"vou votar no Língua de Trapo, porque a letra deles é incrível, embora não diga absolutamente nada"...
Caímos na risada, imediatamente, mas acho que ela não percebeu a bobagem que havia dito. Nos anos noventa, eu já como amigo dela, contei-lhe essa história pitoresca, e ela mostrou-se surpreendida, por não lembrar-se de nada...



Continua...

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