domingo, 2 de dezembro de 2012

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 10 - Por Luiz Domingues

O último show do Língua de Trapo em que atuei, nessa minha primeira passagem pela banda, foi o do lançamento da fita demo, "Sutil como um Cassetete". Ainda haveria uma participação em Festival, a concorrermos, mas show mesmo, esse foi o último, dessa primeira passagem pela banda. Nesse show, de fato, estávamos a lançar a fita, mas as vendas começaram para valer só no início de dezembro de 1980, pois o processo de duplicação foi absolutamente amador e caseiro, e com o estouro surpreendente das vendas, tivemos que contratar um serviço profissional. Então nesse show, que ocorreu no dia 19 de novembro de 1980, eu já havia comunicado à banda que havia tomado a decisão em sair, e o músico / jornalista (na época, ainda estudante como todos nós, da mesma faculdade Cásper Líbero), Ayrton Mugnaini Jr. esteve presente, já a demonstrar ter decorado todas as músicas, para entrar na banda, a substituir-me.

Ayrton Mugnaini Jr., em uma foto mais ou menos da época em que substituiu-me no Língua de Trapo, no início de 1981, quando de minha primeira passagem pela banda 

Ele é um gênio musical, o sujeito com conhecimentos mais enciclopédico sobre a música em geral e o Rock em específico, que eu conheci na vida, tanto que tornou-se a seguir, um grande crítico musical, logo que formou-se como jornalista, a escrever em jornais de grande circulação; revistas especializadas e programas de rádio.
O show foi realizado em uma casa noturna chamada, "790", que todo mundo chamava como : "Sete-nove-zero", localizada no bairro do Itaim-Bibi, zona oeste de São Paulo. Tal apresentação, no entanto, obteve um público pequeno, com apenas trinta pessoas na plateia, mas tratava-se de um dia útil e além do mais, estava fora do circuito normal que o Língua de Trapo frequentava normalmente nessa ocasião, no ambiente universitário. Por quê eu quis sair ? Eu não gostaria de ter saído, essa é que foi a verdade...

                                          Laert Sarrumor

Eu gostava muito de fazer parte da banda, e tinha o sentimento de que apesar de não ter essa mesma criatividade e verve humorística, dos companheiros, eu fora ao lado do Laert, a mais remota semente da banda, plantada em 1976, no "Céu da Boca" / "Boca do Céu" / "Bouréebach". Entretanto, como estava a passar por sérios problemas pessoais devido às pressões familiares que impeliam-me a ter a obrigação em autoafirmar-me como músico, nesse sentido, desde 1979, paralelo ao Língua de Trapo, fiz vários trabalhos paralelos.
                                       Guca Domenico 

Então, chegou-se em um ponto onde eu percebi que tornara-se impossível não haver conflitos com choque de datas dos shows das duas atividades, no mesmo dia. Por priorizar um trabalho que rendia-me remuneração rápida, tive que sair do Língua de Trapo, com pesar. Sei que o Laert ficou chateado, afinal estávamos juntos na mesma luta, desde 1976, ao sairmoso do amadorismo total para algo que crescia, mas naquela ocasião, ficou difícil para as minhas combalidas forças, ante as necessidades prementes.

Continua...

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