sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 15 - Por Luiz Domingues

Foi evidente que contamos com o apoio de amigos nessa empreitada. O Júnior arrumou um patrocínio para bancar o serviço do "lambe-lambe", com um futuro candidato a vereador. 1999 não foi um ano com eleições municipais, mas esse candidato a candidato, queria popularizar o seu nome previamente, e assim forjar a sua imagem como um incentivador de artes em geral. Então, tornara-se comum ver o seu nome vinculado a shows musicais; teatro, e outras atividades artísticas. 
Os cartazetes e filipetas foram impressos por nós mesmos. A internet já tinha um certo peso nessa época, mas nós praticamente não a usamos. Não havia redes sociais de massa, como hoje em dia. Rádio e TV eram impossíveis. Desde meados dos anos noventa, já não havia programas da TV aberta  dispostos a agendar bandas de fora dos esquemas escusos do jabá. Dessa forma, com poucos cartazetes e filipetas, cobrimos o circuito óbvio do Rock em São Paulo, como a Galeria do Rock e as lojas de instrumentos da Rua Teodoro Sampaio. E filipetamos saídas de shows de Rock. 
Lembro-me de levar alguns amigos e alunos para filipetar um show da banda Heavy-Metal, "Angra", no Palace, uma casa de shows em Moema, zona de sul de São Paulo. Um ex-aluno meu estava a filipetar um dos flancos da rua, de onde o público saia, quando um garoto pegou a filipeta, e disse-lhe com escárnio : -"Patrulha do Espaço ? Isso é do tempo do meu avô"... lidar com esse tipo de preconceito tolo era normal, e ainda por cima ao analisarmos esse público do Heavy-Metal, que parece ser obcecado pelo conceito do "datado". Como se música fosse um remédio, e tivesse data de validade...

Outra ação engraçada, foi realizar entrevistas em programas de Rádio comunitárias. Foi o que esteve ao nosso alcance. Lembro-me de uma rádio no Tatuapé, zona leste de São Paulo, cujo contato era um boliviano, dono de uma banca de jornais. O rapaz mantinha o apelido sugestivo de : "Bolívia". Era um índio Hippie, com cabelo na cintura, uma grande figura.
Até aí, nada demais. Entretanto, a entrevista transcorreu sob um clima de filme policial, com o endereço sendo mantido em sigilo até quando os seus responsáveis confiaram em nós, e no dia em específico, o clima foi sob apreensão, pois essa rádio já havia sido lacrada pela Embratel, diversas vezes. Foi engraçado, mas o resultado para nós foi nulo, pois o alcance limitadíssimo de uma estação pirata, não despertou interesse algum que soma-se aos nossos esforços e anseios. 
Continua...

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