segunda-feira, 21 de julho de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 149 - Por Luiz Domingues



O telefonema atordoou-me : uma mudança repentina de planos da família do Zé Luiz, ocorrera, e agora, os seus familiares haviam resolvido passar o fim do feriado na casa de Itapecerica da Serra. O casal ali alojado precisava deixar a residência imediatamente, e arrumar onde ficar nos próximos dois dias. Alguma sugestão ? A única ideia que surgiu, foi a minha vaga lembrança de que o Hélio, aquele garoto que era aspirante a roadie d'A Chave do Sol, havia mencionado que sua casa estaria disponível, pois os seus pais e irmãs haviam viajado ao litoral, e ele estava sozinho no sobrado. A minha ligação com ele era tênue, pois o conhecera há pouco tempo, e a ligação, fora pelo fato de eu ter namorado muito rapidamente, uma de suas irmãs, chamada : Débora. 

Ele empolgou-se em ser o "meu cunhado" e mais que isso, embrenhar-se assim no mundo do Rock, que era o seu sonho. Até aí, tudo bem, dei-lhe essa oportunidade, mas o meu namoro com a irmã dele foi curto, não prosperou e portanto, eu não achava que tinha toda essa liberdade para pedir um favor desses, mesmo sendo um oferecimento que partira dele mesmo. Por outro lado, ele também havia estabelecido amizade com o Chico Dias, e estava solidário ao fato do gaúcho estar s sofrer para adaptar-se à pauliceia etc. Bem, incontinente, liguei para o Hélio e mesmo ao tirá-lo da cama, comuniquei-lhe os fatos e solicitei a casa oferecida, ao lembrar-lhe sobre a sua própria oferta espontânea, anteriormente estabelecida. 

Ele aceitou imediatamente ajudar o casal e mediante novos telefonemas, fizemos toda a logística de tirá-los de Itapecerica da Serra e realojá-los na Vila Industrial, um subdistrito do bairro do Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo. Para quem não conhece São Paulo, dou um exemplo metafórico : é como estar em Mercúrio, e querer ir à Saturno. Bem, cerca de três horas depois desses telefonemas todos, finalmente fui receber o casal na plataforma da estação Tatuapé do Metrô. Ali encontrei-me com o Hélio, que os levou para a sua casa, ao ter ainda que usar um ônibus, no terminal acoplado à estação. Estavam com semblantes a ostentar o cansaço acentuado e contrariados com tudo isso. Claro que posso imaginar o quanto isso estava a revelar-se desagradável para ambos, embora, por outro lado, nós estávamos a fazer o possível para ajudá-los nessa situação e convenhamos, não tínhamos culpa pela falta de uma estrutura com acomodação melhor...


Continua...

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