sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 16 - Por Luiz Domingues

Não lembro-me mais o nome dessa rádio. Mas fora algo absolutamente insignificante, mesmo. Uma pena, pois a boa vontade em ajudar foi total, da parte de seus mandatários. Em relação às filipetas no show do Angra, tratou-se do show mais próximo em termos de público, que houve nos dias em que antecedeu o nosso espetáculo. Também acho que não valia a pena, mas entre "filipetar" para o público do Angra, ou da Ana Carolina, ou pior ainda, artistas brega, foi preferível o Angra. 

Ineficaz, é claro. Eu sempre procurei comandar equipes de divulgação com uma logística, e um foco definido. Nesse caso, foi uma tentativa para aproveitar o cenário menos ruim. Foi o melhor que tivemos na ocasião, ainda mais se pensarmos sobre a nossa infraestrutura, mediante os nossos parcos recursos financeiros.

Quanto aos meninos, eles não mostravam-se deslumbrados, de forma alguma. Estavam felizes, mas não havia nenhum exagero em sua postura cotidiana. O período entre a divulgação e o primeiro show, foi bom, com exceção da semana do show, pois uma onda de intempéries assolou-nos nesses dias terríveis que antecederam a data de nosso primeiro show. Por conta disso, faltou pouco, para que o show fosse cancelado. Começamos a semana felizes por ver Lambe-lambes com nosso show anunciado, mas dois fatos terríveis aconteceram. O show ocorreria no sábado, dia 14 de agosto de 1999.

Na quarta-feira anterior, fomos surpreendidos com a notícia de que o Marcello sofrera um acidente automobilístico, ao vir da faculdade onde estudava, para a sua casa. Ficamos apavorados, mas apesar do carro ter tido perda total, ele sobreviveu, e não teve nenhuma contusão séria, apenas a apresentar um quadro clínico a revelar dores nas costas, pois o caminhão que o abalroou, o atingiu pela traseira. Ele estava parado no semáforo, quando ouviu o barulho de um caminhão a frear e a seguir, colidir. O seu carro apresentou perda total.

Quanto ao seu estado de saúde, após exames, o médico constatou tratar-se de apenas hematomas e o liberou. Todavia, pensávamos em cancelar, pois o susto havia sido enorme. Porém, no dia seguinte algo pior aconteceu. Recebi um telefonema do Júnior, desesperado, pois um problema sério de saúde ocorrera com um familiar seu. Prefiro não entrar em detalhes para não expor ninguém desnecessariamente. Digo apenas, que foi algo ainda mais dramático do que o acidente do Marcello. 

O ensaio de sexta, convocado para dar o último apronto, foi realizado só por eu, Luiz e os garotos, pois o Júnior realmente não apresentara condições para comparecer, entretido que estava em assistir o seu ente querido no hospital. Tememos que ele não pudesse ir fazer o show no sábado, e até a hora para reunirmo-nos para ir ao salão, pairou essa dúvida. E assim, o clima ficou pesadíssimo para a estreia, ou seja, algo diametralmente oposto ao que eu sonhara desde a criação do projeto Sidharta, quando formatamos essa banda, e esse repertório. No próximo capítulo, falo do show...

Continua... 

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