sábado, 29 de dezembro de 2012

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 35 - Por Luiz Domingues

E se o leitor prestar bem atenção nos relatos de coisas paralelas à minha banda, verificará que o ano de 1977, foi recheado por eventos muito significativos, com shows, e efervescência cultural a estourar em outros ramos artísticos, apesar dos ventos do baixo astral que já sopravam na Inglaterra.


Capa do programa do Festival VI Fico, onde o Boca do Céu concorreu em duas eliminatórias, nos dias 7 e 14 de outubro de 1977 

No caso do FICO, tratava-se de um festival particular de um colégio chamado, Objetivo, mas tinha grande estrutura. As eliminatórias foram realizadas no salão de festas do Palmeiras, com cinco mil adolescentes ensandecidos na plateia; palco com P.A. e luz profissional; e artistas mainstream para fazer os shows, a cada eliminatória etc. Vou esmiuçar a seguir a nossa experiência em tal festival...

Para a nossa alegria total, classificamos duas músicas no Festival FICO. Tocaríamos "Diva" e "O Mundo de Hoje". Havíamos enviado outras músicas, incluso "Revirada", nossa maior aposta, e certamente a mais forte do nosso repertório, mas sabe-se lá por quê, as classificadas foram as que citei acima. O FICO, era um Festival colegial, mas muito badalado, por ter infraestrutura forte; com patrocínios; equipamento de nível profissional; eliminatórias realizadas no salão de festas do Palmeiras; com a grande final no ginásio do Ibirapuera; a presença da orquestra do maestro, Záccaro para acompanhar quem assim o desejasse; e artistas mainstream a fazer os shows de entretenimento, a cada noite.




Fomos tocar com aquele calafrio típico para principiantes, na primeira eliminatória, dia 7 de outubro de 1977. Lembro-me em chegarmos por volta das quinze horas, no Ginásio do Palmeiras, para o soundcheck, e ficarmos deslumbrados com o tamanho do palco; o equipamento, e o tamanho do salão, onde muitos shows de Rock e MPB aconteceram anteriormente, fora os tradicionais bailes de carnaval do clube. Passado o som com toda a rapidez peculiar com a qual os técnicos lidam com artistas desconhecidos, fomos esperar nossa vez de tocar. Foram horas a perambular pelas áreas permitidas dentro do Parque Antárctica, e quando abriram os portões para o público, deu aquela ansiedade, ao vermos aquela massa a entrar e rapidamente abarrotar o salão. Seguramente, havia cinco mil pessoas presentes. Era um público formado por alunos, com cem por cento de adolescentes dispostos a bagunçar a todo custo. Sabíamos que ao tocar bem ou mal, seríamos hostilizados só por conta do bullying natural que representava aquela experiência infanto-juvenil. Antes, assistimos o soundcheck dos artistas que apresentar-se-iam após os concorrentes. 



Naquela primeira noite, seriam "Os Originais do Samba" e com sua formação clássica, com Mussum, o trapalhão, na formação dos sambistas. Então, quando o festival começou, ficamos naquela expectativa para chegar a nossa vez. E os concorrentes anteriores já haviam sido bem hostilizados...

Continua.....

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