quinta-feira, 10 de julho de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 133 - Por Luiz Domingues

Dessa forma, o show mais próximo em questão, realizou-se ao ar livre, na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, em frente ao teatro Lira Paulistana. Foi parte do show de lançamento de um livro chamado: "Das Tripas, Coração" do escritor, Dau Bastos. Cerca de trezentas pessoas estavam presentes, e não havia nenhum nome forte que tivesse tocado no mesmo dia. A maioria das bandas que ali apresentou-se, eram de pequeno porte, ao não despertar a minha atenção, nem como possivelmente emergentes. Isso ocorreu no dia 12 de agosto de 1984. 
Foi um show de choque, naturalmente, e lembro-me de termos tocado músicas óbvias para esse tipo de apresentação rápida, tais como: "Luz" e "18 Horas". Ainda em agosto de 1984, realizamos mais duas apresentações no formato do Power-Trio, antes de promover a estreia oficial do vocalista gaúcho, Francisco Dias, vulgo "Chico Dias". O próximo, inclusive, seria um a ser realizado no interior de São Paulo, na cidade de Vinhedo, bem próxima da capital, e no meio do caminho para Campinas. 

Foi em uma casa noturna, que propunha-se a seguir a moda oitentista das "danceterias". Chamava-se: "Scalla", e era localizada no centro daquela simpática cidade interiorana. Instalada em um casarão típico do interior, e adaptado de residência para casa noturna, tinha esse charme extra, mas claro, deixava a desejar na infraestrutura para abrigar shows de Rock. O fato, é que no calor dos acontecimentos, toda a "aura" de danceteria, na verdade, ficava mesmo evidenciado tratar-se de um clássico bar, a apresentar um palco minúsculo, luz e P.A.deficientes, ausência de um camarim, etc. 

Esse show foi um pouco tenso, contudo. Isso porque o contratante não informou-se corretamente sobre o nosso trabalho e dessa forma, ao esperar que tocássemos covers do Br Rock oitentista, irritou-se com nosso repertório autoral, e intragável para um público incauto.

E pior, fomos um pouco hostilizados por "playboys" interioranos. E o motivo foi outro, fora da questão do mal-estar gerado por não tocarmos músicas conhecidas. O fato, foi que alguns ali presentes,  se contrariaram por notar que algumas meninas estavam entusiasmadas conosco, mais pelo fato de sermos cabeludos, coisa rara naqueles tempos oitentistas, e sobretudo por sermos da capital. 
Então, entre uma música e outra, alguns insultos foram proferidos e mesmo assim, levamos adiante sem nos abalarmos, pois aceitar a provocação seria o comportamento que desejavam, certamente. Ficou nisso, mas curiosamente, duas semanas depois, enfrentaríamos o mesmo problema, em outra cidade interiorana e dessa vez, o imbróglio foi mais sério. Narro sobre isso, na cronologia oportuna. 

E ainda a falar desse show na danceteria, "Scalla", eu, particularmente fui hostilizado quando fui me trocar no banheiro coletivo da casa, único lugar onde fora possível promover tal arrumação, na ausência de um camarim decente. Muitos "playboys" ironizaram o meu visual Rocker e a questão ali não foi a típica confrontação de oitentistas contra rockers sessenta-setentistas (prática normal naquela década), mas por pura ignorância mesmo, estilo velha guarda, ao hostilizar por eu ter cabelo comprido. 

Oitocentas pessoas mais ou menos, estiveram presentes, e certamente não entrou para a história da banda como uma de suas melhores apresentações, apesar do cachet ter sido bom, único ponto
positivo, nesse dia 18 de agosto de 1984. 

Continua... 

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