E tais ensaios acústicos foram no apartamento do Aru Junior, na Vila
Mariana, zona sul de São Paulo, e curiosamente, muito perto de onde eu
moro hoje em dia (escrito em 2011, mas permaneço no mesmo endereço, em 2013...). Tenho logo de início, uma história curiosa sobre esses ensaios. Certo dia, eu estava a dirigir-me do bairro das Perdizes, onde a maioria dos componentes do
Terra no Asfalto moravam, para a Vila Mariana, mediante o uso de um ônibus,
acompanhado do Wilson.
Na metade da Av. Paulista, a conversa engrenou
sobre a derrocada do Rock Brasileiro, visível em 1980, com a extinção
da maioria das bandas setentistas. Falávamos em tom de lamento, e
na altura da estação Paraíso do Metrô, percebemos que um rapaz negro, que
estava sentado no banco da frente, estava a prestar atenção na nossa
conversa. Ele não conteve-se e virou-se para interagir em nossa conversa. Não o reconheci
em princípio, mas assim que identificou-se...
Ele também não estava em uma situação confortável, pois estava a sobreviver a executar covers pela noite, também. Mas a conversa não teve maior prosseguimento, pois quando ele abordara-nos incisivamente, nós já estávamos na altura da estação Paraíso do Metrô. Nós descemos no ponto da Galeria San Remo, ou seja, apenas três pontos adiante. Infelizmente foi só isso mesmo. Despedimo-nos, desejamos-lhe boa sorte, e fomos embora para a residência do Aru Junior. Só fui ter notícias do Pedrinho novamente, em 1983. Ele estava a tocar com um Power Trio bem "Hendrixiano", chamado "Trip". Não lembro-me quem eram os outros músicos, mas lembro de tê-los visto em uma edição do programa de TV, "A Fábrica do Som". Algum tempo depois, vi anúncio de shows em danceterias (em 1984), e nada mais. Mas a banda não prosperou, pois mostrava-se como um trabalho anacrônico. Fazer Acid Rock sessentista em 1983, foi um caminho aberto para receber uma saraivada de balas da "intelligentzia" reinante à época, com a maldita mentalidade niilista de repúdio ao passado...
Muitos anos depois, fui ver um show "reunion" do Som Nosso de Cada Dia, no Centro Cultural São Paulo (em 1994). Algum tempo depois (1995), ele faleceu.
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