Pode parecer bobo, ingênuo até, mas achávamos que esse festival poderia ser um marco para a carreira da banda, pois deu-nos a impressão de que fora um fruto da ascensão nítida que estávamos ter, por vários fatores já elencados anteriormente nesta narrativa. De fato, o foi mesmo, se considerarmos que talvez não fôssemos escalados, caso não estivéssemos nesse "momentum" significativo. No sábado, no entanto, as atrações que circundou-nos, não foram de grande relevância para aquele panorama. Lamentamos, pois queríamos ter sido escalados em um dia que estivéssemos acompanhados de Lobão & Os Ronaldos; Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e outros nomes da crista da onda etc.
Todavia, foi clara a intenção do Festival em agrupar bandas emergentes, portanto ainda não consagradas, e indo além, o fato de ter-se pensado no sábado, supostamente um dia nobre, como o dia para esse tipo de bandas com menor apelo de público, só pode ter sido por um motivo : o fato das bandas consagradas estar com agendas lotadas... portanto, nessa hora, lembrei-me do baterista Daniel, do Metrô, que dissera-me na noite anterior, que no sábado, a sua banda iria tocar em Salvador, para voltar ao Rio, no domingo, para visar gravar o programa do Chacrinha... então, estaríamos acompanhados de : "Gato de Louça"; "Vento Sul", e Luciano Alves.
O único conhecido em minha avaliação, foi o tecladista, Luciano Alves, que eu tinha vivo na lembrança, pelo fato de ter sido o último tecladista dos Mutantes. Mas a questão, foi : o que estaria a produzir agora ? E no meio do turbilhão oitentista, eu só podia esperar pelo pior, ou seja, um som decepcionante; modernoso e pleno de carga Pós-Punk.
Fomos bem tratados no soundcheck, e quando saímos do palco, a banda de Luciano Alves chegou para passar o som. Assistimos um pouco a passagem de seu som, antes de partirmos para o hotel, em que hospedar-nos-íamos ali perto, na Lapa mesmo. Pelo pouco que vi, até surpreendi-me, pois não era nada radicalmente modernoso como eu esperava. Pelo contrário, apesar de parecer algo Pop, com intenções comerciais / radiofônicas, apresentava elementos do Rock'n Roll tradicional, em linhas gerais. Enfim, dos males o menor, não tocaríamos com "replicantes" saídos dos filmes : Blade Runner ou Mad Max, algo tão comum naqueles dias sombrios...
O lado ruim, internamente a mencionar, foi que o Chico Dias chegara ao Rio, com um mau humor insuportável. Infelizmente ainda não recuperara-se dos aborrecimentos da semana anterior, e ao invés de estar feliz por estar a conhecer o Rio, e prestes a cantar no Circo Voador, um espaço badalado na cidade, em meio aos maiores artistas do BR Rock 80's (ao falar em termos do Festival inteiro e não especificamente sobre os artistas escalados para o dia), ele estava com o semblante fechado, a pronunciar poucas palavras, e a não demonstrar nenhum entusiasmo por tudo o que citei acima. Bem, não tínhamos tempo para contratar um psicólogo, e sendo assim, só restara-nos ter um tato mínimo para não piorar o clima, e com isso, tal mau humor, não atrapalhar a performance da banda. Só faltava-nos mais essa, em um momento desses...
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário