domingo, 31 de agosto de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 19 - Por Luiz Domingues



O nome desse técnico era Thales de Meneses, um freak que seguia a nossa ideologia contracultural, e era tecnicamente, bastante competente. Sendo assim, quando começamos a levantar a equalização da bateria, logo percebemos o seu apuro na timbragem dos instrumentos. Passados todos os instrumentos, fomos tocar "Sexy Sua", para testar o retorno, e estava um primor ! É muito raro na condição de estar a trabalhar com um técnico estranho, obter um som dessa qualidade. Essa condição geralmente só é obtida se o técnico acompanha a banda em todos os shows e acostuma-se com a sonoridade e necessidades da banda. Mas esse Thales surpreendeu, pois o som do palco estava sensacional. 
 Essa foto é de um ensaio no estúdio Alquimia, em maio de 1999


O problema técnico que eu mencionei anteriormente, deu-se pelo fato de que somente havia uma mesa, e ela comandava o P.A e o retorno simultaneamente. O correto em qualquer espetáculo musical e não apenas shows de Rock, é ter duas mesas, com direcionamentos diferentes. Uma comanda o P.A., ou seja, o som que chega ao público, e a outra comanda o monitor, portanto, o som que o artista ouve no palco para poder guiar-se. Nesse caso, com uma única mesa a operar as duas funções pelo mesmo técnico, não mostrou-se uma situação ideal e para agravar-se tal ocorrência, a mesa estava posicionada atrás das caixas do P.A, ao nosso lado no palco !
Conclusão : o técnico não tinha condições humanas para checar na hora do show, em que situação estava a trabalhar a mixagem no P.A. Ele equalizou durante a passagem do som, mas na hora do show, ficou preso na mesa, só a ouvir o som do palco. Isso não caracterizou-se como sua culpa, diretamente, mas uma decorrência da estrutura da casa. Satisfeitos pelo soundcheck, fomos arrumar os últimos detalhes da ornamentação e resguardarmo-nos no camarim, à espera da hora do show.

Como primeiro show, foi a primeira vez que preparamos toda aquela ambientação em torno de ícones 1960 / 1970, com a qual eu sonhei desde que formei o Sidharta em 1997, mas na verdade, foi o resgate do sonho primordial e acalentado na minha adolescência, vivida na década de setenta, mas indevidamente atrapalhada pelo fato de eu ter mergulhado na música, em um momento em que essa estética estava a ser finalizada, atacada violentamente por detratores, e apoiada pelos marketeiros de plantão, a trabalhar para fomentar interesses antagônicos.

Portanto, foi bastante emocionante para a minha percepção em particular (e sei que para o Junior, também), preparar o palco com todos aqueles ícones visuais e até olfativos, vide o enorme número de incensos que fez com que o show tivesse o perfume dos grandes Concertos de Rock de outrora. 

Tínhamos um concorrente à altura naquela noite : por irônica coincidência, "O Terço " estava a concretizar um show de "volta", também . E para piorar, em um salão de Rock concorrente do Fofinho Rock Club, onde tocaríamos, e localizado na mesma Avenida Celso Garcia, distante penas três Km dali. Eles iriam tocar no salção "Led Slay". Isso evidentemente atrapalhou um pouco a nossa vida, ao dividir o mesmo público em potencial. Sem "O Terço" tão perto, talvez tivéssemos atraído um público maior.

Continua...

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