Agora, apesar de não ter sido um show com música autoral, pela primeira vez, vi um teatro lotado à minha frente e com um público enlouquecido, do começo ao final. Claro... fora a tal história em usufruir-se do sucesso garantido de outrem, portanto, uma comodidade a diminuir bastante o nosso mérito.
E o Tato encaixou-se muito bem no esquema. Ele era um pianista muito bom e tinha dotes vocais. Tanto que orientou Paulo Eugênio e Wilson, ao comandar a ambos em ensaios prévios a organizar a harmonia vocal, principalmente nas músicas dos Beatles, que saíram muito bonitas em trio, com ele, Tato a fazer a terceira voz.
A expectativa foi ótima no camarim, desde a passagem do som, quando sentimos a estrutura boa que o teatro possuía. Foi o primeiro show do Terra no Asfalto sob condições técnicas superiores, pois éramos uma banda cover acostumada aos palcos minúsculos e escuros de casas noturnas, tão somente.
E melhorou ainda mais quando percebemos que o teatro estava a lotar, por ouvirmos o murmúrio do público. A orientação expressa da direção da escola, foi para falar-se em inglês, o tempo todo. Para tanto, o Paulo Eugênio foi avaliado previamente sob um teste de conversação ministrado por professores da escola, e em sua cúpula, formada por britânicos. E o Tato esteve tranquilo. Tocou e cantou muito bem, pois estava a divertir-se, e sem as pressões inerentes a produção em torno dele, como na sua carreira solo. Dessa forma, descompromissado, com casa cheia e cachet garantido, o astral não só dele, como de todo mundo, ali envolvido, foi ótimo. Só não foi melhor por ser uma apresentação cover. Se fosse música autoral, teria sido ainda melhor, certamente. E um dado interessante e motivador em minha percepção pessoal : eu usei nessa apresentação, uma caixa emprestada pelo amigo, Roatã Duprat, acoplada à minha caixa original do amplificador, Giannini "Tremendão". Parecia uma caixa Snake ou Palmer, mas não havia placa de identificação da fábrica, mas sim um grafite do qual orgulhou-me bastante.
Tratou-se do logotipo da banda setentista "O Terço", e sim, aquela caixa houvera pertencido ao baixista, Sergio Magrão, que a vendera ao Roatã. Foi significava o bastante em meu caso particular, como afirmação pessoal, por ser um símbolo setentista presente ali comigo no palco, a interagir diretamente em minha performance. Sim, esse show marcou-me bastante, pois a rigor, foi a primeira vez que fiz um show de Rock sob um teatro lotado, e com público em frenesi.
E justamente pelo fato dos alunos não comportarem-se como se estivessem em sala de aulas, é que a cúpula da Cultura Inglesa abortou o projeto, pois o plano inicial seria o de uma série de shows pelas unidades em diversos bairros. Como tornou-se show de Rock e não aula, perdemos a "oportunidade", e assim ficamos somente com a apresentação em Campinas, mantida, e quando eu comentar essa passagem, ficará explicado o por quê dessa apresentação na cidade de Campinas não ter sido cancelada.
E tanto deu certo essa nova formação da banda, que o Paulo Eugênio animou-se e marcou uma data no Bar Le Café, para alguns dias depois. Como era uma casa nova, e ainda sem alvará para funcionar, a dona pediu para fazermos uma apresentação acústica.
E lá fomos nós, sem o Luis Bola que recusou-se a participar apenas a tocar percussão, no uso de instrumentos com sonoridade leve. Com o Paulo Eugênio a suprir a percussão (ele pilotava bem o pandeiro de samba; pandeiro meia-Lua; bongô; Cowbell e instrumentos de efeitos), tocamos, com a minha participação ao baixo (o único elétrico, ali), Gereba e Wilson nos violões, e Tato Fischer ao piano. Infelizmente, apresentamo-nos para um público reduzido, com menos de dez pessoas, presentes.
Mas havia a perspectiva de mais um show garantido na Cultura Inglesa, na cidade de Campinas. Nesse show, cuja data ocorreu no dia 26 de abril de 1980, sabíamos de antemão que apresentar-nos-íamos em num espaço mais tímido, e com volume controlado.
Quanto ao "Le Café", esse bar que ficava na Alameda Lorena, em Cerqueira César (perto da Av. Paulista), seria a nossa porta de entrada para o início da melhor fase do Terra no Asfalto, que só ocorreria alguns meses depois, em dezembro de 1980. Chego lá, no momento devido da narrativa, logicamente.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário